A AL Puxadores e Ferragens é uma empresa familiar, que nasceu de uma vidraçaria, que por sua vez foi oriunda de uma fábrica de aquários, mais de 25 anos atrás. A experiência como vidraceiros e pensamento visionário voltado à fabricação da família Del Olmo colocou a empresa em um patamar de destaque e criou um marco divisório no mercado de ferragens para vidro com o desenvolvimento pioneiro de peças em polímero. Na época, a meta era processar uma tonelada de plástico mensalmente, mas, logo no primeiro mês, a AL – iniciais da matriarca Ana Lucia- vendeu duas toneladas e hoje consome 50 toneladas de polímero todos os meses.
Sua estrutura também cresceu bastante para acompanhar a demanda. A empresa que iniciou suas atividades com apenas um equipamento pequeno deu lugar a uma fábrica com doze máquinas injetoras de capacidades entre 220 a 500 toneladas de pressão fechamento, que possibilitam uma produção de 25 a 28 mil peças por dia somente de ferragem de polímero. Max Del Olmo conta essa trajetória construída por uma série de inovações que fazem hoje da AL Puxadores e Ferragens uma referência em seu segmento de atuação.
CONTE SOBRE O INÍCIO DA TRAJETÓRIA DA EMPRESA.
Meu pai – Max Del Olmo Le Leuxhe – teve por muitos anos uma fábrica de aquário, onde apenas cortava e lixava o vidro. Como na época era difícil conseguir o vidro, pois era um mercado muito fechado e não havia essa facilidade de hoje, ele resolveu abrir uma franquia da Santa Marina para ter acesso às chapas de vidro. O trabalho foi dividido da seguinte forma: Eu fiquei responsável pela fábrica de aquários e meus irmãos e meu pai à frente da vidraçaria. Mantivemos um tempo ambos, mas, percebendo que o mercado de vidros era um bom ramo, ficamos somente com a vidraçaria.
E QUANDO PASSARAM A PRODUZIR?
Meu pai sempre teve indústria e muito conhecimento na área metalúrgica. Trabalhávamos com várias construtoras e escritórios de arquitetura, que sempre solicitavam puxadores de vários tipos, medidas e materiais. Sentindo uma carência no mercado, que não oferecia uma variedade de puxadores, passamos a produzir – assim surgiu uma pequena fábrica, primeiramente só de puxadores, a AL Puxadores – e vender para empresas como a Acav, Galpão do Vidraceiro, Map, entre outras que foram e são até hoje nossos clientes.
COMO SURGIU A IDEIA DE FAZER FERRAGENS EM POLÍMERO?
Em 2003, meu pai teve de repente um estalo. Pensou que, assim como os canos antigamente feitos de metais agora eram feitos de plástico, o mesmo poderia ser feito com as ferragens. Então, pesquisamos junto aos fabricantes qual a resistência mecânica de uma ferragem de plástico. Uma tia, irmã de meu pai, tinha uma empresa de pigmento para plásticos, e abriu as portas de seu laboratório, pois para fazer os testes demandaria muito investimento.
A ideia foi muito bem planejada e calculada, com todas as pesquisas e testes necessários, fizemos todas as análises, pois não podíamos errar devido ao alto investimento, que demandou tudo que tínhamos na ocasião. Tudo que sobrava na vidraçaria depois de pagar as contas, durante dois anos, foi para este investimento. Fizemos uma por uma. A AL foi a primeira a trazer uma técnica de injeção, e um novo material: o polímero. Fomos pioneiros, antes eram só de latão, não era nem de alumínio, nenhuma empresa injetava. Foi uma inovação criada por vidraceiros para vidraceiros.
O que inicialmente foi feito apenas para atender a nossa vidraçaria, acabou sendo comercializado na região – no ABC, área metropolitana de São Paulo. No dia 14 de março de 2005 iniciamos o atendimento em todo o Brasil, e começamos uma nova era no mercado das ferragens. Foi assim que nasceu a AL Puxadores e Ferragens. Já ouvimos em vários lugares: “o mercado das ferragens tem dois períodos, um anterior à AL e o pós AL.
O MERCADO JÁ NO INÍCIO ACEITOU BEM UM MATERIAL NUNCA UTILIZADO?
Na verdade o mercado era tão carente de inovação que algo simples se tornou um sucesso, e o fato de ser de plástico foi secundário. Era diferente de tudo que havia antes, seu design e facilidade, com a cortiça colada, com peças que vinham na caixinha, embaladas uma a uma. As pessoas testavam mesmo não acreditando no plástico e então percebiam que era bom e se apaixonavam pelo produto. Hoje é uma tendência no mercado. Acredito que dentro de dois anos, 80% das ferragens serão de polímero, pela qualidade, beleza e rapidez na produção.
