Tendência na arquitetura moderna, as fachadas de vidro tiram maior proveito da transparência e versatilidade do vidro, proporcionando maior conforto aos usuários do edifício com o aproveitamento da iluminação natural. Um dos tipos de fachada mais demandados hoje no mercado e uma oportunidade de negócio para construtores é a pele de vidro. Conhecidas também como estrutura Glazing, este tipo de fachada quase não mostra a estrutura interna, destacando ainda mais o vidro.
As primeiras fachadas de vidro surgiram nos anos 60, ainda com estrutura de alumínio totalmente visível saliente ao vidro, aplicada em um conceito chamado fachada cortina ou grid, porque marca as justas do vidro do lado externo, tanto na vertical como na horizontal, como uma grade. A fachada cortina é formada por uma coluna de alumínio composta por presilha e tampa, onde a coluna é fixada em locais estruturais da edificação e o perfil tipo presilha fixado a esta coluna através de parafusos, pressionando o vidro contra gaxetas de borracha.
Com a evolução das técnicas, a estrutura foi sendo levada para o lado interno, valorizando ainda mais o vidro. Conhecida como pele de pele de vidro por deixar a fachada mais lisa, o sistema eliminou as saliências causadas pelas capas convencionais. As primeiras instalações eram mecânicas, com o vidro encaixilhado. Na década de 80 a técnica evoluiu e surgiu outro tipo de pele de vidro: a estrutural glazing, na qual o vidro é fixado quimicamente, colado através de adesivos estruturais, camuflando totalmente o alumínio.
O primeiro projeto no Brasil que utilizou a pele de vidro foi do edifício do Citibank na Avenida Paulista, em São Paulo, concluído em 1986. Desde então, a técnica começou a suprimir a tradicional. As construções de fachada pele vidro são bastante cobiçadas pelas empreiteiras especializadas, que focam em obras de médio e grande porte, e por isso contam uma grande equipe integrada de profissionais.
Porém, empresas menores também vislumbram neste tipo de instalação uma oportunidade de negócio lucrativo, já que sua margem de lucro pode chegar a 50%. A fachada pele de vidro tem um custo elevado comparada a outros sistemas como a caixilharia convencional. Entretanto, tem sido a opção mais presente na arquitetura de prédios comerciais, assim como fachadas de estádios, museus e até igrejas. Isso porque, além do conceito de modernidade, agiliza a execução por seguir um processo de linha de produção.
Hospital Moriah Projeto assinado pelo arquiteto Siegbert Zanettini traz fachadas frontais em arco, esquadrias com vidros laminados de 16 mm, com 4 películas de PVB para atenuar ruídos externos. Na fachada oposta, insulados (laminados de 8 mm + câmara de 20 mm) com micropersiana embutida em caixilharia de alumínio. A pele de vidro estrutural curva foi dividida em duas partes, que totalizam 700 metros quadrados. Formados por uma estrutura metálica com pé-direito triplo, os panos de vidro que vedam o átrio garantem leveza e transformam a edificação em um ícone marcante da região de Moema, em São Paulo.
Um mercado para vidraceiros
Para viabilizar aos vidraceiros a atuação neste mercado de fachadas glazing, a Alclean, há cerca de três anos, desenvolveu um sistema de instalação de pele de vidro composto por três kits que proporcionam maior facilidade de acesso aos componentes necessários para aplicações em obras de até 15 metros de altura. Apesar da tendência no mercado da construção, as fachadas pele de vidro não eram um ramo aberto a todos, visto que a venda dos elementos necessários a sua instalação é controlada e obedece a normas que exigem acompanhamento direto dos fabricantes, testes preliminares dos perfis e vendas nas quantidades exatas. A empresa criou uma rede de empresas denominada Rede Credenciada Alclean, que tem o propósito básico de proporcionar acesso aos vidraceiros dos produtos desenvolvidos pela Alclean, Adere e Sika. O modelo inovador permite materiais a pronta entrega em locais distantes das grandes capitais.
A empresa foi pioneira tanto na apresentação do produto em forma de kits, quanto no desenvolvimento de um modelo de negócios inovador, que tem potencial de expansão a outros produtos do mercado vidreiro. “Durante o processo de estudo do produto, percebemos que a praticidade dos kits resolveria apenas uma das barreiras de acesso dos vidraceiros a pequenas obras, que era a dificuldade da compra de componentes, como borrachas, ancoragens, etc”, conta Sérgio Koloszuk, diretor da Alclean.
Localizado na Austrália, o Caribbean Park conta com as estruturas envidraçadas de vidro duplo e algumas com proteção solar.
Dificuldades para os pequenos
A construção de uma fachada de pele de vidro é mais cara, chegando a custar 40% a mais, por utilizar elementos de alto custo em sua composição, como a fita adesiva dupla face ou silicone estrutural, que une o vidro ao alumínio, além de equipamentos como balancins ou mini gruas e mão de obra qualificada. Economizar nesses itens é o maior erro, que pode colocar em risco a segurança do projet. Imagina aquele vidro descolar? É por isso que as empresas que fabricam a fita estrutural, analisam o projeto para determinarem a composição do produto, um sistema bastante rígido e burocrático. As empresas ainda acompanham e fiscalizam a obra.
O processo é extremamente necessário para garantir uma fixação segura, mas, por outro lado, inviabiliza a realização de fachadas pele de vidro menores para vidraçarias e empreiteiras de pequeno porte. Koloszuk descreve o seguinte cenário para ilustrar as dificuldades: “Imagine um vidraceiro no Maranhão, que decide executar uma obra Glazing de 50 metros quadrados, que pode representar faturamento de R$50mil para a sua vidraçaria. Só que para executar essa obra ele necessita de diferentes perfis, que se usados na quantidade exata representariam cerca de 400kg de alumínio. A primeira dificuldade será comprar essa quantidade exata da matéria-prima, pois as extrusoras exigem quantidades mínimas de cada item”.
