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De fachadas e coberturas a guarda-corpos, divisórias e alambrados, aplicação do vidro ganha destaque nos estádios modernos

11/08/2016

Fachada envidraçada do Arena Castelão, em Fortaleza, projeto do Vigliecca & Associados

A Copa do Mundo vem aí, e com ela a expectativa de ver materializados os investimentos bilionários que o País tem recebido em construção civil e infraestrutura urbana, visando atender as demandas de um evento desse porte e receber bem as mais de 3 milhões de pessoas esperadas para o campeonato. A aproximação do evento esportivo mais importante do planeta tem aberto espaço, não só nas publicações especializadas, mas também na imprensa leiga, para a arquitetura ligada à construção de estádios e arenas esportivas, campo em que o vidro assume crescente protagonismo. 

 

A vantagem do uso do material em estádios é uma unanimidade entre profissionais do setor. “Na condição do produto para a construção civil que mais evoluiu nos últimos 30 anos, o vidro tem se destacado na oferta de soluções adequadas a esses projetos. O total controle da relação entre o interior e exterior é certamente sua principal contribuição”, diz José Guilherme Aceto, diretor da Avec Design. “O vidro é especificado por propiciar vista para o campo, além de conferir elegância e amplitude visual entre as dependências internas”, acrescenta o engenheiro John Williams, da americana HOK Sports, especializada em arquitetura esportiva. 

 

Arena da Baixada

Arena da Baixada

Assinado por Carlos Arcos Arquite[c]tura, o projeto conta com esquadrias de alumínio e vidro laminado instaladas nos fechamentos dos camarotes, áreas Vip e em duas fachadas externas. Já os guarda-corpos e divisórias de vidro localizam-se no nível P2, setor Vip e arquibancadas mais altas, garantindo visibilidade e segurança reforçada. Neste caso a escolha recaiu sobre os temperados e laminados, com espessuras de 8+8 mm e 10+10 mm. A fixação lateral no concreto usa perfis de alumínio   

 

Como em outros tipos de projetos, a aplicação do vidro nos estádios tem sido associada a soluções que, muitas vezes, deixam de ser apenas tendências para se tornarem um padrão adotado mundo a fora. “Além da estética, o vidro propicia maior conforto térmico e visual. Por ser um material extremamente versátil e durável, seu uso na Europa, Ásia e América Central, principalmente, já é um padrão na arquitetura dos estádios modernos. No Brasil também verificamos um aumento significativo de sua aplicação”, diz o gerente técnico comercial da Guardian, Alexandre Bonato.

 

Do útil ao belo

 

As novas funcionalidades dos projetos voltados para o esporte levam os arquitetos a incluir cada vez mais aplicações com vidros de segurança. “No passado, os estádios quase não usavam vidro. Hoje a tendência é predominante”, observa o coordenador de franquias da Blindex, Jairo Martins. Vidros de segurança da empresa foram instalados nos camarotes e guarda-corpos do Maracanã e em diversas aplicações da Arena Pantanal, obra em andamento. Ele lembra que o vidro tem se mostrado uma opção que vantajosa em fachadas, coberturas, cabines de imprensa, camarotes, guarda-corpos e divisórias.  

 

Maracanã

Maracanã

Totalmente renovado, o estádio será palco da final da Copa do Mundo. A revitalização é assinada pelo arquiteto Daniel Fernandes, do Fernandes Arquitetos. As melhorias incluíram um investimento de R$ 6 milhões na instalação de painéis fotovoltaicos, que cobrem uma área de 2,5 mil m2.  Vidros de segurança Blindex foram aplicados nos guarda-corpos da arquibancada, processados pela Saint-Germain, parceira da empresa no Rio de Janeiro

 

Em fachadas, o material vem aos poucos substituindo alvenaria, que demanda maior tempo de construção. “É certamente uma solução que valoriza projeto esteticamente, propiciando leveza e modernidade”, afirma o gerente de marketing da Cebrace, Carlos Henrique Mattar. “Nesse tipo de aplicação – afirma – os vidros mais indicados são os de proteção solar, por oferecem alto desempenho, variedade estética e de transmissão luminosa.” A linha da Cebrace voltada para essa aplicação é a Cool Lite, que em sua nova geração também é disponibilizada em versões temperada e monolítica. “Um exemplo é o uso de cerca de 1.500 m2 de vidros Cool Lite no Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília”, cita Mattar.

