Foco na capacitação

Foco na capacitação

Capa: Foco na capacitação

Santa Catarina abriga um importante parque industrial, ocupando posição de destaque no cenário nacional. A indústria de transformação catarinense é a quarta do País em quantidade de empresas e a quinta em número de trabalhadores. Com o sexto PIB mais elevado do Brasil, a economia industrial de Santa Catarina é caracterizada pela concentração em diversos polos, entre os quais figura o setor vidreiro, com atuação crescente e significativa não somente no Estado como em toda a região Sul. Há dois anos à frente da Ascevi – Associação Catarinense das Empresas Vidreiras – o executivo Sandro Henrique Rensi foi reeleito presidente da entidade para os próximos dois anos. Comprometido com o desenvolvimento do setor, Rensi tem exercido papel de destaque na cena empresarial catarinense, especialmente no que diz respeito a treinamento e capacitação de mão de obra, aspecto que considera crucial para que sejam cumpridas as expectativas de crescimento que se desenham no cenário da construção e na base industrial vidreira no Brasil, com a chegada de novos players. Portador de um currículo que soma 20 anos de experiência no ramo, o executivo também é diretor da catarinense Steinglass, beneficiadora com 19 anos de mercado. Em entrevista a Vidro Impresso, Rensi reconhece resultados conquistados em sua gestão, e reforça que espera manter o crescimento e a boa fase que a entidade vive, com inúmeros projetos em andamento e outros ainda embrionários, mas que já mostram potencial promissor. 

 

Conte um pouco sobre sua trajetória profissional até chegar à presidência da Ascevi. 
Estou no ramo vidreiro há 20 anos. Comecei como gerente de uma franquia Blindex (na época era assim) sem conhecer nada do ramo vidreiro. Contador de formação, fui administrar a vidraçaria, logo passei a integrar a equipe de projetos (depois de um curso ministrado pela própria Blindex). Anos depois, após ter aprendido toda a rotina de uma vidraçaria, fui trabalhar na área de vendas de outra empresa, a Steinglass Vidros Temperados, que acabei comprando. Participar da Associação para mim é consequência, pois não tinha esse objetivo em mente. Porém ao receber o convite, aceitei o desafio.

 
Como descreve sua relação com o setor vidreiro? 
Hoje respiro vidro, minha vida é o vidro, tudo que tenho devo ao meu trabalho na área vidreira.

 

O que o levou ao comando da Ascevi? Na sua avaliação, quais as razões de ter sido reeleito? 
Quando fui convidado pela primeira vez não tinha ideia do trabalho que seria comandar uma associação com tamanha responsabilidade. Mas depois de integrado ao sistema, tudo fluiu e ficou mais fácil. Estar à frente da Ascevi por mais um mandato foi uma consequência natural do processo de trabalho desenvolvido. Sei que implantamos muitas ações de valor, mas senti que neste curto período não consegui implantar minha forma de administrar, e não podia deixar alguns projetos em andamento para outro terminar. Hoje me sinto mais confortável e seguro, já conhecendo os caminhos e os atalhos. 

 

Qual foi o aspecto mais importante de seu trabalho à frente da entidade nos dois anos em que a presidiu?
O trabalho de organizar a própria associação, transformá-la em um norte para as empresas do ramo, foi certamente o aspecto mais marcante desses dois anos. As grandes empresas investem pesado em máquinas, transporte, diferentes tipos de vidros para todos os públicos, mas falta ainda capacidade de transformar tudo isso em produtos bem aplicados. Durante os últimos dois anos, trabalhamos bastante para tentar mudar esse panorama, e agora começamos a colher alguns frutos. 

 

Qual é o principal foco de atuação da Ascevi hoje? 
Capacitação. Não vejo futuro para nosso setor sem que tenhamos pessoas capacitadas, tanto na área comercial como na de aplicação. O foco é capacitar pessoas com qualidade para o nosso ramo. O vidro está presente em todos os lugares para onde olhamos, mas falta qualidade na prestação do serviço. 

