Um teto inteiro forrado de esculturas arredondadas e espiraladas, semelhantes a conchas e estrelas do mar, com formas orgânicas que parecem se movimentar suspensas no ar, enquanto cores ricas e vibrantes refletem-se pelas paredes, roubando o fôlego de quem observa de baixo. Tudo feito integralmente de vidro. A instalação Persian Cealing, atual-mente exposta no Virginia Museum of Fine Arts, nos EUA, bastaria, por si só, para traduzir a grandiosidade e extraor-dinária beleza da obra de Dale Chihuly. Mas as centenas de outras esculturas e ousadas instalações arquitetônicas que ele criou e espalhou pelo mundo, quando contempladas em sua totalidade, são a prova definitiva de seu brilho e genialidade, e explicam por que ele se tornou o mais conceituado artista vidreiro da atualidade. “Uma das mais importan-tes inspirações para mim é o próprio vidro, o processo de moldá-lo com ar, de ver o sopro do homem descer por um canudo e ter sua forma materializada”, diz o artista. Mundialmente famoso por suas dezenas de séries e instalações ao redor do mundo, Chihuly revolucionou a arte em vidro por meio do movimento Studio Glass, criado por ele há mais de 50 anos e que elevou o vidro à categoria de matéria prima artística, usado em esculturas e obras de arte. “Desde o início de meu envolvimento com o ma-terial tenho defendido o uso do vidro soprado como veículo para a criação de esculturas, pela exploração de suas possibilidades cromáticas e de formas”, diz o artista.
Nascido em Tacoma (Washington, USA), em 1941, Dale Chihuly foi introduzido ao universo do vidro quando estudava design de interiores na Universidade de Washington. Em 1968, foi trabalhar na fábrica de vidros Venini, em Veneza, onde pôde observar de perto a forma como os profissionais da empresa trabalhavam o vidro soprado e aprendeu praticamente todas as técnicas que emprega para criar e produzir seus trabalhos nas formas como são apresentados até hoje. Em 1971, Chihuly fundou a Escola de Vidro Pilchuck, em Washington, instituição pioneira no desenvolvimento do vidro como arte. Cinco anos mais tarde, Chihuly sofreu um acidente de carro na Inglaterra, quando, por ironia do destino, seu rosto foi severamente cortado pelo vidro do para-brisa, deixando-o cego do olho esquerdo. Em 1986, foi homenageado com a exposição individual Dale Chihuly Objets de Verre, no Musée des Arts Décoratifs, Palais du Louvre, em Paris. Mais recentemente, Chihuly criou afinidade com estufas, realizando uma série de exposições de contexto botânico. Seu ciclo de Jardim começou em 2001 no Parque Garfield Conservatory, em Chicago. Em 2005 expôs no Royal Botanic Gardens, Kew, perto de Londres.
Pequenas peças e grandes instalações
Ao longo dos últimos 40 anos, o artista vem aprimorando e inovando sua arte. Suas escul-turas ganharam novas cores e linhas. “Com o passar do tempo, fui desenvolvendo uma forma mais natural e orgânica de trabalhar o vidro, usando o mínimo de ferramentas possível”, afirma. “Minha linguagem foi se transformando gradualmente, conforme fui deixando de lado técnicas complexas em favor de deixar o vidro quente se moldar naturalmente, encontrando sua própria forma conforme se cristaliza.”Com rara sensibilidade, sua obra revela-se uma quebra de paradigma entre escultores vidreiros, pois, além de expor suas obras em museus, Chihuly passou a desenvolver proje-tos e instalações maiores, fluindo e espalhan-do-se sobre paredes, tetos e pisos e expandin-do-se para ambientes externos, entre as quais se destacam belíssimas ornamentações de jardins, com peças misturadas e integradas à vegetação natural, como se fizessem parte dela. “Quero que meu trabalho apareça como se tivesse vindo da natureza, como se tivesse sido encontrado ali e pertencido sempre àquele lugar.”
Embora o trabalho de Chihuly tenha mudado de forma considerável ao longo de seus últimos 35 anos de carreira, alguns aspectos permanecem os mesmos. “Desde o início, meu interesse foi trabalhar peças com grandes variações de tamanho, de pequenos vasos a grandes instalações ocupando salas inteiras”, comenta ele. “Além disso, sempre apostei em projetos ao ar livre, em que a própria paisagem é usada como ponto de partida.” Ao mesmo tempo em que procurou valorizar formas orgânicas, que fossem influenciadas mais pela gravidade do que por ferramentas, o artista passou a explorar paletas de cores cada vez mais intensas, vívidas, impactantes. “Sou obcecado por cores. Nunca encontrei uma de que não tivesse gostado.”
Ganhadoras de inúmeros prêmios, as esculturas de Chihuly permanecem expostas em museus, cidades históricas e jardins, tanto dos EUA como de países como Canadá, Inglaterra, Cingapura e Emirados Árabes.
Sua maior coleção encontra-se no Museu de Arte de Oklahoma (USA), onde formas exóticas e coloridas simulam exuberantes jardins de vidro. Entre as exposições atuais, é possível conhecer de perto o trabalho de Dale Chihuly no Virginia Museum of Fine Arts, onde obras famosas como Ikebana e Persian Cealing estarão expostas até fevereiro de 2013. Outra possibilidade é visitar o Chihuly Garden and Glass, na cidade de Seattle, abrigo de instalações monumentais como a Glasshouse, uma estrutura de vidro e aço de 12m de altura que ocupa uma área de mais de 400m² entre outros jardins coloridos e vitrificados.
Obra da série Float Boat (Barco Flutuante), produzida em 2007
Glass house, obra que ocupa uma área total de 400m² compostas por inúmeros elementos individuais, esculturas monumentais ganham novo significado quando integradas ao meio ambiente
Glass House ( detalhes)
Instalações do ciclo Gardens (Jardins)
Instalações do ciclo Gardens (Jardins)
Persian Cealing, formado por grandes peças e composições suspensas no teto.
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