Design cristalino

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Capa: Design cristalino

“As cidades representam o coração do desenvolvimento global. É nos centros urbanos que nosso futuro toma forma, que o crescimento econômico é impulsionado por atividades desenvolvidas por mais da metade da população mundial, e é neles que nossos maiores desafios ambientais se tor nam mais evidentes.” Com essa frase, o CEO do setor de infraestrutura e cidades da Siemens, Roland Busch, expressa o intuito principal da multinacional ao criar o edifício The Crystal, um centro integralmente dedicado ao desenvolvimento sustentável urbano, inaugurado em Londres há pouco menos de um ano.

 

Com design arrojado e arquitetura futurística, o edifício abriga a maior e mais completa exposição ligada à sustentabilidade urbana organizada até hoje. Situado entre os edifícios mais ecológicos do mundo, o projeto tem como proposta evidenciar as soluções e tecnologias disponíveis atualmente no campo da sustentabilidade urbana, capazes de estabelecer revolucionários parâmetros para a arquitetura moderna.

 

“As cidades passarão por profundas e rápidas transformações nos próximos anos. A necessidade de mais qualidade de vida, competitividade econômica e viabilidade ambiental levará rapidamente a um novo estilo de vida nos centros urbanos, e as construções sustentáveis e inteligentes estarão no âmago desse processo”, comenta o CEO da Siemens. “Os edifícios representam um enorme potencial de economia energética e são a chave para o desenvolvimento sustentável das cidades. A ideia é que o local se torne um ponto de encontro para debates e aprendizado em sustentabilidade. Um espaço global e democrático, aberto ao grande público, lideranças e formadores de opinião, com o objetivo de levantar questões sobre como construir cidades mais verdes e funcionais para seus habitantes e as futuras gerações.”

 

Fachada eficiente

 

O design que embala toda a tecnologia do The Crystal resulta de uma parceria do Wilkinson Eyre Architects com os arquitetos do Pringle Brandon Perkins + Will (PBP+W), responsáveis pelo design de interiores, e com os engenheiros da Arup, que se empenharam para dar vida a uma arquitetura arrojada, que desse conta de aproveitar todos os recursos disponibilizados pela Siemens. “O projeto foi criado com base em um briefing muito específico, que envolvia a criação de um edifício icônico para abrigar esse centro internacional de excelência em sustentabilidade”, diz Sabatien Ricad, diretor do Wilkinson Eyre Architects. Com desenho inspirado nas múltiplas formas de um cristal, a construção é revestida por vidros em todas as suas faces e teve seu formato externo projetado para criar e complementar espaços internos únicos, arejados, iluminados e transparentes, e, ao mesmo tempo, garantir máximo isolamento térmico e aproveitamento energético. “A geometria arquitetônica cristalina deriva sua inspiração da natureza. Sua concepção responde diretamente ao local em que foi erguido, formando uma série de ângulos retos e criando um ponto focal arquitetônico marcante para a área”, comenta o arquiteto Chris Wilkinson, idealizador do projeto.

 

Erguendo-se como um cristal negro, a fachada proporciona isolamento e controle de iluminação natural e incidência solar. Suas diferentes superfícies estão dispostas e inclinadas de modo a maximizar a quantidade de luz solar que entra ao longo do dia, ao mesmo tempo em que cria áreas sombreadas em partes internas onde a luz direta é indesejada. Sistemas inteligentes desenvolvidos pela Osram se encarregam de ativar iluminação artificial quando necessário. “Além disso, a fachada conta com amplas aberturas, que garantem ventilação adequada”, comenta Wilkinson. “De acordo com as condições climáticas externas, os usuários podem escolher entre fazer uso de ventilação natural ou artificial, provida por um sistema de ar condicionado de baixo consumo.”

 

Painéis fotovoltaicos instalados na cobertura fornecem parte da energia elétrica usada no edifício, totalizando uma superfície de 1,5 mil m². O edifício se projeta como um pavilhão dentro de um parque. Sem fachada frontal ou traseira nem uma cobertura tradicionalmente definida, o desenho foi concebido como um conjunto de facetas que criam forte impacto quando vistos tanto do nível da rua quando de cima. “O envelope em forma de cristal busca tanto refletir o contexto do edifício como também atingir um grau de transparência que permita conectá-lo ao seu entorno”, informa o arquiteto. Esse efeito resulta de um sistema de envidraçamento que usa diferentes tipos de vidro insulado, com variados níveis de transparência, permitindo com que os espaços internos sejam naturalmente iluminados, mas com elevado grau de controle solar. “Esse cuidado especial em usar vidros tanto transparentes como opacos foi tomado justamente para minimizar custos e consumo energético.” O arquiteto informa que os mais de 3,7 mil m² vidros foram fabricados pela AGC e fornecidos pela alemã Interpane Glas, um dos mais importantes processadores de vidro plano da Europa, fundada em 1071. As unidades insuladas que forram o edifício são compostas por vidros low-e de alto desempenho, formando painéis insulados com camadas intercalares. Para sua instalação, a Arup fez uso de um mecanismo de fixação formado por alavancas articuladas na estrutura da fachada, para proteger as bordas dos painéis de vidro duplo.

 

No caso das superfícies inclinadas, foram adicionadas pequenas placas de fixação externa a alguns painéis, informam os engenheiros da Arup. Segundo eles, sistemas de envidraçamento inteligentes foram especialmente desenvolvidos para o projeto, explorando os variados acabamentos e propriedades oferecidas pelo vidro para formar as facetas cristalinas, usando vidros translúcidos ou opacos, bem como algumas chapas transparentes, seguindo um padrão que atendesse as demandas internas por iluminação e desempenho térmico.