O ano de 2015 iniciou em um clima de insegurança e pessimismo. Muitas empresas já estão sentindo o reflexo do momento político e econômico incerto. Nessas horas, são as empresas que trazem um diferencial que se destacam e ganham espaço no mercado.
“A inovação leva tempo para sua maturação. Investir em inovação na crise significa arrancar primeiro na retomada. Haverá depois da crise uma profunda reestruturação e rearranjo dos mercados. A empresa que não for inovadora e não se mostrar assim, não conseguirá fazer o cliente colocar ‘a mão no bolso’. A crise traz sempre oportunidades de ocupação de espaço de mercado e a inovação é caminho para isto”, sublinha Valter Pieracciani, especialista em gestão da inovação.
Para o especialista, o investimento não deve ser deixado de lado, mas é importante ser cauteloso nos gastos e avaliar portfólio de projetos para fazer um filtro e tomar a decisão de quais devem prosseguir. “Na crise é importante prosseguir com os projetos que agregam ao cliente, que a empresa faz com naturalidade, facilidade e que a concorrência tem dificuldade de copiar”.
E a inovação nem sempre exige um alto investimento. Muitas vezes, boas ideias podem mudar o significado e o valor percebido pelo cliente. Pieracciani ressalta que é errado associar inovação a altos e simples investimentos. “Reciclar e reutilizar entram nessa categoria. Pode-se fazer inovação na gestão, no negócio e criar soluções simples e vencedoras”.
O empreendedor brasileiro poderia investir muito mais na opinião do especialista. “Poderíamos inovar muito mais. Não acreditamos o suficiente em inovação e na força inovadora brasileira. Temos um certo complexo de inferioridade. Acredito que sejamos um dos países mais versáteis e inovadores do mundo”.
Pieracciani considera que o setor vidreiro tem evoluído e inovado no processo de produção, mas não é certamente um setor de referência em inovação. “Há diversas formas de inovar. Na produção, por exemplo. Essa é uma indústria altamente consumidora de energia, é possível nesse campo realizar uma série de inovações, no que refere aos produtos e ao design é outro campo importante para inovar”.
Para ele, as pequenas empresas são mais propícias a arriscar mais, com criatividade e agilidade. “Há empresas médias inovadoras, como a SGD que desenvolve embalagens inovadoras, mas são poucas as que poderiam ser citadas. Já ao que se refere aos grandes grupos, à Saint-Gobain, por exemplo, há muito investimento em tecnologia e inovação. Isto assegura a posição de liderança que conquistaram. O vidro é um material maravilhoso e pode mudar o significado de muitos produtos. Gerar percepção de valor. Mas isso requer acreditar e fazer inovação. Mesmo que essa inovação acabe acontecendo no cliente”.
Valter Pieracciani, especialista em gestão da inovação