Considerado um vidro de segurança, o vidro laminado possui uma norma que orienta sobre sua aplicação, criada em 2001, mas que ainda não tinha passado por nenhuma revisão. Atualmente, o mercado se reúne para atualizar o texto da NBR 14.697 – Vidro Laminado. Um dos temas debatidos é a falta de tabela de tolerância para empenamento do vidro. Outras normas estabelecem um limite de deslocamento e desalinhamento de uma chapa em relação a outra, mas na norma do vidro laminado ainda não há nenhuma referência.
O vidro laminado é formado por duas ou mais chapas de vidro intermediadas por um interlayer, geralmente PVB, EVA ou resina, que conferem mais resistência ao vidro e segurança, já que, em caso de quebra, os pedaços do material ficam retidos na película. Porém, durante seu processo de produção, é comum um certo desalinhamento, os vidros não ficam exatamente paralelos, aparece a borda de uma das chapas por não estarem alinhadas.
De acordo com o professor de cursos para vidraceiro da Lead Escola de Negócios, Jacson Santos, dependendo da situação dá para virar o lado do vidro e o problema não ser visível, mas em outros casos não. Por isso, é importante estabelecer um limite de tolerância para este desalinhamento. “Estamos alinhando uma tabela de deslocamento das peças e usando as referências de outras normas para não haver conflito. Teremos uma tabela de empenamento também”, revela.
Leonardo Abreu, diretor e consultor da Invetro-ES, destaca que o empenamento do vidro é uma omissão relevante na norma original e conta que a proposta que está sendo indicada é de um empenamento de 2mm/m para o vidro laminado standard – formado por dois vidros monolíticos e de 2,5mm/m para o vidro temperado laminado.
“Esta última tolerância é inferior àquela contida na NBR 14.698 – Vidro temperado. Particularmente eu acredito que o vidro temperado laminado é um novo produto, cabendo portanto, parâmetros independentes. Estamos na busca desse consenso. Se assim for, se um beneficiador deseja produzir o vidro temperado laminado, precisa ajustar a qualidade do seu vidro temperado de forma a atender o que se pede na norma revisada”
Para o profissional, o aumento do emprego do vidro temperado laminado evidenciou uma lacuna relevante a ser preenchida. Hoje o vidro tem ganhado um papel cada vez mais estrutural nos projetos arquitetônicos, sendo o material aplicado em pisos, escadas e plataformas, e o vidro temperado laminado é indicado para este tipo de aplicação. Por essas mudanças de mercado é tão importante que as normas evoluam constantemente de acordo com os novos produtos e aplicações que se apresentam no mercado.
Uma série de outros tópicos não mencionados na norma original também estão sendo abordados, como qual deve ser a espessura mínima do interlayer, seja PVB, EVA ou resina, que varia de acordo com o tamanho do vidro a ser laminado. “Temos a sugestão de uma tabela indicativa e casos especiais deverão ser especificados em projeto”, diz Abreu.
Outra questão é a inclusão de recomendações de instalação e cuidados relacionados à exposição das bordas dos vidros laminados, a utilização de silicones/selantes corretos, distorção óptica – aferimento do roller wave (onda de rolete) e a inclusão de recomendações de processamento, sendo obrigatória a lapidação das bordas dos vidros laminados processados. A norma ainda está em fase de revisão e não há previsão de data para entrar em consulta pública.