Abividro quer criar agência para coordenar a logística reversa do material, a exemplo do que ocorre em outros países.
Reciclagem é uma palavra bem- vinda na indústria do vidro. Estima-se que 47% do material jogado fora é reaproveitado, algo em torno de 500 mil toneladas por ano. Poderia ser muito mais. Grandes fabricantes, como a Owens-Illinois e a Saint-Gobain, utilizam os cacos na composição da maioria de seus produtos.
Especializada em serviços de vidros automotivos, a Autoglass também tem nesse material reciclado uma fonte importante de seus produtos.
Agora, a Abividro, associação que reúne os fabricantes, quer criar uma agência gerenciadora do processo de reciclagem para coordenar a logística reversa desse material. A proposta, que segue a orientação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, foi levada à Associação Brasileira de Embalagens, à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e a outras entidades, uma vez que envolve um leque enorme de segmentos industriais.
Significa a criação de uma instituição, nos moldes do que existe na Alemanha, que teria entre suas atribuições a coordenação do serviço envolvendo prefeituras, cooperativas de catadores e beneficiadoras, além da operação de compra e venda do vidro reciclável.
Aumento do índice
“Hoje temos três tipos de reciclagem, que englobam o vidro automotivo, plano e de embalagem”, diz o superintendente da Abividro, Lucien Belmonte. “Para o reaproveitamento desses materiais, existem cadeias que funcionam de uma forma não organizada. Se trabalharmos em conjunto, teremos ganhos de produtividade, preço e escala que serviriam para aumentar os índices de reciclagem.”
Segundo Belmonte, a estimativa é que, após quatro anos de sua instalação, a gerenciadora de reciclagem fará com que o aproveitamento passe a ser de 50%. Em termos financeiros, equivale a passar dos atuais R$ 60 milhões movimentados por ano pelo setor para R$ 120 milhões anuais. Mas se houver uma adesão total dos envasadores e municípios, é possível que esse valor quase dobre.
Parte da indústria vidreira já faz a reciclagem por conta própria. “Não se trata de um processo paralelo ao ciclo natural de produção industrial do vidro, a reciclagem faz parte do ciclo”, diz Ricardo Leonel Vieira, diretor de marketing e vendas da Owens-Illinois do Brasil. “Os cacos entram na composição da mistura como matéria-prima da mesma forma que a areia, barrilha, feldspato. Só não utilizamos mais porque ele é difícil de obter.” A O-I do Brasil utiliza 150 mil toneladas de caco por ano no seu processo produtivo.
Algumas das fábricas da Verallia, o setor de fabricação de embalagens do Grupo Saint-Gobain, trabalham com 80% do vidro reciclado.
“Com um quilo de cacos de vidro pode-se fazer um quilo de vidro novo”, afirma Wagner Sabatini, chefe de desenvolvimento de reciclagem da empresa. “Além da economia de energia, o processo diminui o uso de outras matérias-primas na produção e contribui para reduzir o volume de lixo.”
A Verallia recicla cerca de 100 mil toneladas de vidro por ano, não só de sua própria fabricação, mas de outras indústrias que levam até as suas instalações o vidro de suas embalagens. “Trabalhamos junto às cooperativas em vários estados e profissionalizamos o pessoal para lidar em segurança com o vidro”, diz Sabatini.
Ele acredita que as cooperativas poderiam aproveitar muito mais material. “Estima-se que cada pessoa gere 3,5 quilos de vidro por mês”, diz. Tudo isso poderia ser reaproveitado.”
Fonte: Brasil Econômico