Originalmente nomeado Rio de los Brazos de Dios pelos primeiros exploradores espanhóis que chegaram à região, o Rio Brazos é 11o mais longo dos Estados Unidos, com mais de 2 mil km a partir de sua nascente no Condado de Curry, no Novo México, até seu desaguar no Golfo do México. É também o mais longo e mais importante do Texas. Do alto de uma montanha no pequeno rancho Rio Roca, cercada por uma privilegiada vista para o vale que o abriga, os arquitetos do escritório Maurice Jennings + Walter Jennings Architects fizeram surgir uma singela, ensolarada e nada convencional capela, especialmente projetada para que seus visitantes desfrutem momentos de paz espiritual e oração rodeados de natureza por todos os lados.
Marcada pela transparência e constituída basicamente por madeira, pedra e vidro, a Capela Rio Roca acomoda um máximo de 50 pessoas por vez, em um espaço de aproximadamente 100 m2. A pitoresca edificação está localizada no pequeno Condado de Palo Pinto, no Texas, com uma população de menos de 30 mil habitantes. Finalizada em 2010, sua estrutura foi minuciosamente articulada em vigas de madeira que, acopladas a opulentas texturas, definem o formato em A da construção, enquadrando a estonteante paisagem da região. “A leve estrutura de madeira é sutilmente abraçada por barras e braços de tensão, responsáveis pela fi xação e suporte das paredes e do telhado de cobre”, descreve o arquiteto Walter Jennings, sócio do escritório criador do projeto.
Segundo descreve Jennings, a configuração da capela pode ser definida como uma intrincada trama formada por sistemas de vigas e peças de madeira e aço, com linguetas e plataformas serrilhadas acima, formando a cobertura. Na face que delimita a transição entre o planalto e o penhasco por onde passa o rio ergue-se uma barreira de sustentação feita de pedra, pela qual os visitantes têm acesso à capela. Depois de atravessá-la, deparam-se com uma magnífica e desimpedida vista do Rio Brazos, já que a face oposta a ela é integralmente de vidro.
“A parede transparente acompanha o eixo longitudinal da edificação, que, paralelo ao rio, percorre seu curso de leste a oeste, com o intuito de potencializar a paisagem e a vista para a montanha. O fechamento em vidro garante uma visão desobstruída de dentro da capela, permitindo que o visitante caminhe dentro dela acompanhando visualmente o leito do rio”, afi rma o arquiteto. “Essa característica de transparência da capela expressa a proposta em contato com o divino implícita no projeto do edifício.”
A luz solar penetra pela cobertura parcialmente envidraçada, que forma um skylight ao longo do telhado. “Filtrada pelo vidro, ela se refl ete no interior, formando jogos de refl exão e refração por toda a capela”, descreve Jennings. Segundo ele, foram as características da região, marcada pela presença de plataformas de petróleo e gás, que defi niram a linha estética dos acabamentos. “Embora as formas de um poço de petróleo e desta capela sejam bem distantes, as hastes e estruturas de conexão, fixadas por parafusos e tensores, estabelecem uma linguagem que alude a essas plataformas”, observa.
Fornecidos pela PPG, centenária benefi ciadora americana especializada no mercado da construção civil, os vidros de canto são monolíticos temperados de 6 mm de espessura.
Além desses, foram usados vidros espelhados, também de 6 mm e de coloração prateada, e vidros serigrafados. Já as peças fixadas verticalmente são do Solarban 60, vidro de controle solar de baixa emissividade, projetado para minimizar custos com arrefecimento. Trata-se de uma composição de vidros insulados de temperados com coeficiente de transferência de calor de 0,38, formados por duas camadas de 6 mm, que conferem externamente aparência similar ao vidro transparente, sem revestimento.
Quanto aos vidros aplicados na claraboia, a escolha também recaiu sobre os insulados, com unidades formadas por uma camada de temperado de 6 mm em cima e outra de laminado de 9 mm (Optigray 23, de cor cinza, capaz de transmitir 21% de luz solar visível enquanto bloqueia 85% de energia solar a cada polegada de unidade insulada o que resulta em um coeficiente de transferência de calor de 0.29). As portas da capela também são compostas por vidros insulados de temperados, neste caso formados por duas peças de 4 mm de espessura, com câmara de ar de 6 mm e espaçador de alumínio preto.
A estrutura de sustentação dos vidros é formada por duas vigas de madeira unidas por chapas de alumínio (flitch beams), descreve Jennings. “A estrutura de madeira é o elemento que entra em contato com o vidro e o sustenta, a partir do uso de selante de silicone”, explica o arquiteto. Ao todo, o projeto utilizou cerca de 160 m2 do material.