O polímero tem muitas vantagens: não oxida; por ser injetado pode ser moldado e traz uma uniformidade e acabamento muito melhor; proporciona um volume de produção maior; e já sai pronto para pintar (não precisa lixar e dar acabamento como a de alumínio e latão). O plástico não degrada, não acaba, essa também é mais uma vantagem. É tão resistente quanto o latão, zamac e alumínio. Não utilizamos plástico reciclado, pois compromete a qualidade, já que você não sabe a procedência do material e ele pode estar contaminado.
Com o polímero sendo uma nova opção de matéria-prima para a fabricação de ferragens, nos preocupamos muito com a procedência, pois existem vários tipos, qualidade e fornecedores de polímero. Hoje em nosso processo utilizamos matéria-prima de primeira, fornecida por empresas que nos dão garantia da qualidade e exigem que seu processamento seja feito dentro de um padrão, uma norma.
COMO ACONTECEU A AMPLIAÇÃO PARA OUTROS PRODUTOS?
Fomos expandindo, desenvolvemos o kit engenharia para instalação de portas e janelas, e assim fomos crescendo por estágios, degrau a degrau, pensando sempre em fazer um produto que atenda aos vidraceiros. Hoje nosso distribuidor tem a condição de em uma única fábrica comprar os principais itens de uma loja, sendo eles: puxadores, ferragens, kit box, kit engenharia e barras como tubos, cantoneiras e diversos itens para instalação de 8 e 10 mm. Nossa experiência como vidraceiros nos deu conhecimento para entender as necessidades do mercado. E buscamos sempre fazer melhor a cada dia. Em todo produto idealizamos algo para facilitar a vida do profissional. Onde todos veem uma dificuldade, nós vemos uma oportunidade.
Até hoje somos exclusivos com os diferenciais que apresentamos. Exemplos: encaixe de capa/trilho; “cortiça” de elastômero injetada na cor e colada na ferragem – antes precisava colar e esperar secar para poder instalar; fomos os primeiros a colocar cada peça em uma caixa, embalada uma a uma e codificada; o parafuso não quebra; e a porca e parafuso são embutidos na peça. É uma história de inovação. A AL se tornou uma empresa que dita padrões de mercado, criamos e outras empresas acabam indo atrás. Não enxergamos isso como algo ruim, temos na verdade orgulho disso, porque todas as empresas e o mercado acabam sendo melhores, evoluindo uns com os outros.
QUAL É HOJE A ESTRUTURA DA EMPRESA E SUA CAPACIDADE PRODUTIVA?
Começamos com seis funcionários e temos hoje 356. Temos funcionários da época que fabricávamos aquário, eles cresceram com a AL e hoje são pilares de nossa empresa. Vou citar alguns em agradecimento a todos que colaboraram e acreditaram em nosso projeto: Cristiano, Diego, Ladislau, Armando e os nossos primeiros vendedores, o Walter Rodrigues e o Alex Roque . Eles enfrentaram o desafio de vender um produto no qual ninguém acreditava. O Alex até montava para mostrar ao cliente que o produto era bom e o Walter chegou a pagar do próprio bolso para receber depois, somente se o cliente gostasse. Graças a Deus isto tudo deu certo e hoje chegamos aqui.
Eu fico na parte administrativa e comercial com minha mãe, fiz cursos de gestão para estar preparado para a função. Meu pai e irmãos ficam na fábrica. Temos atualmente três plantas fabris, a fábrica de puxadores onde tudo começou, a de ferragens e uma nova de extrusão e pintura de alumínio com capacidade média de 350 toneladas para produção de kit engenharia e kit box e perfis em barras. Preferimos produzir tudo para garantir a qualidade e não depender de terceiros.
A AL REVOLUCIONOU O MERCADO DE FERRANGES. O QUE FALTA PARA ESTE SEGMENTO AVANÇAR AINDA MAIS?
É preciso normatizar, há norma para o vidro, mas para a ferragem que segura e suporta tudo, não tem. É muito importante para o mercado. Estão sendo feitas as primeiras reuniões na SIAMFESP seguindo as normas da ABNT. Estamos empenhados em colaborar e já estamos com nossas peças em ensaios de ciclagem no laboratório ITEC, de acordo com as diretrizes da comissão de estudos.