Ponto de encontro de tribos modernas e novos ricos de Seul, o bairro sul-coreano de Gangnam ficou mundialmente conhecido em 2012, quando um vídeoclip caiu nas graças dos internautas e se tornou um dos maiores fenômenos virais da web. Ambientado em variados locais do bairro, o hit Gangnam Style, do cantor sul-coreano Psy, ganhou tamanha repercussão que há poucos dias entrou para o livro de recordes como o vídeo mais visto da história do Youtube, com mais de 2 bilhões de acessos. Antes disso, no entanto, o olhar visionário dos arquitetos do MVRDV já rascunhava as primeiras linhas de um projeto que contribuiria para tornar o bairro de Gangnam ainda mais famoso por seu estilo arrojado e glamouroso, desta vez impresso na arquitetura de suas ruas e fachadas.
No início de 2012, a equipe do escritório sediado em Roterdã, na Holanda, foi contratada para dar cara nova a um edifício de uso misto erguido em 1980. A missão dos arquitetos era projetar uma cirúrgica operação de retrofit, capaz de revigorar a linguagem ultrapassada da fachada, transformando-a em um prédio que verdadeiramente sobressaísse em meio às exuberantes lojas e boutiques ao redor, dominadas pelas mais famosas grifes do mundo. “Nosso desafio era dar ao edifício uma identidade similar à do bairro. Achar uma solução que de fato quebrasse alguns padrões e atraísse para si a atenção de quem passa”, comenta Jan Knikker, arquiteto à frente do projeto.
Norteada, sobretudo, pela substituição de um revestimento de pedras bege por vidros serigrafados, a transformação foi rápida e precisa. Em nove meses, o edifício de linhas comuns e cores apagadas converteu-se no colorido, arrojado e envidraçado Chungha Building, que já renascia roubando a cena de uma das mais visadas ruas de Seoul. A nova fachada ganhou um design para lá de criativo, atraente e vibrante, definido por um “empilhamento” de 18 caixas de diferentes tamanhos, forradas com vidro em toda sua face frontal, com luzes coloridas de led integradas e emolduradas por uma parede de cerâmica branca. Os arquitetos mergulharam fundo no conceito de “edifício com múltiplas personalidades”.
Tal caráter multifacetado refere-se tanto à arquitetura quanto à funcionalidade do edifício, que ganhou um nível extra e passou a integrar lojas, cafés, escritórios e clínicas estéticas. “O edifício havia se tornado o ‘patinho feio’ em uma rua tomada por lojas sofisticadas de marca única. Depois de remodelado, ele passou a se diferenciar não somente pela linguagem visual como por abrigar marcas diversas em um só lugar”, comenta Knikker.
Segundo o arquiteto, o projeto partiu de um conceito simples, porém inédito. As vitrines heterogêneas foram projetadas para que cada empreendimento comercial tivesse seu próprio espaço voltado para a calçada, onde pudesse expor individualmente seus produtos, serviços e identidade. “Graças ao uso inteligente da transparência e estética do vidro, foi possível manter a unidade do edifício, sem que cada estabelecimento perdesse a oportunidade de se comunicar com o público de forma exclusiva”, observa o arquiteto. “Com diferentes ângulos de inclinação e graus de curvatura, os quadrados se projetam cada um de uma forma, formando um jogo de combinações para encaixar a grande quantidade de vitrines. Consequentemente a fachada se configurou como um mosaico acompanhando essas curvas.”
A fachada assume um caráter ainda mais exótico ao cair da noite, quando as luzes de led se acendem e mudam de cor, passando do azul ao verde, rosa e violeta. Fornecidos por uma fabricante local, os vidros são serigrafados com padrões de pequenas bolhas. “O desenho foi escolhido para acompanhar a textura da cerâmica branca que reveste externamente o edifício, que se assemelha a espuma branca quando observada de perto e pedra branca e lisa se vista de mais longe”, dizem os arquitetos.
A fachada assume um caráter ainda mais exótico ao cair da noite, quando as luzes de led se acendem e mudam de cor, passando do azul ao verde, rosa e violeta