São Paulo, 4/9/2013 — Da Glashaus, de Bruno Taut (1914), à Casa de Vidro de Kengo Kuma (2000), a arquitetura cristalina vem inspirando arquitetos da era moderna. Afinal, até agora, somente o vidro permitiu uma concepção integrativa de ambientes, com a entrada da luz do sol, da lua e das estrelas nos espaços residenciais.
Há pouco mais de um ano, a Casa de Vidro foi engenhosamente reinventada por Hiroshi Nakamura, por meio da utilização de uma fachada de blocos de vidro óptico suspensa, de 8,6m x 8,6m, revelando sua capacidade de ser translúcida, dependendo das condições de luz. Pairando acima de painéis de madeira, a parede de vidro pode transformar-se em uma enorme tela urbana transparente, revelando as folhas das árvores, refratando a luz e o ar e, ainda, trazendo toda a vida lá fora para dentro de casa. Imagens dos carros e bondes que passam aparecem como um filme mudo, acompanhadas pelos sons da natureza. A moradia é transformada em um oásis urbano sensual, em que a arquitetura tem o seu mais profundo impacto na experiência corporal com os fundamentos da natureza – árvores, água e luz, dentro do dinamismo da cidade.
A imensa fachada de blocos de vidro reflete as imagens da cidade, como um cinema mudo
No jardim de vidro decorado com plantas, efeitos inesperados de sombra e luz, integram a natureza e o urbano
Subindo as escadas para o nível principal da Optical Glass House, encontra-se a primeira parede de vidro óptico da sala de estar que, em seguida, se abre para o jardim de vidro. Os blocos de vidro cristalino isolam o barulho urbano e criam um cenário cintilante, com vista para a cidade. O tranquilo enclave é decorado por bordo, azevinho e freixos verdes, enquanto a fachada de vidro funciona como um caleidoscópio verdejante. Dentro dele, é possível entender a incrível ginástica estrutural necessária para suportar a fachada de 13 toneladas, composta por 6 mil blocos de vidro, cada um medindo 50x 235x 50 mm.
Fabricados a partir de 6 mil unidades, os blocos longos e finos na enorme parede de vidro formam um véu brilhante que reflete o movimento da cidade, encerrando um jardim verdejante no coração da casa e lançando sombras sedutoras ao redor dela.
O elevado grau de transparência foi conseguido usando borosilicato, material utilizado para fazer o vidro óptico. Para o difícil processo de fundição, foi necessário um lento resfriamento para eliminar o estresse interno residual e atingir dimensões precisas. No entanto, o vidro ainda mantém as irregularidades geradas pela superfície em microescala e projeta efeitos visuais inesperados em torno dos espaços interiores.
A difícil e meticulosa tarefa de montagem da parede de vidro, para que ela gere os efeitos desejados pelo arquiteto
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