Caminhos para o crescimento

Caminhos para o crescimento

Capa: Caminhos para o crescimento

A evolução do vidro traz à tona um importante nicho do setor: a vidraçaria. Ainda considerado um negócio de média concorrência, está em franco crescimento no país, chegando a reunir, nas cidades maiores, até 20 estabelecimentos próximos em uma mesma região. Mas a falta de conhecimento mais amplo e o reduzido domínio sobre as novas tecnologias vindas dos fabricantes de vidro, ferragens e equipamentos levam esses profissionais a lidar com a discrepância entre o que é disponibilizado pelo mercado e o que eles realmente conseguem incorporar ao seu leque de serviços.

“O vidraceiro precisa ter as informações necessárias na palma da mão”, afirma Ricardo Câmara, da empresa de cursos e treinamentos Central do Vidraceiro, destacando a grande demanda e os frequentes lançamentos de novos produtos que poderiam ser mais bem aproveitados pelas vidraçarias. “Elas poderiam virar o jogo e aumentar seu faturamento”, diz o consultor. Mas a opinião não é só dele. O consultor técnico Gabriel Gabbay Zanatta, da fabricante de vidro plano Cebrace, acrescenta que o acesso à internet e a facilidade de contato com as fábricas também permitem amplo acesso ao conhecimento técnico sobre vidros.

 

Já o presidente da Associação Catarinense das Empresas Vidreiras (Ascevi), Sandro Henrique Rensi, acredita que o problema está na informalidade, na falta de preparo dos profissionais na gestão do negócio e aplicação dos produtos, e comenta que esse mercado ‘anda a passos de tartaruga’. A responsável pelo gerenciamento de produtos e marketing da Pacaembu Vidros, Silvia Romano, considera a correta especificação como o grande diferencial a ser conquistado pelas vidraçarias. “A maioria dos clientes não tem ideia de todas as possibilidades disponíveis”, afirma.

O imediatismo do trabalho do vidraceiro é outro ponto crítico. “Por não conhecer tecnicamente os produtos diferenciados, ele prefere vender o comum, que é mais rápido,”, explica Nelson Libonatti Junior, diretor geral do Grupo Glass Vetro. Para o executivo, o dia em que os vidraceiros reconhecerem que não é o preço a forma de aumentar seus ganhos e passarem a conhecer melhor as soluções do mercado, eles conseguirão oferecer um serviço seguro e de qualidade, que será devidamente remunerado pelo cliente.

 

A entrada de novos empreendedores e a grande procura por serviços do vidraceiro podem fazer esse quadro mudar, levando a um cenário de alta competição. Já não basta um bom plano de negócios e uma boa carteira de clientes. É preciso agregar valor, incorporando modernidade na gestão, adquirindo conhecimento, novas tecnologias e otimizando processos. Alexandre Araújo, consultor e instrutor do Sebrae e do portal Canal do Serralheiro, lembra que a falta de escolaridade e a inexperiência dos gestores podem comprometer a sobrevivência do negócio.

 

Soluções diferenciadas

Segundo a Cebrace, a atuação do vidraceiro no dia a dia se dá, basicamente, em dois setores: banheiros e áreas internas (box e divisórias de vidro) e janelas e fachadas externas. Para isso, normalmente são utilizados vidro temperado incolor e de massa colorida, de 8 mm ou 10 mm; vidro de aparência extra clear (Diamant), de tom mais claro e transparente que o vidro comum; vidros pintados (Coverglass), para revestimento das paredes, cozinhas, armários, espelhos de áreas sociais e banheiros; e vidro extra-grosso (Prisma), como tampo de mesa. Já nas janelas e fachadas, trabalha-se muito com o vidro incolor ou colorido, seja ele comum, temperado ou laminado. Nos últimos anos cresceu o uso de vidros insulados e de proteção solar.

 

No quesito vidro, as soluções de alto valor agregado estão, principalmente, nos vidros refletivos, laminados com E.V.A., serigrafados, impressos, autolimpantes, insulados, de controle solar, jateados, acidados, aramados, craquelados, vidros semi-temperados (ou termoendurecidos), Low-E temperado, vidros curvos, duplos com cristal líquido, blindados, espelhos bisotados etc.

