Arquitetura em movimento

Arquitetura em movimento

Capa: Arquitetura em movimento

O design de seus carros é internacionalmente consagrado há muito tempo.  Desde 2007, porém, a BMW ganhou fama também pela arrojada arquitetura do seu BMW World (BMW Welt, na língua original), um centro de exposições multiuso erguido em Munique, na Alemanha. A assinatura do escritório austríaco Coop Himmelb(l)au, conhecido pela linguagem inovadora de seus projetos, está impressa na ousadia do edifício, classificado como um marco arquitetônico da cidade. “A ideia central do projeto foi explorar ao máximo a potencialidade ecológica de recursos aplicados, empregando métodos com alta tecnologia agregada”, afirma o arquiteto Wolf D. Prix, que comandou a equipe do Coop Himmelb(l)au.

 

Bmw World

 

“O ponto de partida da concepção arquitetônica foi criar um grande espaço que desse ideia de um furacão e uma nuvem, em alusão à tecnologia da BMW”

 

Multifuncional, o conjunto abriga sede, centro de conferências, show-room, restaurante e um grande museu da marca de automóveis. O grande destaque do complexo é seu volume horizontal, batizado de Double Cone, ou Cone Duplo, onde todas as marcas do Grupo BMW podem ser vistas e testadas. Já o vizinho Museu BMW abriga a BMW Art Car Collection, uma coleção de “obras de arte sobre rodas”, com carros da marca estilizados por artistas do mundo inteiro. “O ponto de partida da concepção arquitetônica foi criar um grande espaço que desse idéia de um furacão e uma nuvem, em alusão à tecnologia da BMW”, comenta Prix.
A forma excêntrica do edifício é tão extraordinária como seus ambientes internos. Dividido em quatro blocos temáticos, o complexo arquitetônico inclui um amplo hall principal, onde a interação entre luz natural e artificial associa-se a tecnologias acústicas e de climatização para garantir o conforto dos usuários. “Um dos objetivos centrais foi a economia de energia”, ressalta o arquiteto. “Fizemos uma simulação 3D das correntes térmicas e de circulação de ar para dissipar a fumaça emitida pelos carros testados”, conta o arquiteto. Entre os recursos adotados para garantir ventilação e iluminação adequadas, Prix cita a redução da malha de sustentação na qual se encaixam os painéis de vidro. “Os painéis triangulares são fixados diretamente nos espaços vazios entre os perfis de aço, com medidas de 300 X 100 mm e 250 X 100 mm.”  

 

 

Furacão de vidro e aço

 

Usado como espaço de exposições e eventos, o Double Cone foi concebido como uma estrutura independente e abriga uma grande praça de 73 mil m², 48 m de largura e 28 m de altura. Similar a uma ampulheta, a estrutura é composta por dois cones sobrepostos e unidos por uma transição circular. Essa estrutura é responsável por dar sustentação à grande cobertura, suportada por mais 12 pilares. Tudo para transmitir ao observador a ideia de que o teto está flutuando. Na cobertura da edificação, há um conjunto de placas fotovoltaicas que fornecem energia ao edifício. No interior do cone, um túnel espiralado auxilia na ventilação.
No total, foram empregados mais de 73 mil metros quadrados de superfície envidraçada. O aspecto futurista da estrutura deve-se à leve torção do edifício em seu próprio eixo, além da inclinação de suas superfícies laterais, fazendo lembrar o movimento de uma hélice.

 

Dividido em quatro blocos temáticos, o complexo inclui um amplo hall principal, onde a interação entre luz natural e artificial associa-se a tecnologias acústicas e de climatização para garantir o conforto dos usuários

O cone inferior é recoberto por vidros temperados de 8 mm, interstícios de 16 mm e vidros semi-temperados. No cone superior, as chapas de vidro têm a mesma dimensão, mas são compostas por laminados de segurança. Junto a algumas das superfícies envidraçadas, a uma distância de 600 mm, foi instalada uma proteção solar composta por painéis perfurados de aço inoxidável. Essa camada preenche os espaços triangulares não envidraçados. “As superfícies verticais de vidro restantes que compõem a fachada foram moldadas diretamente nas vigas ou articuladas em abraçadeiras”, descreve Prix. “Dessa forma, garantimos que as superfícies exteriores de vidro apresentassem baixos níveis de dispersão térmica e mantivessem a temperatura interna em níveis confortáveis.” 

Os vidros e estruturas de sustentação da fachada foram projetados e instalados pela alemã Josef Gartner Steel and Glass, empresa de engenharia pertencente ao grupo global Permasteelisa, especializado em sistemas complexos de coberturas e fachadas de aço e vidro. 

No total, o projeto usou mais de 900 diferentes elementos de vidro, especialmente beneficiados para compor o Double Cone. Para a fachada, a escolha recaiu sobre os vidros térmicos Ipasol neutro 52/29, fabricados pela Interpane. Em alguns ambientes, foram empregados sistemas com vidros à prova de fogo da linha Pyran, fabricados pela Schott.