Embrenhada na natureza

Embrenhada na natureza

Capa: Embrenhada na natureza

Foi da prancheta do arquiteto baiano Antônio Caramelo que saíram os primeiros traços que hoje marcam a exuberante Residência Ecológica, uma casa ampla e arejada especialmente concebida para se adequar às altas temperaturas de Salvador e a um terreno em declive acentuado, cercado por uma rica mata nativa. Com uma área construída de quase 600 m², a residência de quatro dormitórios foi projetada para um casal com duas filhas, e, segundo o autor do projeto, sua concepção construtiva teve por objetivo valorizar elementos que remetessem à paz e à tranquilidade dos sítios dos “tempos da vovó”. “A casa foi planejada em três planos interligados, e seu nome se explica por uma arquitetura totalmente integrada ao meio ambiente, concebida de modo a se adaptar tanto à topografia do terreno como à vegetação nativa”, diz Caramelo. 

 

A casa fica no Horto Florestal, um dos bairros mais nobres da capital baiana. Constituído pela porção mais arborizada e repleta de frutais, nascentes e fauna, o terreno, com mais de 1900 m², – tinha 17,74 m de declive e muita vegetação nativa, lembra Caramelo. Avaliando as características do terreno, o arquiteto e sua equipe imaginaram uma casa que flutuaria sobre o declive e sobre o verde, deixando-se permear pelas árvores, com a vantagem de estar no alto, tirando partido da ventilação e da paisagem. 

 

Dos pilares que sustentam a edificação aos recortes, desvios e espaços vazados, todas as estruturas e soluções adotadas foram pensadas de modo que a casa pudesse contornar as árvores e moldar-se às características do terreno.

 

A proposta era que a casa se debruçasse sobre a paisagem, mas sem abrir mão de conforto, tecnologia e segurança, aspecto em que os vidros entraram em cena como um dos mais marcantes elementos da construção. “Além de suítes, varandas e salas com janelões e portas envidraçadas posicionadas para garantir ventilação cruzada, o espaço também contempla varandas com guarda-corpos de vidro, que propiciam vistas desimpedidas e aumentam a sensação de amplitude”, diz o arquiteto. Nos fechamentos, portas e janelas, predominaram as chapas de vidros temperados e laminados. 

 

Vidros laminados casa em Salvador

Vidros laminados compõem os guarda-corpos que protegem a passarela, fixados em estruturas 
de aço carbono 

Outro destaque da obra é uma passarela com gradil de vidro sobre o terreno, em torno da qual uma vegetação que chega a atingir 12 metros de altura, integrando a casa com a mata. A função da passarela é conectar a área social às áreas de lazer. Aqui, informa o arquiteto, a escolha recaiu sobre os vidros laminados, que garantem máxima segurança nesse tipo de aplicação. “O material também marca forte presença no deck suspenso onde fica a piscina, com sua borda infinita voltada para a mata, contornada com vidro em toda sua extensão”, acrescenta. Foram aplicados vidros laminados lisos, incolores, com 12 mm de espessura.
O grande desafio do projeto foi atender a solicitação de uma piscina no nível da copa das árvores, com um desnível de cerca de 14 m em relação a uma parte do terreno, embora em nível com o acesso à parte térrea. “Sugerimos que o formato da casa fosse o mais orgânico possível para se harmonizar com todo o entorno, sendo o espaço abaixo aproveitado para uma academia”, diz o arquiteto. 
Segundo o arquiteto, todos os esforços foram no sentido de fazer com que a casa se infiltrasse e se misturasse com a mata. “Claro que nenhum recurso poderia servir melhor ao propósito do que a transparência do vidro”, diz o arquiteto. Para ele, o material torna-se cada vez mais imprescindível na arquitetura moderna. “Entre os benefícios que o vidro trouxe ao projeto, destaco o aproveitamento da luz natural, que é bastante intensa no nordeste brasileiro por muitas horas do dia”, comenta. “A outra questão é a da própria transparência, que dá aos moradores acesso visual a toda vegetação. Tivemos o cuidado de salvaguardar a área e impedir que qualquer árvore fosse derrubada. Como a casa foi construída no nível da copa das árvores, em função da topografia do terreno, pudemos tirar proveito da transparência, ao mesmo tempo em que mantivemos a privacidade dos moradores.”

 

Quanto às estruturas de sustentação, Caramelo informa que elas variam em função da finalidade a que se destinam. “No caso das esquadrias, foram utlizados caixilhos de alumínio. Já nas passarelas, o material empregado foi o aço carbono. Nos guarda-corpos, a opção foi elo aço inox”, diz o arquiteto. O processo de instalação adotado foi o convencional, com uso de silicone estrutural. Ao todo, a obra recebeu mais de 300 m² de vidros entre área interna e externa.