 

Com extenso portfólio de cores e níveis de controle solar, os vidros de eficiência energética atendem a padrões de especificação que permitem a fidelização da cor idealizada no projeto e menor consumo de energia elétrica, observa Bonato, da Guardian. “As últimas tecnologias agregadas a esses vidros têm ampliado sua participação em projetos referenciais. O SNL 3, lançado recentemente no Brasil pela Guardian, apresenta um diferencial inédito no País: um bloqueio de calor de 71%, com transmissão luminosa de 37% quando laminado com um segundo vidro incolor. É um produto fabricando no Brasil para atender especificamente às necessidades de um clima tropical como o nosso.” 

 

Os mesmos tipos de vidro são os mais indicados também para coberturas, aplicação em que o material cumpre a função principal de conjugar proteção climática e luminosidade natural, garantindo conforto térmico nas arquibancadas. “Adicionalmente, a incidência de luz e calor em níveis adequados favorece o crescimento natural do gramado”, diz o gerente técnico da Guardian. 

 

Aviva

Aviva

Cápsula de vidro. O Aviva Stadium, em Dublin, na Irlanda, é um dos mais belos exemplares da aplicação do vidro em estádios. Resutado de uma parceria entre o escritório Papulous e arquitetos locais, o projeto conta com um revestimento transparente que combina vidro e policarbonato para inundar os espaços internos com luz natural

 

Em áreas VIP, cabines de imprensa e camarotes, alambrados e guarda-corpos, prepondera o quesito segurança. Nesse aspecto, os vidros temperados e/ou laminados têm se tornado um padrão, pois privilegiam o conforto térmico e acústico e propiciam visão plena do campo. “Os laminados são os vidros de segurança por excelência em ambientes de grande público”, afirma José Guilherme Aceto. Segundo o diretor da Avec Design, o ideal nesses casos é optar pelos vidros antirreflexo, que se tornam quase invisíveis. “É imprescindível também que os guarda-corpos apresentem alto nível de resistência a impactos”.

 

O diretor destaca alguns sistemas da empresa apropriados para aplicações em estádios. “Em coberturas e fachadas, indicamos o sistema Ecoglazing, em que os vidros são encapsulados em sua bordas com perfis de silicone, formando um caixilho sintético que pode ser aplicado diretamente na estrutura e permite geometrias complexas.” A empresa também trabalha com sistemas de vidros laminados fotovoltaicos, outra forte tendência em estádios do mundo inteiro, com vistas à sustentabilidade do empreendimento. “São vidros com a tecnologia do filme fino de silício amorfo aplicada na face 2 de um laminado normal com PVB. Esses vidros produzem de 65 a 30 watts por metro quadrado, dependendo do nível de transparência desejado. Além da produção de energia 100% limpa eles também controlam a luminosidade e calor nos ambientes”, informa Aceto, que aponta como exemplo dessa aplicação o Mineirão, em Belo Horizonte.

 

Mineirão

No quesito sustentabilidade, o Mineirão, em Belo Horizonte, aparace como o grande destaque entre os novos projetos nacionais. Revitalizado para a Copa pelo BCMF Arquitetos, o estádio ostenta um usina fotovoltaica em sua cobertura, formada por 6 mil módulos constituídos por chapas de vidros temperados texturizados de 4 mm.  Toda a energia gerada será injetada na rede de distribuição da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais)

 

“Tanto os vidros de proteção solar quanto os painéis fotovoltaicos são itens que contam pontos para a sustentabilidade do projeto”, oberva Mattar, da Cebrace. Quanto aos produtos da empresa, afirma: “Para guarda-corpos e alambrados, indicamos o extraclear Diamant, vidro com baixo teor de ferro e recomendado para lugares que demandam máxima claridade e transmissão luminosa, ou o antirreflexo Optiview, apelidado de ‘vidro invisível’, que é indicado para otimizar a visibilidade através dele.” 

