Entenda a diferença entre cada tipo de fixador químico e como aplicá-los

Entenda a diferença entre cada tipo de fixador químico e como aplicá-los

Capa: Entenda a diferença entre cada tipo de fixador químico e como aplicá-los

Uma boa fixação e colagem garante a durabilidade e segurança de uma instalação, onde não haverá a soltura dos vidros e problemas de infiltração, evitando, além de graves acidentes, retrabalhos e reclamações. Na construção civil encontramos basicamente dois tipos de fixações: a mecânica, que utiliza parafusos, calços e acessórios como o spider e encaixe em estruturas metálicas, como perfis de alumínio, e a química, com o uso de silicones, selantes e adesivos que promovem a fixação dos materiais. 

 

 

 

 

O que diferencia os fixadores químicos são as aplicações para as quais se destinam; há formulações para atender às mais diversas circunstâncias, tempo de cura, resistência e bases químicas distintas –  as mais utilizadas para o vidro são silicone, PU, STP e epóxi. “Os principais componentes determinam as propriedades de cada produto, resistência, alongamento e durabilidade. Existem produtos que chamamos de multifuncionais, por aderirem em diversos materiais com grande eficiência. Para instalações de vidro com esquadrias de alumínio, latão, aço inox e polímero, por exemplo, são indicados silicones e poliuretanos”, diz Joece do Nascimento, analista de Pesquisa e Desenvolvimento da Brascola.

 

 

 

 

André Garde Alday, coordenador de Marketing da Alpatechno, ressalva que há casos em que se utiliza os dois tipos de fixações, como a realizada na colagem de sistema pele de vidro (structural glazing), feita utilizando fita adesiva estrutural VHB e a aplicação de um silicone estrutural para finalizar a vedação do quadro e também entre os painéis. “A indicação do produto ideal sempre estará ligada ao tipo de material onde será realizada a vedação. Por isso, sempre devemos nos atentar sobre os aspectos do produto, como capacidade de adesão, resistência às intempéries, elasticidade, suporte de altas ou baixas temperaturas e compatibilidade com o material onde será aplicado”, explica. 

 

“Para exemplificar as condições, quando realizamos a vedação de uma cobertura de vidro, devemos utilizar um selante que tenha alta resistência às intempéries, forte adesão às superfícies em que será aplicado e capacidade de movimentação para acompanhar as superfícies em que está fixado. Já em um box de banheiro, essas condições mudam, é recomendado um selante que possua boa durabilidade para evitar infiltrações e que contenha fungicida em sua formulação para manter a boa aparência em um ambiente de muita umidade”, completa.  

 

 

 

 

 

 

Tipos de produtos

 
Popularmente o termo “cola” é utilizado para se referir a uma família de produtos químicos que terão a função de realizar uma adesão ou vedação. No mercado é possível encontrar diferentes tipos de colas, como por exemplo cola branca, cola quente, cimento cola, cola epóxi, dentre outras. Selantes e adesivos são produtos que podem possuir bases químicas idênticas, entretanto com finalidades distintas. “Existem conceitos diferentes para cada fornecedor, para a Sika um selante é definido quando um material tem como principal finalidade promover uma vedação. Já no caso dos adesivos, a principal finalidade é realizar uma adesão que exige que o produto possua uma resistência maior aos esforços aplicados”, define André Rondon Cunha, gerente técnico da Sika.

 
Selantes x adesivos

Os selantes são projetados para “selar” ou “vedar” juntas com movimento, como visto em fachadas, pisos, lajes e estruturas, e juntas sem movimentação, como em boxes, louças sanitárias e pias de cozinhas. Também é aplicado entre duas ou mais superfícies de materiais iguais ou diferentes, fornecendo uma barreira e propiciando estanqueidade de ar, água ou poeira. As propriedades físicas de sua base química determinarão as características técnicas, desempenho e, principalmente, seu tipo de uso e limitações. 

Os selantes podem ter como base química acrílicos, polissulfetos, poliuretanos, polímeros híbridos, polímeros de MSP, silicones (acéticos e neutros), entre outros componentes. Já os adesivos são projetados para unir duas ou mais partes de materiais, sejam do mesmo tipo ou diferentes. A base química e suas propriedades físicas determinarão suas características técnicas ou a funcionalidade para o qual foi projetado. Podem ser feitos com cianoacrilato, epoxi, acrílico, hot melt, PVA, poliuretano, silicone, viniléster, poliéster, entre outras.

