A norma que estabelece os requisitos de projeto, execução e aplicações dos vidros na construção civil, a NBR 7199, publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), já está em vigor desde o final de agosto e traz expectativas positivas para o setor vidreiro. Com regras mais atuais, claras e detalhadas, a norma agora está alinhada aos mais modernos padrões internacionais. “Saímos de uma norma com 18 para 57 páginas, de duas para 19 referências normativas, todas foram citadas de uma maneira mais forte, isso já mostra o detalhamento que essa norma recebeu”, avalia Luiz Miranda, gerente de qualidade da fabricante de vidros e espelhos Guardian. “A padronização é a chave para garantir a repetitividade de um processo, se todos usam uma mesma língua, o resultado é previsto, não vai ter variações”, completa.
As modificações incluem um escopo abrangente e informações detalhadas sobre novos exemplos de cálculos e o aumento das referências normativas e das classificações de tipos de vidro, além da inclusão do anexo referente à utilização de equipamentos de proteção individual (EPI). “Sua importância para o setor é fundamental, pois ela estabelece o tipo de vidro adequado para cada instalação, como guarda-corpos, janelas, fachadas, portas, entre outras aplicações. Uma das novidades é que a versão anterior contemplava apenas vidros apoiados em quatro lados e na atualização também foram abordados aqueles apoiados em dois e três lados”, afirma Clélia Bassetto, consultora de Normalização da Associação Brasileira de Distribuidores e Processadores de Vidros Planos (Abravidro).
A especialista conta que as regras de aplicação estão apresentadas de forma mais clara e objetiva em uma tabela, o que facilitará sua consulta e entendimento. “Como exemplo, temos a exigência sobre a utilização de vidros laminados ou aramados em guarda-corpos e coberturas, que já existia na versão anterior da norma e que agora é apresentada de forma a não gerar qualquer dúvida. Portanto, vidros temperados continuam sendo proibidos nestes casos. Nesta tabela, estão mencionadas novas aplicações, como muros de vidro, piso de vidro, vidro blindado, vidro resistente à explosão, entre outras. Um dos principais requisitos é que todo vidro instalado abaixo de 1,1 m em relação ao piso, seja interno ou externo, em qualquer pavimento, deve ser de segurança. Em cada caso, devem ser observados quais tipos de vidro de segurança são permitidos pela norma”.
Cálculos detalhados
Também foram feitas a atualização e complementação dos cálculos de espessura do vidro de acordo com as normas internacionais. Em relação a eles, foi incluído um roteiro, passo a passo, de como utilizar as fórmulas. Além disso, exemplos dos cálculos aplicados também foram anexados. Clélia destaca que na metodologia atual são mencionados o cálculo da flecha, o fator de equivalência para cada tipo de vidro e a orientação para cálculo de espessura de peças não retangulares.
Equipamentos de proteção individual
Um anexo que contém informações sobre a importância da utilização de equipamentos de proteção individual para o manuseio do vidro também foi incluído, o que será de fundamental importância para a segurança dos profissionais da área.
Escolha do vidro adequado
Luiz Miranda destaca a importância da definição de regras mais claras para a aplicação de cada tipo de vidro. “Isto auxiliará tanto os técnicos na escolha correta de qual vidro utilizar em situações do cotidiano, como também bombeiros e seguradoras na revisão de segurança das obras”, diz. “De maneira geral aumentaram as exigências com a segurança, ficou mais claro onde cada vidro pode ser aplicado e isso vai ajudar na definição de cada tipo de vidro. Eram classificados sete tipos de vidro e agora são 11”.
Sempre que for especificar um vidro para aplicações na construção civil, consulte a norma NBR 7199 e se tiver alguma dúvida entre em contato com entidades do setor.
Como adquirir a norma?
Para ter as normas da ABNT na sua vidraçaria, basta acessar www.abnt.org.br/catalogo.
Se você possui uma micro ou pequena empresa, poderá ter as normas por um terço do valor, devido ao convênio entre a ABNT e o Sebrae. Saiba mais em:
www.abntcatalogo.com.br/sebrae
Armazenagem segura
Conforme explica Clélia, a norma também traz detalhes construtivos para instalação e requisitos referentes à identificação, manipulação, armazenamento e forma de acondicionamento do vidro, que foram atualizados e complementados.
“Um dos pontos mais importantes foi a inclusão do termo de identificação das peças e armazenamento. Normalmente os vidros começam a ser colocados quando a obra está 70% construída. Neste processo eles ficam armazenados, muitas vezes de maneira equivocada, recebendo calor e umidade, o que pode deteriorar o vidro”, justifica o executivo da Guardian, que acrescenta o interesse das fabricantes em levantar a necessidade de aplicação da norma, suas modificações e revisões, pois esta é uma garantia de que seu produto mantenha sua performance.
Garantia da qualidade
“A revisão da norma contribuirá para a segurança em aplicações com vidros nas edificações, mas, para que isso aconteça, é muito importante que ela seja utilizada por todos os que estiverem especificando e instalando o produto. O vidro é um produto seguro, desde que seja utilizado corretamente. Por isso, a norma tem um papel fundamental. Todo o trabalho de revisão foi coordenado pelo Comitê Brasileiro de Vidros Planos (ABNT/CB-37), sediado na Abravidro, ressalta Clélia.