A arquitetura holandesa é reconhecida por sua singular capacidade de integrar e adaptar as tendências internacionais às características de suas cidades, onde normalmente o velho e o novo coexistem em perfeita harmonia, misturando diferentes estilos e épocas. Abrigo de uma infinidade de arrojados projetos e ousados arquitetos, que não hesitam em testar tecnologias, materiais, formatos e soluções inusitadas, a Holanda tornou-se referência na área e seus profissionais exercem grande influência na arquitetura contemporânea.
De autoria do escritório Wiel Arets Architects, a residência H House, localizada na cidade de Maastricht, une dinamismo, criatividade e grandes superfícies envidraçadas para se somar à crescente lista de projetos holandeses que primam por uma linguagem moderna e inventiva.
Situada em uma região suburbana e montanhosa da Holanda, a residência de 230 metros quadrados é integralmente revestida por vidro. Projetada para um casal com forte vocação e interesse pelas artes, a casa conta com um jardim arborizado ao redor, eventualmente aberto ao público. “Os proprietários, um ator e uma bailarina, atuam juntos como paisagistas. Por isso, a primeira coisa que pensamos foi em projetar esse jardim na parte de trás da casa, com o intuito de manter afiadas as habilidades profissionais do casal”, relata Wiel Arets, líder da equipe que assina o projeto. “Por terem formação em arquitetura, ambos participaram ativamente do processo criativo. O uso extensivo do vidro permitiu a interação com esse espaço externo mesmo quando se está dentro da casa.”
Recurso cada vez mais explorado tanto em residências como em edifícios comerciais, a combinação e alternância de grandes panos de vidro transparentes e opacos é característica marcante no projeto e constitui o traço principal da fachada. “Além de conferir um visual moderno e dinâmico ao projeto, esse jogo de vidros faz com que a superfície externa da casa, conforme a incidência de luz sobre ela, se transforme em verdadeiro espelho para a bela paisagem circundante”, comenta o arquiteto.
Muito além da questão estética, a vantagem das superfícies envidraçadas reside, sobretudo, na criação de conforto térmico nos ambientes internos, aspecto que ganha particular importância em uma região de temperaturas extremas, como a que abriga o empreendimento. “A tecnologia de que dispõem os vidros arquitetônicos atualmente tem se tornado recurso precioso quando queremos otimizar o aproveitamento de luz e simultaneamente conservar e reter o calor no ambiente”, ressalta Arets. “Neste caso, como os vidros estão por toda parte, ele se torna determinante na definição da temperatura dentro da casa.” Sob a consultoria da holandesa ITH Techniek, sediada na cidade de Heerlen, os vidros insulados foram instalados em sistemas de esquadrias de alumínio com desempenho termoacústico, fabricadas sob encomenda pelas multinacionais Schücco e Alcoa.
Com um mezanino central, a disposição interna da casa pode ser comparada à de um loft. Adjacentes ao volume principal, encontram-se outros dois volumes independentes, que servem como hall de entrada e banheiro. Terraços são responsáveis por definir a posição e o formato da casa, cada um com suas próprias características. “Não existem paredes no interior da casa. As lajes estruturais são sustentadas por algumas poucas colunas retangulares, cada uma posicionada de modo a minimizar seu impacto visual sobre o espaço interno”, descreve o arquiteto. “Todas as outras paredes, tanto internas quanto externas, são integralmente feitas de vidro de variados tons de opacidade.”
O grau de privacidade desejado pelos proprietários é controlado por uma série de cortinas que podem ser dispostas para, casualmente, definir “salas” interiores em ambos os níveis da casa. A combinação de vidros transparentes e opacos, acrescenta Arets, bem como as unidades fixas e deslizantes da fachada, criam uma variada possibilidade de respostas para as mudanças de estação, posição do sol e padrões de luz solar.
