Tecnologia torna possível funcionalidades impensadas há pouco tempo e indústria cria vidros cada vez mais inteligentes

Tecnologia torna possível funcionalidades impensadas há pouco tempo e indústria cria vidros cada vez mais inteligentes

Capa: Tecnologia torna possível funcionalidades impensadas há pouco tempo e indústria cria vidros cada vez mais inteligentes

Alguns filmes de ficção científica do passado traziam tecnologias que pareciam na época surreais e que hoje são realidade, graças ao grande avanço das pesquisas e desenvolvimentos. Muitas destas tecnologias estão ligadas à utilização do vidro, agregando valor ao material, que cada vez mais ganha funcionalidades. Um exemplo disso é um vídeo, divulgado há cerca de sete anos pela Corning, que apresentava um dia com muitas comodidades trazidas através do vidro, as quais muitas nem existiam quando o comercial foi produzido. 

 
 
Na parte da manhã, logo que você levanta, as principais notícias são exibidas nos espelhos do banheiro ou em vidros da cozinha. As imagens são controladas por touch ou comandos de voz, e em superfícies como geladeiras, divisórias e painel do carro, revestidos com vidros, é possível ler as notícias, navegar pela internet, assistir à TV, entre muitas outras atividades. Este é um dia de vidro do futuro descrito pela Corning. Hoje todas aquelas tecnologias que eram uma suposição são realidade. São os vidros inteligentes.
 
 
Além de navegar pelo vidro como em uma tela de computador, a tecnologia permite controlar a transparência e opacidade com apenas um toque, podendo ser uma alternativa para cortinas e persianas em hospitais, por exemplo, proporcionando mais assepcia e praticidade na manutenção, ou ser aplicado para controle de privacidade em diversos tipos de projetos.
 
 
O vidro hoje também pode ser autolimpante, proteger o ambiente de bactérias e radiações, pode controlar a luminosidade, temperatura e som, enfim, pode ter muitas funções, nunca antes imaginadas. O vidro do futuro também será cada vez menos espesso, mais leve e resistente.
 
 
“A cada ciclo de cinco anos o salto neste mercado é muito significativo A aplicação do vidro será ampla, pois sua planicidade e hidrofobia o torna asséptico e, cada vez mais, um produto renovável, reciclável e que não agride o meio ambiente. Os vidros autolimpantes e os de baixo emissivos seletivos são exemplos atuais de tecnologia avançada, pois estão nas fachadas, nas vitrines, nas geladeiras. É um produto só e multi aplicável”, define Claudio Passi, diretor da Conlumi. 
 
O futuro chegou? 
 
Assim como há sete anos não existiam tais tecnologias acessíveis hoje, o que é somente um desejo atualmente pode se tornar em poucos anos realidade. As empresas investem milhões no desenvolvimento de novas funcionalidades associadas ao vidro e podemos imaginar que quase tudo, ou tudo, será possível com o tempo.
 
 
A Corning, por exemplo, em seu centro de pesquisa dos Estados Unidos investe 90 milhões de dólares por mês em pesquisas de novas tecnologias.  Uma de suas mais recentes novidades é o vidro flexível, extremamente fino, da espessura de uma folha sulfite, que pode ser enrolado e mais resistente que o vidro float. Para o diretor da empresa, Anis Fadul, tudo é possível e a indústria desenvolvedora de tecnologias avança a passos largos. 
 
 
“O futuro sempre irá nos estimular a buscar coisas novas e melhores. Se olharmos para 40 anos atrás podemos dizer que estamos além do futuro imaginado àquela época”, ressalta Gabriel Zanatta, coordenador de marketing da Saint Gobain Glass.
 
Novas tecnologias
 
Apesar das inúmeras funcionalidades dos vidros disponibilizados atualmente no mercado, algumas das necessidades da indústria da construção em relação ao vidro ainda não são possíveis. Um exemplo, de acordo com Rebecca Andrade, especificadora técnica da PKO do Brasil, seria um vidro que pudesse unir duas tecnologias: o controle solar com painéis fotovoltaicos. Hoje ainda é difícil ter este produto, que além de proteger o ambiente dos raios solares, transformaria essa energia, economizando recursos, mas em breve essa alternativa pode ser disponibilizada. 
 
 
Com o desenvolvimento e disseminação destes vidros de alto valor agregado, a expectativa é que o custo diminua, assim, quanto mais foram aplicados, mais acessíveis se tornarão estes vidros. “A tendência é baratear. Quanto maior o uso mais acessível fica. Aqui não temos obrigatoriedade e uso mais disseminado como nos Estados Unidos, onde o governo incentiva a economia de energia, fazendo com que a busca por soluções que economizem recursos seja maior”, analisa Rebecca. 
 
Para Zanatta, sempre haverão soluções mais sofisticadas e para nichos específicos, e devido ao seu baixo volume terão custos mais altos. Contudo, podemos afirmar que o vidro hoje é mais acessível do que foi ontem, e, consequentemente, será mais acessível amanhã do que é hoje.
 