 

Arena Pernambuco

Arena Pernambuco

O estádio será palco de cinco jogos da Copa e incorpora mais de 8 mil m² de vidro, entre cobertura, acessos e guarda-corpos. Situada a 19 km de Recife, a nova arena concebida pelo arquiteto Daniel Fernandes recebeu  vidros laminados da Fanavid na cobertura, instalados com sistema Uniglazing de encapsulamento com perfis de silicone, da Avec Design. Os vidros também estão presentes nos peitoris e barreiras de torcida. “O material garantiu segurança em conformidade com as normas e ao mesmo tempo permitiu plena  visibilidade”, comenta Fernandes. Os caixilhos de alumínio foram fixados em estruturas de concreto e, para a cobertura, as chapas de vidro foram fixadas diretamente sobre a estrutura metálica de aço

 

Brasil em foco

 

“O vidro ganhou lugar de destaque nas modernas instalações das novas arenas brasileiras. Impulsionados pelo padrão FIFA de qualidade, os clubes brasileiros passaram a ter o vidro aplicado nos mais diversos ambientes, o antigo alambrado de arame, foi substituído por modernas e resistentes placas de vidros; as cabines de imprensa são equipadas com vidros acústicos, garantindo maior conforto e qualidade para transmissão”, afirma o supervisor de vendas da PKO do Brasil, Fábio Pérsio.

 

Além das fachadas e coberturas, é crescente o uso do vidro no alambrado, considerado uma quebra de paradigma. “O desenvolvimento de soluções que tornassem o uso do vidro 100% seguro nesse tipo de aplicação foi um dos principais avanços para o segmento”, comenta Alexandre Bonato, da Guardian. Os vidros da fabricante estão presentes na Arena Castelão, em Fortaleza.

 

Maior estádio do Norte e Nordeste, e que após o evento se tornará uma arena multiuso, o Castelão será palco de seis jogos da Copa. Distante 9 km do centro de Fortaleza, o estádio é revestido por aço inox e por uma pele de vidro formada por mais de 760 peças, cada uma medindo 1,51 X 2,42 m. Cobrindo uma área aproximada de 3 mil m², os vidros cumprem a função de controlar os raios solares e trazer iluminação ao local. “A solução para o vidro neste ambiente foi motivo de muito estudo e planejamento”, diz a arquiteta Claudia Mitne, gerente de marketing da GlassecViracon, beneficiadora que forneceu o material.  
O projeto do Castelão recebeu mais de 3 mil m² de vidros laminados de controle solar estrutural verde (16 mm). A obra é da construtora Andrade Mendonça, com projeto do escritório de arquitetura Vigliecca & Associados e consultoria de fachadas da Arqmate. 

 

Ainda no Nordeste, a Glassec foi fornecedora dos vidros da Arena Pernambuco. Localizado em São Lourenço da Mata, a 19 km da capital pernambucana, o estádio será sede de cinco jogos da Copa do Mundo. O projeto incorpora 8.450 m² de vidro, entre cobertura, acessos e guarda-corpos. 
Sob responsabilidade da Hedron, os vidros instalados nos guarda-corpos foram fabricados pela Cebrace. A escolha recaiu sobre os laminados compostos por vidros antirreflexo Optiview de 6 mm + float incolor 6 mm. “Executamos todos os guarda-corpos com envidraçamento auto-portante”, diz o engenheiro Ricardo Macedo, da Hedron. “Para o isolamento acústico dos camarotes VIP e cabine de imprensa usamos vidros laminados incolores de 12 mm”. 

 

A aplicação da cobertura ficou a cargo da Avec Design. “Utilizamos o Uniglazing, sistema unitizado fixado aos nós esféricos da estrutura espacial. Pudemos produzir os quadros simultaneamente à fabricação e montagem da cobertura”, diz o diretor José Guilherme Aceto. Os 22 módulos em que foi dividida a cobertura foram montados e envidraçados no solo, sendo posteriormente içados por guindastes. Ao todo, a cobertura recebeu 6 mil m2 de vidros laminados incolores de 10 mm, instalados em 1.565 quadros pré-fabricados. 

 

A Arena Pantanal, em Cuiabá (MT), será um dos estádios mais tecnológicos a sediar os jogos da Copa. Segundo o arquiteto Sergio Coelho, do escritório GCP Arquitetos, o projeto levou em conta as altas temperaturas da região, com vistas ao conforto térmico dos ambientes. Com esse objetivo, foram aplicados vidros nas áreas internas, fachadas externas e internas, nos camarotes e áreas vip que dão para o gramado e em guarda-corpos, inclusive nas arquibancadas. Nos camarotes e salas de imprensa, a escolha recaiu sobre os temperados incolores, fabricados pela Cebrace e instalados pela Guaporé Vidros. Já nos restaurantes, banheiros e laterais das arquibancadas, os vidros são insulados de laminados. 