Em termos de tecnologia, uma boa oportunidade de negócio para o vidraceiro é o Heat Soak Test, da New Temper. Trata-se de um teste no qual os vidros temperados são submetidos a uma elevação de temperatura em câmara de até 290 graus e, em seguida, resfriados gradativamente, quando então ocorre a quebra dos vidros que contenham sulfureto de níquel em sua composição. “Esse tipo de serviço permite ao vidraceiro oferecer um vidro dotado de mais segurança”, salienta José Nilson Morais de Lacerda, responsável pelo setor comercial da empresa.

 

Estética, modernidade e baixo custo de manutenção também agregam valor ao negócio das vidraçarias. É o que oferecem os sistemas autoportantes com vidros temperados Cebrace, os sistemas de coberturas que utilizam vidros laminados e de proteção solar e os boxes de vidros laminados e refletivos.

Incorporando praticidade e estética na instalação de ferragens e acessórios, as linhas de guarda-corpos, corrimões e ferragens especiais também aparecem entre os produtos que mais podem agregar ao negócio do vidraceiro. O preço mais caro seria o impeditivo de melhores margens. “Mas o vidraceiro se destacaria fazendo vendas mais consultivas, mais trabalhadas em cima das normas”, sustenta Libonatti, da Glass Vetro. A Torre Fit de Encaixe da WR Glass segue esse caminho. Um produto avançado, bonito, eficaz e fácil de instalar, pois os vidros vão encaixados nas torres, sem necessidade de furação, o que agiliza o processo de instalação.

 

O principal benefício do uso de uma ferragem de alta qualidade é manter o funcionamento do sistema por mais tempo. Isso contribuirá para a reputação do profissional, que poderá será chamado para novos negócios. Nesse contexto, vale citar o sistema de abertura total de painéis de vidro para envidraçamento de varanda, Comfort Space System, da Dorma.

Já na linha de adesivos, colas UV e selantes, como os poliuretanos (PU) e silicones acéticos e neutros, o diferencial é garantir durabilidade e fixação do produto. “O vidraceiro deve optar por produtos de qualidade, de apelo sustentável, usar as ferramentas adequadas e seguir as instruções de uso”, recomenda o engenheiro de aplicações da Adespec, Thiago Sena, que cita a linha Pesilox (Fixa Tudo, Espelho e Box Blindex) como um dos produtos de maior valor agregado da empresa.
Na linha de ferramentas e máquinas, as inovações são equipamentos como nível, prumo e trena a laser, medidores de ângulo digital e furadeiras movidas a bateria. Eles vieram para juntar-se às ferramentas e equipamentos básicos manuais já utilizados pelos vidraceiros, como cortadores de vidro, régua, esquadro, compasso, ventosas e alicates; lixadeiras, politriz, serra e perfuradora.

 

Um desafio dessas novas peças é abreviar tempo, garantir a qualidade de acabamento e evitar o desperdício. “Existem desperdícios óbvios, como a peça riscada, por exemplo”, afirma o diretor Gabriel Leycand, da fabricante de rebolos de polimento de vidro, Abrasipa. “E outros que não paramos para medir, como quanto deixamos de ganhar para resolver esse problema”, acrescenta, lembrando que a necessidade de reinstalar uma peça pode gerar desgaste junto ao cliente e até causar atraso no pagamento, impactando o fluxo de caixa.

Entre os equipamentos mais avançados disponibilizados pela Abrasipa está a máquina de remover riscos em vidro, que não emprega abrasivos fixos. Ela remove os riscos por meio de uma realocação das moléculas, não deixando distorção ótica. Já o revestimento de proteção EnduroShield, desenvolvido com nanotecnologia, para aplicação em todos os tipos de vidro, gera economia de água, material de limpeza e mão de obra. Com o produto, o vidraceiro pode oferecer um box, uma fachada, um pergolado ou um kit-sacada protegidos contra manchas e muito mais fácil de limpar e com garantia de 10 anos.

 

O polimento do vidro é mais uma das tarefas do dia a dia de uma vidraçaria. A borracha para tirar riscos de alumínio anodizado (fosco) da Arbax é um material de uso manual bastante funcional na remoção das marcas causadas pela fricção entre os perfis, ocorridas normalmente na estocagem, no transporte, manuseio e, principalmente, durante a instalação. Segundo a empresa, antes do lançamento desse produto, os perfis avariados eram descartados ou tinham que ser repintados, causando transtornos na relação entre o vidraceiro e seu cliente.

