Os Jogos Olímpicos de Londres estão aí, e com eles uma grande expectativa de que o ídolo das piscinas César Cielo repita um feito inédito. Primeiro brasileiro medalhista de ouro olímpico nas piscinas, o atleta se diz mais preparado do que nunca para levar pra casa título similar àquele conquistado em Pequim, em 2008, e que o consagrou como o maior do País na modalidade. Se ele será capaz de repetir o feito, é difícil saber. Mas certamente, ao lado de nadadores como o fenômeno Michael Phelps, ele competirá em um dos mais espetaculares centros esportivos projetados para sediar competições aquáticas.
Assinado por Zaha Hadid, verdadeiro ícone da arquitetura contemporânea e responsável por alguns dos mais arrojados projetos da atualidade, o London Aquatic Center (LAC) foi especialmente idealizado para abrigar os Jogos Olímpicos de 2012 e tem capacidade para acomodar 17,5 mil espectadores. Localizadas a sudeste do Parque Olímpico de Londres, que se tornará um espaço público a partir de julho de 2013, as instalações serão palco de modalidades como natação, nado
sincronizado, saltos ornamentais e polo aquático. Iniciada em 2008, a construção teve cerca de 3,6 mil pessoas envolvidas e foi concluído em julho do ano passado.
O grande destaque do Centro Aquático, segundo a arquiteta anglo-iraquiana, fica por conta de três pilares de concreto que suportam 2,8 mil toneladas de treliças metálicas, que, por sua vez, sustentam uma cobertura metálica de 160 m de extensão em vão livre, revestida por 11 mil m² de painéis de alumínio. De acordo com Zaha, o conceito do LAC foi inspirado pela geometria fluída da água em movimento, criando espaços ao redor que refletem as paisagens do Parque Olímpico.
“Em termos funcionais, a cobertura em forma de onda tem vão livre que acompanha toda a sua extensão para garantir fluidez ao projeto e se integrar ao entorno”, afirma Zaha. Fachadas inclinadas Embora a cobertura ondulada figure entre os aspectos mais impressionantes da estrutura concebida por Zaha, o potencial desse centro esportivo se revelará por completo após os jogos de Londres, quando as arquibancadas temporárias cederão espaço a uma exuberante e orgânica fachada de vidro.
“Depois da Olimpíada, o equipamento central abrigará três mil assentos, e o espaço aberto nas laterais, que atualmente conecta as duas instalações de arquibancadas, será fechado com vidro para garantir a iluminação natural”, explica a arquiteta.
Presentes tanto nas fachadas quanto nas paredes internas do complexo, os vidros foram fornecidos pela austríaca Seele, especializada na concepção de estruturas customizadas que conjuguem claridade, precisão e iluminação natural. O material foi aplicado em conjunto com alumínio e aço. “As fachadas externas receberão unidades insuladas para isolamento acústico, com vidros instalados sobre uma estrutura de aço e cobertos por placas de alumínio pressurizado”, descrevem os arquitetos da Seele.
Segundo eles, a deflexão da ampla e extensa cobertura de aço é tão grande que impossibilitou uma conexão estrutural entre a fachada e a cobertura. “Por isso a opção foi por uma estrutura com vigas em balanço (conhecidas como cantilevers), ancoradas em apenas uma extremidade”, explica o engenheiro Elmar Hartje, da Seele. “A tensão da fachada, por sua vez, é feita por uma membrana capaz de acompanhar o movimento da cobertura.”
Os vidros também estão presentes em um vestíbulo ou passagem entre o hall de entrada e o interior do edifício, localizado no centro da fachada inclinada. Com altura de 3 m, suas portas deslizam suavemente, embora cheguem a pesar mais de 150 kg. Uma outra fachada envidraçada interna separa o foyer da área onde estão as piscinas. “Inclinada a um ângulo de 28 graus, foi projetada de modo a delinear um grande arco”, informa Hartje. Segundo ele, os largos espaçamentos entre os ambientes e as grandes áreas envidraçadas ajudam a garantir uma vista desimpedida das piscinas assim que os espectadores adentram o foyer.
De acordo com a equipe da Seele, os desafios relacionados ao vidro foram muitos. “A aplicação exigiu cuidados especiais, especialmente nos saguões integralmente envidraçados, compostos por grandes panos de vidro, que tiveram de ser instalados sob um grau mínimo de variação, em estruturas que também incorporam as portas de correr, projetadas sob medida”, descreve Hartje, acrescentando que a equipe recorreu a mini-guindastes para fazer a instalação
dentro do pequeno espaço disponível. “Já na fachada norte, a instalação foi feita por meio de plataformas elevadas móveis”, informa Zaha.
Os vidros duplos especificados são de baixa emissividade e preenchidos com argônio entre as placas, com coeficiente de sombreamento de 0,5 e fator U de 1.4 W/m².K.