Antonio Antunes – presidente da Afeal: 50 anos de contribuição ao setor de esquadrias

Antonio Antunes – presidente da Afeal: 50 anos de contribuição ao setor de esquadrias

Capa: Antonio Antunes – presidente da Afeal: 50 anos de contribuição ao setor de esquadrias

Há mais de 50 anos no ramo de esquadrias de alumínio e há 35 anos atuando na Afeal (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio), Antonio Antunes já passou por grandes fabricantes, extrusores e revendedores. Em 1980, fundou a empresa Artalum Artes em Alumínio Ltda., onde atua como diretor até hoje. O empresário contribui para o desenvolvimento do setor através da participação na Afeal desde sua fundação, sendo que na última década intensificou sua colaboração como diretor financeiro por quatro anos e foi reeleito presidente, estando à frente da entidade nos exercícios de 2015/2016 e 2017/2018. O atual mandato, segundo Antunes, tem sido trabalhoso, porém gratificante, luta que tem fortalecido o desejo de contribuir para a melhoria do setor. 

“Um dos principais desafios é o combate à não conformidade em produtos do segmento. Em tempos de crise, essa prática pode se tornar sistêmica e ser potencializada. Neste sentido, o desafio da Afeal é mobilizar o setor na aplicação das normas técnicas e das boas práticas, propor regulamentação, observar o mercado e adotar medidas por meio do PSQ para ‘combater’ as ilicitudes no setor”

Quais são os principais desafios do setor de esquadrias?

Um dos principais desafios é o combate à não conformidade em produtos do segmento. Em tempos de crise, essa prática pode se tornar sistêmica e ser potencializada. Neste sentido, o desafio da Afeal é mobilizar o setor na aplicação das normas técnicas e das boas práticas, propor regulamentação, observar o mercado e adotar medidas por meio do Programa Setorial da Qualidade de Portas e Janelas de Correr de Alumínio (PSQ) para “combater” as ilicitudes no setor.

Que questões foram grandes entraves e hoje solucionadas?

O grande entrave é a desorganização setorial, com a exigência da norma NBR 10.821 e sistemas de alta performance. É difícil acompanhar os fabricantes que, por desconhecimento, produzem produtos abaixo da linha da conformidade, praticando preços em patamares insustentáveis. Como estamos falando de produtos de vida útil (VUP) de mais de 40 anos, é difícil para o consumidor (construtora, lojista e/ou cliente final) distinguir o custo-benefício das esquadrias. A Afeal coordena o PSQ e, em parceria com a Abal, acaba de disponibilizar ao Ministério das Cidades a tabela com os fabricantes homologados no PSQ. A mesma foi publicada em site governamental pelo PBQP-H no mês de julho de 2018.
 

Qual o papel da Afeal no desenvolvimento do setor?

Apesar da crise, a Afeal não diminuiu as atividades, pelo contrário, temos ampliado as ações. Nossa missão é promover a organização e o fortalecimento do setor de esquadrias de alumínio. A associação busca valorizar o produto, contribuir com o aumento de competitividade das empresas e valorizar o associado. Nosso propósito é representar, desenvolver e fortalecer o setor de esquadrias junto à sociedade.

Conte sobre algumas ações e projetos para contribuir com estes desafios da cadeia?

São muitas ações, mas destaco a criação de núcleos regionais, consolidando a presença da Afeal em todo o território nacional, com realizações de treinamentos, encontros empresariais e, principalmente, a interlocução com construtoras e entidades regionais do setor da construção civil. A elaboração de conteúdos de valor para o segmento de esquadrias de alumínio também fazem parte da estratégia. Entre eles estão o Manual de Uso e Conservação de Esquadrias de Alumínio, o Manual Compre Certo e o Manual de Introdução à NBR 15.575. A Afeal ainda promove levantamentos e pesquisas setoriais, fornecendo aos associados informações relevantes para a tomada de decisões. Organiza cursos e treinapapo direto mentos para qualificação dos profissionais do setor e realiza com frequência o debate entre os atores da cadeia produtiva. Efetivamente, participamos da elaboração de normas técnicas, tendo alguns grupos de estudos sobre sua responsabilidade. Hoje a Afeal coordena o PSQ, vinculado ao PBQP-H, do Ministério das Cidades, que é um dos mais importantes mecanismos para organização e regramento do setor.

Quais critérios devem ser analisados na escolher de uma esquadria?

Entre as exigências de qualidade na escolha da esquadria estão: segurança: no uso, na limpeza e no comportamento mecânico; habitabilidade: na estanqueidade e na acústica; durabilidade na conservação das propriedades, manutenção e reparos; qualidade: dos dispositivos complementares de estanqueidade e dos acessórios; estética na importância no “visual” da obra; facilidade: no uso diário; e segurança e economia na execução de ações de manutenção de um sistema ou do produto em si. Também é preciso analisar a resistência estrutural à deformação, à carga do vento e ao esforço de uso, ou seja, ensaios estes estipulados por Norma, verificando o desempenho das esquadrias de acordo com as suas dimensões, alturas de pavimentos e regiões onde estão instaladas.

