Lago translúcido, montanhas, parques floridos, clima deliciosamente ameno. Com apenas 30 mil habitantes, a simpática cidade de Lugano, na Suíça, abriga paisagens deslumbrantes, que mais parecem quadros de Cézanne. Maior município do cantão Ticino, na fronteira com a Itália, Lugano é repleta de palmeiras que lembram mais uma metrópole mediterrânea do que um vilarejo de um país tão gelado.
Pois é nesse pitoresco cenário da região dos lagos suíços que está localizada a Lake Lugano House, residência de arquitetura singular projetada por Jacopo Mascheroni para a consultora financeira Nicoletta Messina e sua família. Com 3,7mil metros quadrados, a casa é formada por um pavilhão de vidro poligonal cercado por um belo e desimpedido jardim, ambos ligeiramente “enterrados” em um nível inferior, como se estivessem escondidos atrás das paredes de uma colina.
Um feito da engenharia, que resultou em um projeto inovador e moderno, diferente de qualquer outra casa na aldeia. “O principal pedido da proprietária ao me encomendar o projeto foi que a casa dispusesse de grandes janelas, já que, para qualquer dos lados que se olhe, a vista é deslumbrante”, lembra Mascheroni, que trabalhou para o escritório Stanley Saitowitz/Natoma Arquitetos, em São Francisco, e Richard Meier & Partners, em Nova York, antes de fundar em Milão a JM Arquitetura, em 2005. “De resto, ela me deu carta branca para criar”, acrescenta.
Contemplada por uma paisagem que oferece o Lago Lugano de um lado e os Alpes suíços do outro, uma casa de vidro cravada na colina parecia a opção mais óbvia. Mas os desafios de uma encosta íngreme, a construção em reveses e as casas vizinhas fizeram do caminho mais fácil uma solução inviável e inconveniente. Em vez disso, Mascheroni esculpiu a encosta e nela inseriu uma estrutura de concreto armado, contornada por uma pista privada que leva à garagem, a oeste.
No interior do pavilhão de vidro não há divisórias entre os ambientes de convivência. Uma área central, branca e linear abriga cozinha, banheiro, escada, e todos os equipamentos mecânicos e tecnológicos da casa
No nível subterrâneo encontram-se três quartos, dois banheiros, um escritório, entrada formal, lavanderia, escada e salão de jogos. Ao invés de se voltarem para as casas ao redor, que bloqueiam a vista para o lago, os quartos se abrem para um jardim fechado por muros e cercas elevadas. Subindo as escadas em direção ao espaço social da casa encontra-se outro jardim, localizado a 60 cm do telhado do nível inferior. Aqui, as paredes de vidro curvo permitem amplas vistas para a paisagem. “No interior do pavilhão de vidro não há divisórias entre os ambientes de convivência. Uma área central, branca e linear abriga cozinha, banheiro, escada, e todos os equipamentos mecânicos e tecnológicos da casa”, descreve Mascheroni.
A instalação dos vidros ficou a cargo da italiana Casma Involucri Edilizi, sediada em Turim. A escolha recaiu sobre os baixo emissivos insulados com gás argônio, com o objetivo de otimizar o desempenho térmico da concha envidraçada. Bombas de calor geotérmicas, um sistema de coleta de água da chuva e aquecimento solar são outros exemplos de medidas ecológicas empregadas. “A casa é escultural, sustentável e prática”, testemunha Nicoletta. “Ver as luzes da vila e do lago de dentro do pavilhão a cada noite é uma experiência maravilhosa. Vivo mais intensamente do que nunca”, diz a proprietária.