Home office sobre o lago

Home office sobre o lago

Capa: Home office sobre o lago

“Trata-se de uma verdadeira escultura arquitetônica, erguida em meio a um pedaço privilegiado de natureza.” Com essas palavras, o arquiteto londrino Mark Dziewulski resume a concepção do Lakeside Studio, projeto que ganhou notoriedade pela forma com que combinou materiais como vidro, aço e concreto para desenhar os contornos de uma moderna estrutura arquitetônica, que viria a se tornar uma mistura de espaço de convivência, galeria e estúdio de criação. Formado por apenas um ambiente, o pavilhão foi projetado para ser a extensão de uma residência na Califórnia envolta por uma exuberante paisagem natural.

 

Embora aparentemente simples, é nos detalhes que a construção concebida por Dziewulski revela a complexidade estrutural que a torna um exemplo singular de

sua categoria. A proposta de uma extensão envidraçada teve início quando o proprietário, que já era cliente do arquiteto em obras comerciais, comprou o lote vizinho à sua casa, onde, por mais de 900 metros quadrados, espalhava-se um belo espaço paisagístico natural, com exuberantes jardins beirando um grande lago artificial.

 

A estrutura transparente projeta-se à beira do lago e dá sustentação ao formato fluido e inclinado do telhado de concreto

Ao adquirir o lote, ele já tinha em mente o exato propósito para aquele espaço. “Ele queria uma extensão para sua casa, constituindo um espaço de convivência amplo, flexível e multifuncional”, diz o arquiteto. A intenção do cliente era que o espaço pudesse desempenhar igualmente bem as funções de um escritório
de criação, uma galeria com um acervo rotativo de pinturas e esculturas e, ainda, uma área social separada da casa, para abrigar encontros e conversas entre amigos.

 

“Do ponto de vista estético, ele não tinha a menor ideia dos caminhos a serem seguidos”, comenta o arquiteto. “O importante era que fosse um espaço de tranquilidade, que garantisse momentos de trabalho e de lazer em plena harmonia com a paisagem.” Com esse objetivo em mente, Dziewulski recorreu ao uso extensivo de vidros estruturais, para criar uma linguagem dinâmica, marcada por fortes traços da arquitetura modernista californiana.

 

 

“O design deveria perseguir um perfeito equilíbrio entre a construção e o ambiente natural. Por essa razão, as paredes da sala são formadas por superfícies
de vidro ininterruptas, que eliminam qualquer obstáculo visual entre os espaços interno e externo”, comenta ele.

 

Barreiras diluídas

O vidro é responsável por promover essa interação com a natureza, criando fronteiras permeáveis, erguidas como uma estrutura transparente que se projeta à
beira do lago e dá sustentação ao formato fluido e inclinado do telhado de concreto. “As formas esculturais da estrutura seguem um movimento curvo e igeiramente
torcido, para tirar proveito máximo da vista para o lago”, descreve o autor do projeto. “Essa vista é naturalmente valorizada pelas amplas paredes de vidro, que reforçam a experiência de imersão na paisagem proposta pelo piso em balanço, que avança suspenso sobre as águas e forma a base da construção.”

 

Embora se assemelhe a uma caixa envidraçada, a estrutura do pavilhão está longe de ser um bloco monolítico e de formas rígidas. A fachada frontal é formada por
vidros estruturais autoportantes, sustentados por vigas de aço quase imperceptíveis, instaladas tanto na base como na parte superior da fachada. Constituído por chapas temperadas de 18 mm medindo mais de 4 metros de altura, o sistema foi executado pela Bagatelos Architectural Glass Systems.

 

As chapas formam uma espécie de zigzag, que garante a flexibilidade necessária para fazer o movimento ligeiramente curvo da estrutura

 

Os painéis de vidro foram instalados sem molduras aparentes, fixos por silicone estrutural. “Entre uma folha e outra, foram aplicadas chapas perpendiculares também de vidro, que formam uma espécie de ‘barbatana’ e reforçam a estrutura de sustentação para as cargas horizontais da janela”, explica Dziewulski.
Jogos de luz natural são explorados de múltiplas formas. “Os reflexos dos raios solares que incidem na água penetram através do vidro e projetam no teto diferentes padrões de movimento ao longo do dia”, diz o arquiteto.

 

E acrescenta: “Ao mesmo tempo, uma série de três claraboias garante penetração mais profunda de luz no interior, articulando-se com o formato da cobertura. Na face leste há uma parede curva, em que painéis de vidros transparentes e translúcidos se alternam, formando uma superfície sanfonada responsável por um efeito ótico especial, que ao mesmo tempo em que direciona o olhar para o lago, oferece ao ambiente um iluminado e escultural pano de fundo.”