Fale sobre as esquadrias em tamanhos personalizados, assim como as especiais, para isolamento acústico, por exemplo.

Os fabricantes de esquadrias podem utilizar sistemas de mercado e próprios. Ao projetar um edifício comercial, residencial, industrial ou institucional, o arquiteto deve definir os vãos e o tipo de esquadria, baseado nos requisitos normativos. As esquadrias de tamanho convencional e as de tamanho personalizados devem atender aos critérios mínimos de desempenho estabelecidos em norma.

Quanto ao isolamento acústico nas esquadrias, a NBR 10821-4 apresenta a tabela e a etiqueta que estabelece os parâmetros de classes de desempenho acústico das esquadrias. Para obter tais classificações estes produtos devem passar por ensaios laboratoriais onde constatarão os níveis de desempenho acústico a qual o produto possa atingir. O objetivo é determinar condições para avaliar quais os níveis aceitáveis de ruído ambiente nos respectivos recintos de uma edificação.

Há uma tendência de minimalismo neste mercado, com esquadrias cada vez mais discretas e algumas em – butidas, para dar destaque ao vidro?

Sim, as esquadrias minimalistas de alumínio têm um conceito de oferecer modernidade, personalidade e design. O desempenho dos materiais, quando falamos em estruturais, estanqueidade e manuseio, possibilitam a inserção de portas com grandes dimensões e ocasioam o mínimo de interferência visual no resultado final. Nas esquadrias minimalistas de alumínio com propriedades acústicas, os vidros têm um grande papel em seu desempenho. Os perfis de alumínio são projetados para proporcionar conforto e segurança, além da variedade de modelos, tamanhos e acabamentos atendendo aos mais variados projetos. Os conceitos da linha minimalista incluem trilhos, guias e batentes embutidos no mesmo nível do piso, roldanas exclusivas e projetadas para garantir os esforços e ao mesmo tempo leveza e conforto; e travamento das folhas por sistema de multipontos.

Como a indústria de esquadrias planeja seu desenvol – vimento para acompanhar novas tendências do merca – do de vidro?

O mercado do vidro historicamente é um polo de pesquisa e desenvolvimento, que muitas vezes norteia as tendências de aplicação em diversos setores e não é diferente no setor de esquadrias de alumínio. A indústria vem se organizando no sentido de oferecer tecnologias em vidro que, agregadas aos nossos produtos, colaboram com o desempenho total dos sistemas de esquadrias.
 

Como é a relação das entidades de esquadrias com as do setor vidreiro?

Historicamente temos muitos e bons exemplos de par – cerias, destacando a participação da Afeal no Deconcic e no Consic, da Fiesp; a recente elaboração do Manual de Esquadrias para Edificações, promovido pela CBIC; e a parceria firmada com a ABAL no sentido de impulsionar a qualidade de toda cadeia produtiva das esquadrias de alumínio. Com as entidades do setor vidreiro, mantemos estreitos laços com a Abividro, Abravidro, Ascevi e Anavidro, com ações conjuntas, sempre promovendo a cultura da qualidade.

Como o senhor vê o mercado de esquadrias daqui alguns anos?

O momento do mercado da construção civil está difícil, mas no Brasil sempre houve ciclos de altas e baixas. No atual cenário, chegamos à parte mais baixa. A expectativa é de um início de recuperação. Certamente teremos anos melhores, porém, com retomada lenta, mas constante que deverá continuar na ascendência para os próximos anos. O objetivo do setor é se preparar, se forta – lecer e se organizar para o próximo ciclo.

“O mercado do vidro historicamente é um polo de pesquisa e desenvolvimento, que muitas vezes norteia as tendências de aplicação em diversos setores, e não é diferente no setor de esquadrias de alumínio. A indústria vem se organizando no sentido de oferecer tecnologias em vidro que, agregadas aos nossos produtos, colaboram com o desempenho total dos sistemas de esquadrias”

Qual sua expectativa em relação à Fesqua?

A Afeal é apoiadora da Fesqua desde a primeira edição. O evento tem um papel importante para a dissemina – ção de informação e conhecimento e novas tecnologias, bem como a divulgação de produtos e soluções para es – quadrias. A Fesqua contribui com a missão da Afeal de promover a organização e o fortalecimento do setor de esquadrias de alumínio. Na próxima edição, em setem – bro de 2018, a Afeal realizará o 3º Encontro Nacional da Indústria de Esquadrias. Nossa expectativa é que a edição deste ano seja um sucesso.