O diretor da Alclean explica que, caso ultrapasse essa primeira barreira, passará ainda pelo desafio de conseguir comprar os componentes. “Só de borracha, por exemplo, a necessidade será de cerca de 250 metros, o que não atinge o faturamento mínimo da fábrica. Mesmo que ele obtenha sucesso, terá que comprar a fita VHB. Para isso terá que enviar, acompanhado do projeto, uma amostra do substrato, que é o perfil de alumínio”.
“Se aprovado em um teste que leva cerca de 30 dias, a fita será vendida na quantidade exata. Depois que ela chegar, o vidraceiro deverá aguardar a disponibilidade de um fiscal da empresa produtora da fita, que deverá acompanhar a colagem dos 10 primeiros quadros. Pense no custo disso. Para a empresa de fitas, 50 m² de vidro simplesmente não interessa. E isto inviabiliza uma obra de R$50mil”, descreve.
A fachada do Zamara Offices, construído na cidade espanhola de mesmo nome, é toda transparente, com chapas de vidro 6000 x 3000 unidas com silicone estrutural e com o mínimo de interferência visual. Os ângulos superiores tridimensionais da caixa são feitos completamente com vidro, acentuando ainda mais o efeito da transparência. O projeto é de Alberto Campo Baeza.
Como funciona
O sistema Glazing facilita e regulariza todo o processo em obras de até 15 metros ou cinco pavimentos e economiza de 30 a 40 dias do processo. O silicone estrutural precisa ser compatível com o alumínio que será utilizado, o que não necessariamente acontece se o produto for comprado em qualquer fábrica. No sistema glazing o produto é rastreado dentro da Alclean e já estará aprovado direto da fábrica. Através da Rede Credenciada, todos os insumos e materiais necessários para uma fachada Glazing são vendidos nas quantidades necessárias e na pronta entrega, permitindo a acesso dos vidraceiros às pequenas obras sem grandes dores de cabeça.
De aluno a professor
Denilson foi habilitado em uma das primeiras turmas e hoje tem uma distribuidora da Alclean, a Hermac, localizada em Londrina (PR), onde ministra os cursos para habilitar outros profissionais. “Já ministramos mais de 60 cursos, temos uma sala para isso, além de realizar cursos em outras empresas também”. O profissional diz que a lucratividade é muito boa e que o vidraceiro consegue quase 100% do custo de lucro. “A Alclean conseguiu eliminar boa parte das dificuldades que tínhamos com o outro sistema e permitiu que pequenos vidraceiros fizessem obras que só os grandes faziam”.
“Uma das maiores facilidades é na hora de fazer o orçamento, pois o sistema vem na forma de kits, com todas as peças e produtos necessários. A economia é maior porque tem várias paginações, de 3, 4 e 6 metros, onde não é necessários comprar todas as barras de seis metros. Como vem tudo de um lugar só, borracha, fita, parafuso, parabolt, ficou muito mais fácil por não ter que procurar diferentes fornecedores”, conclui.
A sede do grupo editorial Tamedia, em Zurique, na Suiça, possui sistemas de envidraçamento de alumínio que ajudaram a criar uma construção de vidro e madeira altamente sustentável. Projetado por um dos principais arquitetos do Japão, Shigeru Ban, o projeto tem uma fachada pele de vidro tripla com três metros de profundidade para a elevação de 50m de comprimento com vistas sobre o rio Sihl.
Localizada em Neuhausen, no sul da Alemanha, Academia Fanuc, tem uma estrutura clara, toda envidraçada, com parte revestida que atua não apenas como proteção solar, mas também promove ventilação natural e extração de ar, além de proporcionar isolamento acústico.
O objetivo do projeto do prédio Building London de 3.000 m2, que abriga uma grande variedade de instalações educacionais e comunitárias, incluindo a Academia Sky, era combinar estética com um ambiente interno aberto, beneficiando de muita luz natural. O vidro ao longo de toda a extensão da escadaria de 51 metros, sobre a qual se elevam cerca de 15 metros. Estas são extrusões de alumínio altamente projetadas que são fixadas usando suportes de aço inoxidável nos cantilevers superiores e inferiores da estrutura de madeira do edifício.
Os suportes do VS-1 mantêm os painéis de vidro afastados do montante para dar um efeito “flutuante” – estes são então siliconados na parte superior e inferior para dar um acabamento nivelado. Cada unidade selada com vidros duplos – muitos dos quais com 3,2 m de altura – apresenta painéis reforçados a quente de 13,5 mm SGG Planidur, painéis laminados de vidro no interior e Securit endurecido de 8 mm, impregnação de calor testada no exterior. O vidro é o Cool-LITE SKN165 II da SaintGobain, escolhido para equilibrar o controle solar e o isolamento térmico.
A fachada toda de vidro Chongqing Central Park Life Experience Center, com diferentes nuances de translucidez e opacidade, cria uma atmosfera rica em luz e sombra. O espaço interior foi projetado com um pé-direito altíssimo para conforto dos usuários e imponência do projeto arquitetônico, o que também contribui para disseminar a iluminação natural. Sua leve cobertura de 27 metros de comprimento com apenas 35 cm de espessura parece flutuar sobre o edifício, permitindo uma ampla iluminação natural dos espaços interiores.
O Edifício Charnock Bradley, na Universidade de Edimburgo, tem toda sua estrutura envidraçada, da fachado ao teto, o que oferece vistas claras e ininterruptas, dentro e fora do prédio.
Museum Hotel Bentonville, em Arkansas, Estados Unidos