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Arquitetura e Vidro

Marco sustentável

Vidros de controle solar assumem papel determinante na fachada do Eco Berrini, edifício credenciado com a mais elevada certificação ambiental do País

15/09/1955

Por apresentar uma grande volumetria, a forma curva, com estreitamento nas pontas, foi pensada com o objetivo de criar uma sensação de leveza da construção na paisagem paulistana. A marcação horizontal é feita com vidros brancos, que revestem as v

Referência nacional no quesito sustentabilidade, o premiado edifício Eco Berrini figura entre os principais destaques no âmbito das construções corporativas com alto grau de eficiência energética. Com pouco mais de um ano e meio de existência, a edificação projetada pelo escritório paulista Aflalo & Gasperini, autor de outras emblemáticas obras do gênero, já é considerada um marco, não somente na avenida Luis Carlos Berrini, famosa pela concentração de prédios comerciais de alto padrão, mas também na cidade de São Paulo, megalópole cujo cenário assume de forma acelerada sua nova e envidraçada identidade.

 

Pioneiro em soluções inovadoras, o Eco Berrini foi um dos primeiros edifícios do Brasil especialmente planejados para obter a certificação Leed (Leadership in Energy and Environmental Design), sistema internacional de orientação ambiental para edificações que, aplicado em 143 países, incentiva o foco dos projetos na questão da sustentabilidade. Com seu primeiro pavimento localizado a 25 m de altura, acima de um edifício-garagem preexistente, a construção tem um embasamento dividido em dois blocos, com térreo permeável, e seus quatro primeiros andares são interligados por passarelas. “O Eco Berrini é a segunda etapa de um projeto elaborado por nosso escritório na década de 80”, explica o arquiteto Roberto Aflalo, um dos autores da proposta arquitetônica.

 

Constituído por uma torre corporativa de 32 pavimentos, cinco subsolos e o edifício-garagem anexo, no qual foram acrescidos dois novos pavimentos, o edifico totaliza aproximadamente 95 mil m² de área construída. Como não poderia deixar de ser, o grande destaque dos mais de 25 mil m² de fachadas são os vidros transparentes, que, segundo o arquiteto, foram escolhidos por permitirem ampla visibilidade do lado de dentro, além de integrarem os espaços público e privado. “As fachadas foram projetadas segundo as condições de cada face e asseguram conforto ambiental e menor consumo de energia elétrica com iluminação e ar condicionado”, informa Aflalo.

 

Os pavimentos de escritório têm aproximadamente 1,9 mil m² e adotam o conceito de planta livre com núcleo central. Duas das fachadas são suavemente curvas, garantindo ampla visualização da paisagem urbana informa o arquiteto. Ele explica que as fachadas entre o piso e o teto dos pavimentos foram divididas em três: zona central de visão (sempre transparente), zona peitoril e zona verga, com transparência ajustada à insolação da face, para evitar excesso de calor. “No 31º pavimento, há um grande terraço com vista panorâmica, coroando o edifício com um ambiente diferenciado”, destaca. “Por apresentar uma grande volumetria, sua forma curva, com estreitamento nas pontas, foi pensada com o objetivo de criar uma sensação de leveza da construção na paisagem paulistana.” 
Alta performance

 

Elemento primordial para obtenção da certificação Leed Platinum, nível mais elevado de credenciamento ambiental no País para a indústria da construção, os vidros das fachadas garantem máximo aproveitamento da luz natural, contribuindo de forma fundamental para a eficiência energética do edifício. “Para o fechamento externo (fachadas), optamos por cortinas de vidro, executadas em forma de painéis unitizados”, diz Aflalo. 

 

Do primeiro pavimento até o quarto andar, os blocos são unidos pela passarela fechada por vidro, deixando o térreo permeável, de modo que pedestres e veículos possam acessar os outros empreendimentos existentes na gleba ou a Marginal do Pinheiros. A partir do quinto pavimento, a área de laje das duas alas é unificada, mas a volumetria da fachada permite identificar as porções correspondentes a cada bloco. O lado maior tem as faces principais levemente curvas, suavizando o formato retangular do prédio, enquanto o lado menor é retilíneo. Os pisos superiores são diferenciados por pés-direitos, terraços e jardins, e a marcação horizontal é feita com o vidro branco que reveste as vigas corta-fogo. “Quando se quer usar um elemento branco na fachada, a melhor opção é o vidro, material de fácil limpeza e ótima relação custo/benefício”, sustenta Aflalo.

 

As fachadas unitizadas foram instaladas diretamente na estrutura de concreto. Fabricado pela Schüco, o sistema é composto por painéis de estrutura metálica e vidros especiais de 2,5 m de largura por 3,94 m de altura. Segundo o engenheiro Pedro Keleti, da Hochtief, construtora responsável pela edificação, a execução precisava ser contínua, sem interrupção. “A grande dificuldade de trabalhar na fachada foram os cantos, pois nenhum deles tem 90o”, diz Keleti. O gerente geral da Schüco do Brasil, Michael Eidinger, afirma que “a fachada é de alto desempenho em vários aspectos”. Foram desenvolvidos perfis específicos para a obra, e o design é exclusivo.

 

A fim de assegurar conforto ambiental com menor consumo de energia elétrica, foram previstas composições diferentes para cada terço em função da orientação solar - uma específica para as faces leste e oeste e outra para as fachadas norte e sul. Os ensaios de vento indicaram grande variação de pressões. Por isso, há vidros de quatro espessuras diferentes, de acordo com as áreas de pressão indicadas. 

 

Os vidros de controle solar empregados oferecem boa transmissão luminosa e baixos índices de transmissão de calor. A Guardian foi a fabricante escolhida como fornecedora, e a GlassecViracon ficou responsável pelo beneficiamento. Ao todo, foram utilizados mais de 26 mil m² de vidros laminados SunGuard Neutral Plus 50, produto que oferece bloqueio de radiação de 64% e transmissão luminosa de 35%.  Especificado na cor Crystal Gray, além das características técnicas, seu atributo estético garantiu a fidelidade da cor definida na fase inicial do projeto. Fabricados na unidade da Guardian em Porto Real (RJ), os produtos foram aplicados, em sua maioria, em versão transparente. Já em espaços que exigiam opacidade, no spandrel, foram utilizados vidros com PVB (polivinil butiral) branco.
Tanto as versões opacas como as semitransparentes aparecem somente nas faces leste e oeste, nas quais o sol incide mais horizontalmente. Já as faces norte e sul apresentam vergas e peitoris abertos. Pelo lado interno, os vidros são protegidos por cortinas do tipo roll-on. “Em princípio essa não seria a melhor opção, mas, considerando a latitude, performance dos vidros e a temperatura média na cidade, foi a que apresentou melhor relação custo/benefício. Para o nosso clima, os vidros mais extremos não são necessários”, afirma Aflalo. Essa combinação entre anteparos e vidros especiais, associada aos sistemas de resfriamento noturno e de iluminação, assegura eficiência energética, alto desempenho térmico e elevada pontuação no sistema Leed.

 

Os caixilhos foram produzidos no primeiro subsolo da obra e instalados sempre um andar acima de onde foram montados. Cada módulo pesa 500 kg. Etapa delicada do processo, a colagem do vidro foi acompanhada diariamente pelo fornecedor do silicone estrutural empregado. Do térreo ao lobby, a fachada é do tipo stick, presa em uma estrutura portante mista de aço e vidro. Colunas de vidro e brises horizontais servem como elemento horizontal portante, tracionados por cabos de aço.

 

Veja como a empresa Guardian contrinuiu na certificação LEED o Edifício Eco Berrini

 

 

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