“Todo selante além de vedar também possui uma propriedade adesiva, caso contrário dificilmente iria aderir ao substrato, e todo adesivo além de realizar uma adesão também possui propriedade de vedação. Para explorar um pouco este conceito de forma bastante superficial, de acordo com André Rondon Cunha, podemos entender que um selante é um produto mais macio e elástico, enquanto que um adesivo seria um produto mais rígido e duro. “Quando falamos de silicones, estamos mencionando uma base química para um adesivo ou selante. O diferencial do silicone para o mercado da construção civil é que esta base química possui excelentes propriedades para intempéries e exposição aos raios UV, porém este material não aceita pintura”, afirma o gerente técnico da Sika.

Entre as principais características dos selantes e adesivos, segundo a Alpatechno, determinadas a partir da sua formulação, estão tempo de formação de película, tempo de cura, dureza, densidade, alongamento, elasticidade, adesão em superfícies e resistência à temperatura, a agentes climáticos, à tração e ao cisalhamento. “A cura  dos selantes e adesivos mais comuns acontece pela evaporação ou reação química em contato com o ar (mono componentes) ou também através da adição de um catalisador (bi componentes)”, diz.

 

Silicone

Existem diversos tipos de selantes de silicones disponíveis no mercado mundial, especialmente nas grandes cidades onde reformas e construções de novos edifícios e de megaempreendimentos, exigem dos fabricantes novas formulações de selantes que atendam às diversas normas demandadas para a construção civil. Um tema que frequentemente causa confusão aos consumidores, sejam profissionais ou não, é a escolha do silicone apropriado para uma determinada finalidade, especialmente quando se fala de silicone de cura acética ou neutra. Para ajudar na escolha do produto adequado, relacionamos aqui uma lista resumida de informações. 

Cura Acética: Adere em superfícies lisas ou vitrificadas, como azulejos, louças sanitárias, alumínio e vidro comum ou temperado. Utilizado principalmente para vedações sanitárias e boxes. Não pode ser utilizado em espelhos, pois provoca manchas, nem em vidros laminados, aramados, metais ferrosos, alvenaria, concreto ou pedras.

Cura Neutra: Adere em superfícies lisas ou porosas, vidro comum, temperado, laminado, alumínio, alvenaria, concreto, pedras, metais ferrosos etc. Em resumo, é possível afirmar que um “bom” silicone neutro serve para quase todo tipo de vedação, sendo multiuso.

“A diferença entre o neutro e o acético está na cura, o silicone neutro libera álcool, enquanto o acético libera ácido acético. Os silicones são os mais utilizados para selar pias, boxes, janelas, inox, madeiras e vidros. O silicone neutro pode ser utilizado também para fixar espelhos, e como não oxida o metal é bastante utilizado na indústria em vedação de equipamentos”, diz Joece.

 
Híbridos: Edson Derli Rodrigues, químico da Área Técnica da Orbiquímica, revela que o selante de silicone acético (cura acética), hoje o mais comumente utilizado, no futuro não será mais aplicado porque seu catalisador é um  poluente, agride o meio ambiente, e por isso, o produto já é proibido em alguns países. “O acético é indicado para tudo menos superfícies pintadas e espelhos, pois provoca manchas. O mercado já desenvolveu um silicone de cura neutra e também os híbridos, que estão tomando conta do mercado”, destaca.
 

Rodrigues diz que o PU é bom para colar tudo, mas como ele é mais duro, não tem a flexibilidade do silicone, não é indicado para vidros porque pela sua dureza pode danificar o material, trincar o vidro. O silicone, além de dar aderência, serve para selar, ele alonga e estica. Já o híbrido, mistura a parte boa do silano – silicone e do PU – poliéster.  “O híbrido que pode ser transparente, possui ótima aderência e dureza. É indicado para fixação e acabamento”. 