 

Em que consistem os treinamentos e eventos promovidos atualmente pela Ascevi? Como avalia a importância desses projetos para o crescimento do setor na região?
Temos alguns públicos alvos: o empresário vidreiro, o profissional de instalação e os especificadores (arquitetos engenheiros). De nada adianta a indústria lançar novos produtos se eles não forem aplicados corretamente. Ano passado, formamos duas turmas de vidraceiros e uma de gestão de vidraçaria. Este ano, vamos repetir esses números, porém, com uma vantagem: conseguimos incluir o curso de vidraceiro no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Também conquistamos um laboratório próprio no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) do município de Palhoça, que se tornou uma escola de formação contínua. Durante meu primeiro mandato formamos mais de cem pessoas, mas ainda quero mais qualidade nos cursos que estamos oferecendo. Precisamos fazer cada vez melhor.

 
Qual a importância dessa inclusão dos cursos de vidraceiro no Pronatec? 
Esse processo é embrionário, este ano estamos formando uma turma, mas ainda falta muita coisa. Não adianta termos recursos e laboratórios se não temos pessoas capazes de ministrar uma aula. Agora estamos focados em capacitar profissionais para ministrar essas aulas.

 

As limitações técnicas da mão de obra representam um obstáculo para o setor vidreiro? Como contornar o problema?
É um problema sério e todos da cadeia vidreira têm que se responsabilizar por isso, pois se não tivermos instalação competente, o problema passa a ser o produto. É por isso que as ações previstas pela Ascevi para o próximo ano visam, acima de tudo, capacitação, em todos os setores. Estamos trabalhando para fazer a diferença.

 

O Brasil assiste ao ingresso de dois importantes players na base de sua indústria vidreira. Como isso pode impactar a dinâmica do setor especialmente em Santa Catarina? 
Eu os considero como novos aliados e acho salutar a concorrência. O setor está crescendo e, pelo que tenho visto, eles têm consciência do nosso trabalho e têm nos ajudado.

 
Como avalia o crescimento do mercado de vidros em Santa Catarina nos últimos anos?Quais as razões desta concentração de beneficiadoras e empresas de ferragens na região Sul do País? 
Temos um público seleto e um pouco diferente do resto do país. Isso faz que que as empresas foquem em produtos diferenciados para atender essas características.

 

Empresas vidreiras de Santa Catarina fornecem para outros Estados?
Sim, fornecemos para os Estados vizinhos, mas principalmente o Rio Grande do Sul.

 
Como avalia a capacidade instalada de produção de vidros planos no Brasil? E especificamente em Santa Catarina e região Sul? 
É uma pergunta difícil de responder. Ao mesmo tempo em que estão entrando novas empresas produtoras, existe ainda uma grande demanda. Podemos ver isso pela quantidade de vidros importados que estão suprindo o mercado.

 
Quais as perspectivas do setor vidreiro para a região Sul nos próximos anos?
Pelo que foi investido em nossas indústrias nos últimos anos, as expectativas ainda são muitos boas, apesar de termos pela frente um ano atípico, com Copa do Mundo e eleição.

 
Como se dá a parceria da entidade com fabricantes como Cebrace e Guardian? A entidade já está empreendendo ações de aproximação com as recém-chegadas AGC e Vivix? 
Nossa relação com os fabricantes sempre foi muito boa, e com os novos não está sendo diferente. Acho que a visão de empreender e capacitar que a ASCEVI tem pode ajudar muito.

 
E quanto à crescente demanda da sociedade em relação a projetos comprometidos com a sustentabilidade?
Para o setor é mais uma fatia, pois o vidro esta diretamente ligado aos projetos sustentáveis.

 
Fale um pouco sobre a Steinglass. Quais os principais diferenciais e foco de atuação da empresa? 
A Steinglass está no mercado a 19 anos, e sempre fomos referência em qualidade nos produtos aplicados. Tento passar aos nossos colaboradores a noção de que uma empresa, além de seus produtos, é feita por pessoas para pessoas, e que nosso diferencial em relação ao mercado é o comprometimento com nossos clientes.