Em reforço à proposta de apresentar linguagens, composições cromáticas e materiais que ilustrem o estilo brasileiro de viver e morar, a Casa Cor 2015 levou às suas versões regionais um pouco mais da temática que norteou a edição paulista do evento. Oficializadas nos calendários das respectivas cidades, as mostras ganham novos contornos a cada ano, crescendo em público, espaço e pluralidade de ambientes.
Percorrendo os ambientes da mostra em diferentes cidades do Brasil, é possível garimpar idéias e testemunhar novas tendências de aplicação do vidro, material que se destaca em todos os tipos de projetos. Entre os destaques, a Casa Cor Minas, que este ano completou 21 edições, teve o tema “Brasilidade” traduzido de forma eclética em 38 ambientes, que interpretavam, de forma ora irreverente, ora tradicional, o que há de mais expressivo no País e na região, traduzido em cores vibrantes, linhas sinuosas e layouts acolhedores, que celebravam o hábito mineiro de “prosear”. “O evento deste ano trouxe muitas novidades do ponto de vista da sustentabilidade, em resposta ao momento de grande escassez de recursos”, diz Juliana Grillo, diretora comercial de Casa Cor Minas.
Ainda no Sudeste, na versão carioca do evento, o foco foi no contraste entre o antigo e moderno. A 25a edição da mostra foi realizada em um vilarejo de oito casas revitalizadas da Villa Aimoré, no bairro da Glória. Entre as aplicações do vidro, mereceu destaque o impactante piso preenchido com cacos de espelho que forrava o chão do estúdio LAB LZ by GT, um dos ambientes mais hi-tech da mostra, criado pela arquiteta Gisele Taranto.
No Sul do País, as versões paranaense e gaúcha esbanjavam requinte e sofisticação em ambientes inspirados no “consumo consciente” e na “tecnologia aplicada ao morar”. Na Casa Cor Paraná, os visitantes foram levados a uma experiência que une passado e presente, mostrando que um imóvel centenário pode perfeitamente respirar novos ares e receber o jeito contemporâneo de morar. A sede escolhida foi a antiga Fábrika de Fitas Venske, um patrimônio arquitetônico de Curitiba construído em 1907, que abriga hoje vários estabelecimentos e espaços culturais. Os 53 ambientes traziam ideias de arquitetura e decoração com novos materiais, muitas cores e soluções sustentáveis.
Nas páginas seguintes, acompanhe nossa reportagem por algumas das principais edições da Casa Cor realizadas nos últimos meses, apresentando ambientes em que o vidro ganha destaque tanto em aplicações tradicionais como em propostas mais arrojadas.
Cacos no piso | Lab LZ by GT | Gisele Taranto
Um dos ambientes mais hi-tech da Casa Cor Rio, o Lab LZ by GT, de Gisele Taranto, foi criado com intenção de tirar as pessoas de sua zona de conforto, instigando-as a pensar sobre as diferentes formas de habitação e seus processos de criação. A ideia foi criar um espaço para encontros e palestras. Feito de vidro UltraClear, o piso é também composto por cacos de espelhos Guardian no espaço vazio entre o contrapiso existente e o piso acabado. O significado desse espelho complementa o conceito de profundidade e reflexão, ponto-chave do projeto.
Loft-contêiner -Box 16- Felipe Soares
Assinado por Felipe Soares para a Casa Cor Minas, o Box 16 é definido como a “materialização de um novo estilo de vida”. O loft-contêiner de 28 m² é uma moradia compacta, completa e sustentável. Com tratamento termoacústico, o ambiente recebeu portas pivotantes de vidro laminado nas duas extremidades, direcionando a ventilzação de forma cruzada. Aberturas estratégicas nas paredes, aliadas ao box e as divisórias internas também de vidro, ajudam a manter a fluidez, a luminosidade e a leveza do espaço.
Piscina em balanço-Town House NY-Caroline Kreling Mottin
O espaço de 100 m² assinado pela arquiteta Caroline Kreling Mottin na Casa Cor RS tinha como conceito retratar um mundo moderno, contemporâneo, com municípios verticalizados e terrenos cada vez mais escassos. A projeto aproveita ao máximo cada um dos andares da casa, que em sua fachada de linha retas ostentava uma piscina de vidro construída em balanço que, em conjunto com o revestimento de vidros pintados formando um “jardim vertical”, reafirma o estilo contemporâneo do projeto. “O uso de vidro em piscinas é tendência mundial e veio para ficar”, afirma a arquiteta.
Luz difusa-Adega-Anne Bomm e Marília Warken
Uma adega da Lacava era o principal destaque no ambiente assinado pela Bomm Warken Arquitetura para a Casa Cor RS. Instalada em frente a uma cristaleira de vidro, a adega climatizada contava com um painel de vidro jateado ao fundo, que permitia a passagem difusa da luz, com iluminação projetada com fitas de led. O led foi o tipo de luz escolhida por não gerar calor e, assim, não interferir na qualidade do vinho. Na cristaleira, assim como nas portas da adega, a escolha das arquitetas foi pelos vidros incolores, que garantiram plena visão dos cristais e vinhos guardados no interior, como uma espécie de vitrine. No fundo da cristaleira, o revestimento de espelho cumpria a função de refletir a adega climatizada no lado oposto, conferindo amplitude ao espaço.
Tecido sobre vidro-Galeria João Turin-Yara Mendes
No túnel que ligava o pavilhão da Casa Cor Rio ao Anexo Gazeta do Povo, a arquiteta Yara Mendes fez uma homenagem ao artista paranaense João Turin. O vidro do túnel foi revestido com sistema clipso de tecido tensionado com impressão de esboços do artista. O painel, feito pela empresa F9, era retroiluminado para criar um efeito visual.
Convivência – em família – Sala de jantar -Laura Santos
A sala de jantar projetada por Laura Santos para a Casa Cor Minas procurou criar um ambiente voltado para a convivência familiar. Inspirado na natureza, o projeto une verde e conforto e recorre à madeira como principal material de revestimento. O vidro refletivo marcava presença em um amplo painel espelhado na cor prata, instalado na parede junto à mesa de jantar, com o intuito de conferir sofisticação, leveza e amplitude ao espaço. Com espessura de 10 mm, o painel foi colado ao MDF com cola de silicone.