Memórias chilenas

Memórias chilenas

Capa: Memórias chilenas

Na definição dos arquitetos que o conceberam, o projeto do Museu da Memória e dos Direitos Humanos chileno se traduz em uma arca na qual se depositaram
as reminiscências da história chilena. “O conceito aplicado é o da memória evidenciada, emergente e que flutua, suavemente elevada”, descrevem os brasileiros
Lucas Fehr, Mario Figueroa e Carlos Dias, do Estúdio América. Finalista do World Architecture Festival 2010, o moderno centro museográfico explora o vidro de diversas formas, tanto externamente quanto em seu interior. Inaugurado em janeiro deste ano, em Santiago, pela então presidente da República Michele Bachelet, o museu abriga um acervo que expõe o atropelo aos direitos humanos durante o regime militar comandado por Augusto Pinochet.

 

O edifício ocupa uma área de 5.500 metros quadrados e tem em seu interior paredes de vidro com uma veladura externa de chapas de cobre expandidas. “Como material modular e industrializado, o vidro funciona extremamente bem com estrutura metálica. O projeto todo foi concluído em pouco menos de um ano, num fantástico esforço de construção, só viabilizado pela organização racional possibilitada pelos materiais escolhidos”, ressalta Figueroa.

 

Diferentemente da maioria dos museus, que consistem em uma sucessão de salas separadas, o edifício do Museu da Memória é constituído por um grande espaço em três níveis, sem paredes transversais, integrado de modo que o visitante não perca a noção do conjunto. “Os paramentos que dividem os ambientes são todos de cristal serigrafado com fotografias que ilustram a dor, a angústia e a opressão a que o povo chileno foi submetido”, explica o arquiteto Lucas Fehr, co-autor do projeto. “Ao mesmo tempo, o cristal garante a luminosidade dos espaços e de alguma forma reduz a tensão causada pela exibição de episódios traumáticos da história do Chile”.