Na linha de logística, cavaletes, carrinhos, empilhadeiras, ventosas, equipamento de proteção individual, entre outros, são de praxe em toda vidraçaria. Mas como se trata de material frágil, o transporte dos vidros deve ser cuidadoso, por meio de frota qualificada e segura (veículo apropriado – caminhão ou utilitário), que acomode o material com a devida fixação e o mínimo de vibração possível. Manutenção preventiva e condução consciente também devem fazer parte do check-list diário do profissional vidraceiro.

 
Erros mais comuns

Os erros mais comuns no setor de vidraçaria têm ocorrido por falta de adequação às normas técnicas e à falta de qualificação profissional.
O uso do vidro laminado, por exemplo, deve seguir as exigências da norma NBR 7199 nos casos em que é obrigatória sua aplicação, como em tetos e parapeitos de vidro, a fim de garantir a segurança das pessoas. Frequentemente encontram-se teto e parapeito com vidro temperado, que, apesar de maior resistência mecânica, não retém os cacos em caso de quebra.

 

Outro risco é a instalação sem o uso de folgas, calços e materiais que evitem trincas ou quebras por mudanças de temperatura. Esta especificação de material é abordada na NBR 7199 e nas normas de caixilhos. A qualificação da mão de obra é outro item fundamental para o trabalho de instalação.

 

Agregando valor pelo conhecimento

Segundo a Central do Vidraceiro, as informações técnicas sobre os produtos de valor agregado ainda estão distantes do vidraceiro. Cerca de 70% dos alunos dos cursos realizados pela Central são de profissionais que estão migrando para o vidro. Nesse caso, conhecer a fundo todas as nuances do negócio poderá fazer a diferença.

Gestão, capacitação e incentivo do uso das normas técnicas têm mobilizado entidades e grandes empresas, em todo o país, para levar a esses profissionais a informação necessária a seu crescimento e, por outro lado, reverter o quadro em que um grande número de empresas se iniciam no negócio e outras, na mesma proporção, se endividam. Para alcançar sucesso, as empresas precisam estar em dia com a sua organização, administração e planejamento, gerenciamento da produção e instalação dos materiais, com as finanças, gestão de pessoas, logística, marketing e vendas.

 

 

Saiba onde buscar conhecimento e capacitação:

Cursos Revista Vidro Impresso – Cursos de vidro temperado e engenharia. Inscrições em www.vidroimpresso.com.br/cursos-para-vidraceiros 
Datas: 19 e 20/5 – 19 e 20/6 – 17 e 18/7 – 28 e 29/8
Telefone: (11) 2628-7809

Canal do Serralheiro – www.canaldoserralheiro.com.br/
10, 11, 17 e 18/4 | RJ – Curso de Gestão Empresarial para Serralheria, Vidraçaria e Comunicação Visual Inscrições: (21) 3276-5501 | 3277-3829 – falecom@canaldoserralheiro.com.br
4 e 5/5 | SP – Curso de Gestão Empresarial para Serralheria, Vidraçaria e Comunicação Visual –  Inscrições: (21) 3277-3829 –  falecom@canaldoserralheiro.com.br
 
Escola do Vidraceiro – cursos o ano inteiro. 
www.escoladovidraceiro.com.br   
Curso técnico de vidraceiro / Vidro temperado / Serralheria básica / Pele de vidro / Envidraçamento de sacada.
 
Sacada Brasil – www.sacadabrasil.com.br – Soluções em envidraçamento de sacadas. Oferece ampla agenda de cursos e treinamentos.

Ideia Glass – www.ideiaglass.com.br – Cursos Mundo Ideia Glass – primeiro semestre 2015.
27/04 – Atendimento e Técnicas de vendas – 04/05 – Manutenção e instalação de box – 18/5 – Atendimento e Técnicas de vendas.
 
Glass Show – Evento itinerante Glass Show, realizado em conjunto por Cebrace, Saint-Gobain e Glass Vetro. Inscrições: www.glassshow.com.br.  
 
Sebrae – www.sebrae.com.br. Busca por softwares de gestão empresarial.

Google – www.google.com.br. Buscar na web por “sistemas de gestão empresarial” e avaliar as alternativas apresentadas.