O vidro permite interpretações sobre a vida e desperta um sentimento de plenitude – comenta artista plástica

O vidro permite interpretações sobre a vida e desperta um sentimento de plenitude – comenta artista plástica

Capa: O vidro permite interpretações sobre a vida e desperta um sentimento de plenitude – comenta artista plástica

Arquiteta e especialista em arte sacra, Danielle Maders Martins conta que o vitral é dos séculos VI e VII, e que na França alcançou a mais alta expressão. “Apesar de ter surgido no Oriente, foi no Ocidente que fez história na Idade Média, período em que o vidro foi incluído em projetos arquitetônicos. O ápice foi o período Gótico, cuja Catedral de Notre Dame, em Paris, é um dos expoentes”, resume.

 

Na região, igrejas de Blumenau, Gaspar e Ilhota guardam vestígios da arquitetura gótica. Alguns templos abrigam coleções de vitrais doadas por famílias ou compradas pelas entidades religiosas com a ajuda da comunidade. São séries com diferentes cores e tamanhos que refletem imagens de personagens bíblicos, especialmente Jesus Cristo.

 

A artista plástica Vânia Guedes reforça que o trabalho do vitral não depende apenas do artista, mas de seu artesão, e que além de representar passagens bíblicas eles ainda são inspiradores.

 

“Enquanto os mosaicos de pedra criavam algo solene, quando surgiram os vitrais criaram um ambiente sereno ao garantir a passagem da luz. Acredito que o vidro permite interpretações sobre a vida e desperta um sentimento de plenitude”, reforça Vânia, que já produziu peças em vitral.

 

Impasses da manutenção

 

Técnicos na área ressaltam ser mais simples começar um vitral do zero do que fazer a manutenção de um antigo. A autodidata Tânia Fusão confirma a teoria, mas confessa admirar tanto as peças novas feitas a partir do vidro cru quanto as etapas do reparo. Ela se interessou pelo assunto e decidiu se aprofundar, já tendo restaurado os vitrais da Matriz São Pio X, de Ilhota.

 

Com livros comprados pela internet, especializou-se na técnica Tiffany (empregada pela primeira vez no final do século 19 pelo design Louis Comfort Tiffany) e aprendeu sozinha como fazer as peças:

 

“Procurei locais onde os vidros eram vendidos e fiz as primeiras peças. Elas são produzidas de maneira totalmente artesanal. Na manutenção é preciso desenhar, cortar, lixar e soldar o cobre que contorna a peça. Um pouco mais trabalhoso, já que não é uma peça que começa do zero. É preciso desmontar, moldar e recomeçar o trabalho. É complicado encontrar as mesmas texturas e cores, pois são de épocas diferentes e não há como comprar peças idênticas. É preciso adaptar até chegar ao tom ideal”, conclui.