 
 
 
Controle solar
 
O vidro de controle solar é formado a partir da deposição de camadas metalizadas em uma das suas superfícies que reduzem a passagem dos raios do Sol por meio do vidro, garantindo maior conforto térmico aos ambientes e melhor controle da luminosidade. “Os vidros de controle solar filtram os raios UV e protegem o ambiente do amarelamento de pisos, móveis de madeira, tapetes e cortinas de tecidos. Promovem também a redução do ruído externo”, destaca Claudio Passi.
 
 
 
 
 
Controle acústico
 
Indicado para isolamento acústico, o vidro duplo ou combina duas lâminas de vidro, ligadas por um perfil de alumínio com uma camada interna de ar desidratado, que pode ou não conter gás argônio. A câmara de ar é criada por um espaçador em alumínio. Existem câmeras de ar de 6, 8, 10, 12, 16 ou 24mm, dependendo da intensidade sonora do local onde será instalado. 
 
 
 
 
 
Low-e
 
Os vidros low-e trazem conforto e estética, na medida em que asseguram também importante economia nos dois sistemas que mais consomem energia elétrica em edificações: climatização e iluminação.  Com uma fina camada de óxido de prata em uma de suas faces, os vidros low-e, também conhecidos como vidros de baixa emissividade, têm como principal característica a baixa transferência de temperatura de um ambiente para outro, aumentando o isolamento térmico sem impedir a passagem da luz. 
 
Revestimentos de controle solar de baixa emissividade minimizam a quantidade de luz ultravioleta e infravermelha capaz de passar através do vidro, sem afetar negativamente a quantidade de luz visível transmitida. Eles também não influenciam a cor e a visibilidade do vidro de forma significativa. A explicação está na sua espessura: eles são microscopicamente finos – 500 vezes mais que um cabelo humano.
 
 
 
Extra clear
 
Os vidros extra clear permitem a passagem de 92% da luz externa com relação ao vidro incolor, que passa o mínimo de 75% de luminosidade. A vantagem é que o extra clear é um vidro de extrema transparência e não altera a tonalidade das cores, o que o torna ideal para vitrines e locais com baixa luminosidade.
 
 

 
 
Vidro antibactéria
 
O vidro antibactéria é um vidro comum que recebeu metalização em uma das faces com íons de prata que interagem com as bactérias e as destroem em 24 horas, desativando seu metabolismo e impedindo que se formem colônia. O efeito bactericida do vidro segue em curso indefinidamente, mesmo em condições de calor e umidade.  O produto também previne a proliferação de fungos.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vidro plumbífero
 
Para áreas com radiação, como em salas de raio X e tomografia, existem os vidros plumbífero, que têm elevado teor de chumbo, assim como de bário, que fornecem proteção ideal com excelente clareza visual. O material possui blindagem contra raios X emitidos por equipamentos que operam na faixa de 80 a 300 kV. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autolimpante
 
Possuem uma camada autolimpante integrada ao próprio vidro e, por isso, têm alto nível de durabilidade, não se desgastando ao longo do tempo. Dispensa a limpeza constante e o uso de detergentes e garante uma visão nítida mesmo em dias de chuva, porque sua superfície não acumula sujeiras.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Privacidade controlada
 
É feito em um processo de laminação de dois vidros com um filme de cristal líquido com polímeros dispersos. Dessa forma, quando ligado as moléculas se organizam em uma direção específica, tornando-o incolor. Quando o dispositivo é desligado, volta a sua condição original, de branco translúcido. Pela camada condutora de cristal líquido a corrente elétrica é aplicada ao vidro, que, além de mudar de opaco para transparente pode reproduzir outras imagens e telas de computador. 
 
 
 
 
 
Vidro eletrocrômico
 
Muda de cor conforme a luminosidade através de materiais eletrocrômicos, podendo ser possível controlar o grau de transparência e, consequentemente, o grau de transmissão que determinadas radiações do espectro eletromagnético terão através desses materiais.  Outra vantagem é a economia de energia, visto que no verão a passagem elevada de ondas de infravermelho através dos vidros de janela causa um aumento da temperatura do ambiente interno. Ainda é uma tecnologia cara e pouco aplicada no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
 
Ultrafino decorativo
 
A Corning é reconhecida por desenvolver vidros extremamente finos, utilizados em telas de celular e tablets. Para o mercado da construção criou também soluções que tornam o vidro mais leve. Anis Fadul explica que os vidros são bem mais finos que o vidro float, consequentemente mais leves, e sua transparência também é maior. “O vidro float é esverdeado, este é 100% incolor e oferece maior nitidez. O vidro, apesar de fino, podendo chegar a 0,1 mm de espessura, é mais resistente que o float, devido ao seu processo de fabricação que traz uma ‘perfeição’ no vidro”.
 
Uma das aplicações mais comuns é a do Dirtt Wall, que são vidros impressos imitando outras texturas como madeira e mármore, e que pode ser chapas finas são bem mais leves, podendo ser utilizados para revestir paredes onde há uma necessidade maior de menor peso possível, como em elevadores. As chapas são bem finas e têm intuito decorativo apenas. A empresa está desenvolvendo uma nova técnica para fazer um vidro flexível, da espessura de uma folha sulfite e que pode ser enrolado. É uma alternativa para revestir superfícies redondas, como um coluna, por exemplo. “A Corning está sempre desenvolvendo novos tipos de vidro, já são 9 mil variedades”, conta Fadul.