Silicone Estrutural – Cura Neutra: Formulado para colar com grande poder de adesão o vidro no alumínio, em sistemas tipo “pele de vidro”, também pode ser utilizado como selo secundário em vidro insulado, em colagem ou vedações de coberturas e guarda-corpos. O produto possui características especiais que agregam resistência mecânica ao esforço (arranque, cisalhamento e torção) e ao intemperismo. Tratando-se de colagens estruturais há o compromisso de seguir projetos elaborados por profissionais e seguir os procedimentos exigidos pelo fabricante do silicone. 

É um produto que depois que cola nunca mais descola, mesmo tendo acesso a água, diferentes temperaturas e todo tipo de agressão permanece da mesma forma. Sua cura é mais lenta. Seu alto desempenho só pode ser alterado por erros em sua aplicação ou quantidade que deve ser aplicada, o que precisa ser calculada por um profissional especializado, como um engenheiro civil, e sua venda também é restrita e monitorada. Edson ressalta em em sua aplicação é preciso preparar a superfície com um primer adequado. “Se for fabricado por empresas certificadas e aplicado corretamente, não há falhas”, garante Edson. “Os adesivos estruturais têm grande resistência e são indicados em condições onde se exige um grande esforço do adesivo”, acrescenta Joece. 

Selante estrutural – Cura Neutra: É indicado para vedar materiais ou superfícies de difícil aderência e de grande movimentação. Trata-se de um selante que possui alto poder de adesão, muita flexibilidade, elasticidade permanente e ampla resistência ao intemperismo. É especialmente formulado para vedações externas de fachadas de vidro, coberturas de policarbonato, claraboias de acrílico e grandes claraboias em vidros especiais ou laminados. 

[Box] – Dicas para uma colagem eficiente

Escolha do produto
Ao escolher produtos, busque empresas com certificações e verifique a pureza do silicone e dos componentes utilizados. A partir de 55% de polímero é um produto de maior qualidade, de acordo com Edson da Orbiquímica. “É importante buscar sempre um produto de qualidade, encontramos no mercado produtos que retraem e não são eficientes na vedação, a busca pelo menor preço pode causar prejuízos e retrabalho os vidraceiro. É importante avaliar se o material ficará exposto ao sol, se precisará de acabamento com tinta, qual o esforço que o material irá sofrer”, destaca Joece.

 

Preparo da superfície
Para que o fixador químico garanta sua eficiência e uma colagem segura, é preciso preparar adequadamente a superfície em que o produto será aplicado. As superfícies precisam estar limpas, livre de sujeiras e poeira, secas e isentas de gorduras. “Uma superfície com essas características garante a eficiência da colagem. Utilize os equipamentos adequados para a colagem, pistola, fita e bico aplicador. É importante sempre verificar as instruções na embalagem, utilizar equipamentos adequados para a aplicação e em caso de dúvida buscar ajuda técnica”, orienta a especialista da Brascola. 

 

Quantidade certa de produto
Edson da Orbiquímica ressalva que a falta de produto pode fazer o vidro não aderir o suficiente ao substrato e o excesso deixará o acabamento ruim. O excesso pode ser cortado com o estilete, por exemplo, e há também produtos solventes, mas o acabamento não fica bom, por isso, o melhor é utilizar a quantidade correta ou limpar na hora, antes de formar película e o produto emborrachar, o que vai começar a acontecer assim que entrar em contato com o ar. 

 

“Essa dosagem pode ser medida pelo bico aplicador, que pode ser cortado direcionar de acordo com a espessura do diâmetro e quantidade a ser aplicada. Uma forma de evitar acabamentos ruins é proteger o entorno onde o produto não deve ser colocado com fitas crepe, pois assim que forem tiradas levarão o excesso de produto junto”, aconselha Edson Rodrigues.

 

Tempo de cura

Depois de aplicado, assim que entra em contato com o oxigênio o produto começa seu processo de secagem. De 5 a 10 minutos já começa a formar uma película, quando então entra no processo de emborrachar. Em 24 horas geralmente cura totalmente. Cada material tem seu tempo de cura, é importante respeitar este tempo indicado pelo fabricante para ter um resultado ideal. “Alguns vidraceiros querem acelerar a cura, mas é preciso ter cautela com estes artifícios”, alerta o químico da Orbiquímica. “Limpar a superfície e aguardar o tempo correto de cura são primordiais para o bom desempenho dos adesivos e selantes”, ressalta Joece.