As mil faces da arte vidreira

As mil faces da arte vidreira

Capa: As mil faces da arte vidreira

Esculturas monumentais, instalações ao ar livre, jardins coloridos, programas educativos, acervos de artistas renomados e um estúdio para workshops e experimentações com o vidro soprado. Essas são algumas das atrações oferecidas pelo Museum of Glass (MOG), museu do vidro no Estado de Washington, nos Estados Unidos. Quase 7 mil m2 integralmente dedicados à arte vidreira resumem a proposta do espaço, inaugurado na cidade de Tacoma em 2002. “Mais do que um museu, o MOG é um ambiente dinâmico de aprendizagem, que propõe múltiplas formas de apreciar o vidro como matéria-prima artística, por meio de experiências criativas, exposições e atividades educativas”, comenta Hillary Ryan, gerente de comunicação do museu. 

Com o propósito de celebrar o movimento artístico “Studio Glass”, iniciado nos Estados Unidos nos anos 60, os criadores do MOG escolheram a cidade de Tacoma para abrigar esse complexo artístico multidisciplinar, reconhecido como um dos mais ricos e diversificados no âmbito vidreiro. A cidade é berço do artista Dale Chihuly, precursor do movimento que há mais de 50 anos conduziu artesãos vidreiros de todo o mundo a um novo status e elevou o vidro à categoria de matéria prima artística. “A ideia de fundar o museu nasceu no início dos anos 90 e junto com ela a missão de enaltecer o vidro inserido no contexto da arte contemporânea”, conta Hillary.

Conectando conhecimento

 

Inicialmente, diz a gerente, a proposta era criar um espaço integralmente focado na arte e na história de Chihuly, mas o próprio artista enfatizou que o museu deveria expandir sua proposta e sua abrangência, de modo a incluir trabalhos de artistas vidreiros de todo o mundo. Ainda assim, a arte de Chihuly viria a se consolidar na principal atração do museu, com a construção da Chihuly Bridge of Glass, uma impressionante passarela de vidro de 150 metros de extensão, iniciada em junho de 2000 e inaugurada dois anos depois, junto com o museu. 
Com estrutura de aço e vidro, a ponte conta com três instalações assinadas por Chihuly e conecta a cobertura do edifício do MOG ao centro da cidade, onde estão instalados outros importantes museus e a Universidade de Tacoma. “Trata-se de um portal de boas-vindas aos visitantes. Queríamos algo que fosse único no mundo e que oferecesse uma experiência de alegria às pessoas”, comenta Dale Chihuly. 

Segundo Hillary, além de prestar uma homenagem ao mais importante movimento da arte vidreira mundial, o MOG foi concebido como um centro de aprendizagem, interatividade e estímulo à criatividade. No total, o complexo cultural soma 4 mil metros quadrados de área de exposição, além de exposições ao ar livre, um teatro com 180 lugares, um estúdio experimental para programas educacionais, loja e café, além de uma praça de lazer com vistas panorâmicas para a cidade e o mar.

 


Acima, detalhe do teto que compõe uma das instalações da Chihuly Bridge of Glass. Ao lado, itens da coleção Kids Design, que celebra a imaginação das crianças, além de documentar a maleabilidade do vidro como material artístico

 

Arte viva

 

O MOG conta ainda com um Ateliê Educativo, espaço interativo e experimental em que as crianças têm a oportunidade de desenvolver seus próprios projetos artísticos com base nos conceitos e temas das obras expostas no museu. O programa inclui visitas guiadas e atividades práticas sobre a origem do vidro e todas as peculiaridades que fazem dele um material tão sedutor para produção artística. 
No estúdio de vidro soprado “Hot Shop Live”, visitantes de todas as idades participam de atividades recreativas e interativas com o material, ministradas por artistas visuais e performáticos. “A visita propicia a experiência de manipular as ferramentas usadas na modelagem do vidro, sentir as altas temperaturas de um forno de fusão e testemunhar de perto a produção artística com vidro soprado, acompanhando de perto o processo e os estágios em que o material costuma ser trabalhado, quando atinge uma consistência maleável para se transformar em belas esculturas”, comenta Hillary.

 

Ao ar livre

 

A escultura cônica de vidro e aço do edifício que abriga o anfiteatro do Hot Shop é outra atração oferecida pelo MOG. O cone atinge 27,5 m e pode ser visto de diversas partes da cidade, tendo-se transformado em um ícone no horizonte do Noroeste Pacífico. Segundo Hillary, a estrutura reluzente simboliza a transformação urbana de Tacoma, que de um distrito industrial passou a ser reconhecida como importante centro artístico e cultural. 
Ao redor do cone gigante, uma série de instalações ao ar livre oferece experiências visuais intensas também nas áreas externas. Além da Chihuly Bridge of Glass, as obras incluem a Fluent Steps (Passos Fluentes), de Martin Blanks, composta por 754 peças de vidro esculpidas no Hot Shop do museu, e a Water Forest (Floresta de Água), de Howard Ben Tré, escultura composta por tubos verticais de bronze e acrílico, através dos quais a água sobe e desce.