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Papo Direto

Em preparação constante

Novo presidente da AFEAL aponta os caminhos a serem percorridos pela entidade nos próximos anos

20/07/2016

Lucinio Abrantes dos Santos, presidente da AFEAL (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio)

Ao lado da falta de mão-de-obra especializada, atender a crescente demanda por eficiência térmica e acústica das esquadrias e fachadas de alumínio, no contexto da proliferação de obras sustentáveis, será um dos desafios que o empresário Lucinio Abrantes dos Santos terá pela frente no comando da AFEAL (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio). Para ele, essa é uma situação com que o setor terá de conviver pelo menos até 2014, em razão do grande volume de obras voltadas para a Copa do Mundo.

 

Eleito presidente em abril, o sucessor de Roberto Papaiz revela, em entrevista a Vidro Impresso, suas metas para o novo mandato, que deverá priorizar as normas técnicas em preparação, como a de desempenho das edificações, a qualificação profissional do setor e o relacionamento da AFEAL com entidades representativas dos demais segmentos da construção civil.

 

Como avalia as perspectivas para o seu setor em função da Copa de 2014, a Olimpíada de 2016 e o aquecimento da construção civil?
Lucinio Abrantes - O setor de esquadrias e fachadas de alumínio atravessa um ótimo momento, diante da forte expansão da construção civil, acompanhada de uma crescente demanda por nossos produtos. Paralelamente a essa expansão, as obras que envolvem os eventos esportivos de 2014 e 2016 estão acelerando o crescimento do setor, para atender a construção de estádios, hotéis e shoppings e a ampliação de aeroportos, entre outras obras. Esta preparação já vem ocorrendo há alguns anos e se mantém constante, sendo de suma importância o aumento da produção por meio de investimentos em tecnologia e capacitação da mão de obra. Com estas medidas, produziremos em volume suficiente para atender as novas obras. Precisamos também ficar atentos ao fato de que algumas obras específicas para esses fins exigirão uma tecnologia de ponta, para a qual contamos com a parceria de sistemistas que atuam no mercado nacional.

 

As extrusoras conseguiram atender a demanda do mercado de alumínio em 2010? Estão preparadas para dar conta do volume de esquadrias a ser produzido em 2011?
Em recente pesquisa, a AFEAL apurou que de 80% a 90% dos fabricantes de esquadrias e fachadas estão operando com a sua capacidade produtiva dentro dos padrões normais, ou seja, de um turno, e o restante com ociosidade. E todos têm possibilidade real de aumento de turnos e criação de novos empregos, conforme exija a demanda do mercado. O consumo de alumínio na construção civil para esquadrias e fachadas teve um aumento de 28% em relação a 2009. Ou seja, em 2010 foram consumidas 87,9 mil toneladas e a previsão para 2011 é de 96,3 mil toneladas. Desta forma, haverá um incremento de 9,56%. Em evento na ABAL - Associação Brasileira do Alumínio, as extrusoras anunciaram investimentos na ampliação de suas plantas de fábrica e em novas prensas, que garantirão o aumento da produção, a melhora na qualidade e o abastecimento regular dos perfis.

 

Como enfrentar a questão da falta de mão de obra qualificada?
A demanda por trabalhadores na construção crescerá à taxa de 3,1 % ao ano entre os períodos de 2009 a 2022. O desafio será atrair e qualificar este contingente de trabalhadores. A AFEAL, em seu plano estratégico, pretende ampliar os cursos nas áreas operacionais e técnicas dos fabricantes de esquadrias e fachadas através das parcerias que já possui com entidades como o SENAI e a SOBEI. Quatro novos projetos estão em fase de estudos e implantação: a criação do Centro Móvel de Formação de Profissionais; Programa de Avaliação Técnica de Instaladores; Criação de cursos de aprendizagem industrial; e a capacitação de profissionais nas comunidades em parceria com o Instituto Neotrópica, que tem como objetivo formar líderes comunitários para treinamento de jovens a partir de 18 anos de idade (futuros colaboradores de nossas indústrias).

 

Que outros gargalos vê pela frente?
Precisamos pleitear junto ao governo melhores condições de financiamento para importação de máquinas e equipamentos (linhas de crédito e redução de taxas de importação que hoje estão em torno de 55%), bem como a redução da carga tributária que incide sobre as esquadrias e fachadas.

 

Quais as razões do aumento da demanda de esquadrias de alumínio em comparação com outras opções?
Há uma crescente demanda por esquadrias padronizadas e especiais. Por serem leves, bonitas e sustentáveis, a tendência das construtoras e consumidores é substituir por esquadrias de alumínio materiais como a madeira, o aço e o PVC.
Desde a implantação do Programa Setorial de Qualidade, as esquadrias de Alumínio passam por um maior controle de qualidade o que garante segurança e tranquilidade para quem adquire o produto. Sabemos que as exigências do consumidor crescem a cada dia e com elas o nosso desafio de oferecer soluções cada vez mais eficientes e objetivas. Isto é: agregar valor às esquadrias e fachadas e estas, às construções.

 

Quais seus principais objetivos à frente da Afeal?
Fortalecer e ampliar os laços com as entidades do setor, a começar pelo SindusCon - Sindicato da Indústria da Construção Civil, e buscar novas parcerias com empresas que viabilizem cursos de aperfeiçoamento, capacitação técnica e operacional dos trabalhadores do setor.
Além disso, de acordo com seu planejamento estratégico, a AFEAL pretende estimular o desenvolvimento de produtos e soluções que possibilitem atender a demanda crescente de obras sustentáveis, que exigem melhor eficiência térmica e acústica das esquadrias e fachadas de alumínio. Deverá, ainda, realizar estudos para a criação permanente de normas técnicas para atender a qualidade dos produtos hoje ofertados, no que tange à necessidade de conforto dos usuários.

 

Como se processa o diálogo entre o setor de esquadrias de alumínio e o setor vidreiro? De que maneira esse diálogo poderia ser estreitado?
A AFEAL tem ótima relação com entidades representativas do setor do vidro, como Abravidro e Anavidro. Uma vez que os dois se complementam, entendo que os setores do vidro e o de esquadrias de alumínio devam unir esforços para , a partir da constante revisão e criação de normas técnicas, promover a qualidade e estabelecer uma campanha permanente de valorização de seus produtos.

 

Que contribuição as esquadrias de alumínio têm a oferecer em relação ao isolamento termo-acústico das edificações?
As indústrias de esquadrias e fachadas de alumínio  em permanente evolução tecnológica estão aptas a oferecer soluções de comportamento termo-acústico para qualquer nível de solicitação. Para as linhas residenciais dispomos dos chamados perfis de corte térmico ou “Thermal Break”, solução que combina perfis de alumínio com perfis de poliamida, um material de baixa condutividade térmica, robustos e que agregam valor, beleza e conforto ao imóvel. Um dos grandes desafios do setor é implementar no Brasil as fachadas sustentáveis geradoras de energia fotovoltaica. O processo, de maneira simplificada, consiste em placas instaladas na fachada que captam a energia solar. Estando num país tropical, onde há incidência de sol e luminosidade quase todos os dias, este projeto arrojado reduzirá significativamente o consumo de energia elétrica, além de proporcionar conforto e bem-estar ao ambiente.

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