 

Arena Pantanal

Arena Pantanal

Vidros de segurança Blindex foram instalados nos fechamentos das salas de imprensa, áreas Vip e nos 97 camarotes da Arena Pantanal, em Cuiabá (MT). 
Laminados e/ou temperados com espessuras de 6, 8, e 10 mm, os vidros foram processados pela Guaporé Vidros e fabricados pela Cebrace  

 

A Arena Corinthians, em São Paulo é um exemplo de quanto o vidro pode agregar beleza, conforto, segurança, qualidade e economia às arenas modernas. Com projeto assinado pelo arquiteto Aníbal Coutinho, o empreendimento ostenta uma fachada com mais de 9 mil m2 de vidros brancos fabricados pela AGC e processados pela italiana Sunglass. As 1,3 mil placas de temperados laminados intercalam pontos de LED. Com formatos e tamanhos diferentes, as chapas foram montadas de modo a formar uma espécie de mosaico. O design da fachada simula a rede sendo estufada pela bola.

 

Arena Corinthians

Arena Corinthians

Além da fachada envidraçada e orgânica, o estádio, considerado um dos mais modernos do mundo, recebeu nos camarotes vidros jumbo laminados e temperados com pintura serigáfica, tratados com Diamon DirtOff. A aplicação ficou a cargo da T2G

 

Além das arenas que receberão os jogos da Copa do Mundo, vários clubes brasileiros vêm seguindo a tendência de maior utilização dos vidros em grande centros esportivos. Em 2012, a PKO do Brasil forneceu para a Arena do Grêmio mais de 5,3 mil m²  entre vidros laminados e vidros insulados, que foram aplicados nos ambientes internos do estádio, garantindo maior conforto térmico e acústico.

 

Estádios do mundo

 

Com tantos projetos novos, o Brasil hoje abriga algumas das mais belas e modernas arenas do mundo. O uso do vidro em estádios, no entanto, é uma tendência global, que há tempos norteia os projetos da categoria. O Wembley Stadium, na Inglaterra, é um exemplo internacional emblemático de um novo perfil assumido pelas arenas esportivas. Segundo maior estádio da Europa, perdendo apenas para o espanhol Camp Nou, o empreendimento foi alvo de uma ampla revitalização, que o situou entre os mais modernos do mundo. O vidro marca presença em aplicações variadas, da fachada às instalações internas, conferindo beleza e conforto de forma inteligente e eficiente.

 

Wembley

Estádio Wembley

Exemplo emblemático de um novo perfil assumido pelas arenas esportivas, o Wembley Stadium, na Inglaterra, foi alvo de uma ampla revitalização, que o situou entre os mais modernos projetos do mundo. Segundo maior da Europa, o estádio leva vidros em aplicações variadas, da fachada às instalações internas

 

Ganhadora do título de melhor estádio do ano de 2013 no 35o Annual Interiors Awards, concurso realizado em Nova York pela Contract Magazine, a Ghelamco Arena, localizada em Ghent, na Bélgica, é outro exemplo do uso extensivo do material. Inaugurado em julho de 2013, o estádio oficial do clube KAA Ghent ostenta uma exuberante fachada integralmente envidraçada, que, junto com outras aplicações internas e externas, somam mais de 33 mil m2 de vidro.
Para acompanhar as cores do clube, azul e branco, o revestimento da fachada recebeu vidros laminados Thermobel Stopray Ultra-50 Clearvision, da AGC, com tonalidade azulada. “O triplo revestimento de prata depositado sobre a superfície desse vidro oferece um excelente desempenho, com máxima proteção solar e fator U (coeficiente de transferência de calor) extremamente baixo, de apenas 23%, resultando em menores custos com ar condicionado”, informa o gerente de marketing da AGC Brasil, Lucas Oliveira. “Além disso, apesar de apresentar diferentes espessuras, a base em vidro extra claro Clearvision garante uma cor constante e uma considerável transmissão luminosa, de 49%.”

 

Ghelamco Arena

Ghelamco Arena

Inaugurada em julho de 2013, o estádio oficial do clube KAA Ghent, na Bélgica, ostenta uma exuberante fachada integralmente envidraçada, que, junto com outras aplicações internas e externas, somam mais de 33 mil m2 de vidro

 

Outro projeto marcante no exterior é o AAMI Park, em Melbourne, na Austrália. Sua fachada apresenta um revolucionário design, com o primeiro domo geodésico usado em uma cobertura de estádio esportivo. A geometria da cobertura, constituída por painéis de vidro e metal, estabelece perfeita integração entre forma e funcionalidade. A construção do AAMI Park marca uma nova geração de design para estádios, segundo a Arup, empresa responsável pela engenharia estrutural do projeto.

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