Cinquenta andares de pura eficiência. Assim pode ser definido o mais recente projeto dos arquitetos do Adrian Smith+Gordon Gill Architecture, com sede em Chicago, EUA. Inaugurado há pouco mais de um ano em Seul, na Coreia do Sul, o edifício que passa a abrigar as atividades corporativas da Federação das Indústrias Coreanas (FKI) já é considerado um marco mundial da arquitetura sustentável, pelas avançadas e eficientes estratégias construtivas que adota, especialmente em sua inovadora fachada.
Composto por uma torre de 240 metros de altura, que se ergue adjacente a um gigantesco domo transparente, a sede da FKI inaugura uma tipologia de fachada que integra painéis fotovoltaicos e chapas de vidros refletivos de controle solar inclinadas a um ângulo capaz de promover auto-sombreamento de modo a reduzir a quantidade de vidro empregada. “O resultado é uma fachada com efeito visual único, com aspecto texturizado, semelhante a escamas”, afirma o arquiteto Adrian Smith, sócio do escritório que assina o projeto.
Executada com sistema unitizado e customizado, a fachada cortina foi totalmente montada na fábrica, o que representou ganhos tanto em qualidade como em desempenho. Segundo o arquiteto, o projeto foi desenvolvido para enquadrar-se às rigorosas exigências impostas às novas edificações comerciais de grande porte da cidade. De acordo com as normas locais, as soluções adotadas devem gerar no mínimo 5% da energia total utilizada pelo edifício. “O sistema de envelopamento da torre reduz drasticamente os gastos com aquecimento e refrigeração dos espaços internos e ainda coleta energia por meio dos painéis fotovoltaicos integrados nas fachadas noroeste e sudoeste”, comenta o arquiteto.
Os painéis fotovoltaicos são inclinados a um ângulo de 30 graus em relação ao sol, maximizando a quantidade de energia coletada. Abaixo deles, o ângulo de inclinação dos painéis de vidro é de 15 graus em relação ao solo, minimizando efeitos de brilho e de radiação solar direta. “Os benefícios incluem redução de ganho de calor e manutenção de altos níveis de luminosidade indireta. O edifício usa a geometria de sua fachada para se autossombrear, protegendo amplas áreas que normalmente estariam inundadas por luz solar direta. Isso acontece ao longo do dia, exceto de manhã bem cedo e no final da tarde”, diz Smith.
Design funcional
Erguido em localização privilegiada da cidade, o edifício tornou-se um novo marco nos horizontes de Seul. Segundo Smith, uma exigência do cliente era que o projeto adotasse uma estética inovadora, mas que ao mesmo tempo não destoasse do perfil arquitetônico das construções ao redor. “O vidro exerce função chave tanto sob o aspecto funcional como na linguagem arquitetônica do projeto”, comenta o arquiteto.
O interior da torre inclui jardins de inverno e amplos átrios, que privilegiam o contato com elementos naturais e com o exterior do edifício. “Todos os espaços internos tiram proveito das superfícies integralmente envidraçadas que o revestem, propiciando abundante luz natural nos corredores e escritórios, além de belas vistas da cidade”, comenta o arquiteto.
Outro destaque do projeto é o amplo jardim instalado na cobertura do edifício, onde também foram instalados painéis fotovoltaicos. Segundo Smith, o posicionamento desses painéis foi projetado de modo a captar energia sem interferir na incidência de luz solar no interior. O resultado é uma belíssima e agradável área de lazer interna, da qual se tem um amplo panorama da vizinhança.
Complementando o projeto, o pódio ergue-se ao lado da torre como uma imponente escultura envidraçada. Tanto na torre como no pódio, os arquitetos especificaram vidros de alto desempenho, com propriedades de baixa emissividade, translúcidos, insulados e laminados com películas de controle solar.
Fornecidos pela coreana KCC Corporation, todos os vidros instalados na torre compõem unidades insuladas. No átrio, algumas delas aplicam vidros extraclaros, ou low-iron, para garantir máxima visibilidade. “O projeto também empregou vidros com padrões serigrafados, que foram incorporados aos painéis fotovoltaicos”, revela o arquiteto. As chapas foram instaladas em estruturas de alumínio anodizado.
Já os vidros do pódio foram fornecidos pela espanhola Cricursa. O fechamento consiste em unidades insuladas, compostas por curvos extraclaros e low-e, fixados com silicone estrutural e sustentados por cabos de aço.