Investir em projetos de eficiência energética tem se mostrado uma estratégia de economia altamente rentável para as indústrias de vidro, oferecendo vantagens como o aumento e melhor gerenciamento da produtividade, sem contar em melhorias de segurança e diminuição da pegada de carbono. No setor de produção do vidro, a implementação do conceito de eficiência energética pode levar a uma redução significativa no consumo e nos custos.
Técnicas como o aproveitamento de calor residual, o enriquecimento do processo de queima e a otimização da temperatura são apenas algumas das medidas que podem aumentar a produtividade enquanto diminuem os recursos, gerando aumento de eficiência com baixo ou nenhum custo. Além disso, a atualização de sistemas de distribuição de ar para versões mais eficientes, por exemplo, pode cortar os gastos com energia em até 7%, com um retorno rápido do investimento, muitas vezes em menos de um ano.
Essas práticas são parte integrante do programa PotencializEE, iniciativa voltada para a transformação energética em pequenas e médias empresas (PMEs) industriais do estado de São Paulo, com capacidade de promover uma economia de energia de 34%, em média. Destinado a impulsionar a competitividade por meio da redução de custos e de emissões de CO₂, a iniciativa deve mobilizar investimentos de cerca de R$ 420 milhões até o fim de 2025, com o apoio de instituições financeiras, e viabilizar uma economia de 7.267 GWh no consumo de energia até 2025, maior que o consumo anual de energia elétrica de todo o Distrito Federal. Com isso, será possível mitigar a emissão de 1,1 MtCO₂e (milhão de toneladas de CO₂ equivalentes) no mesmo período.
“No setor industrial, a energia representa mais de 40% dos custos operacionais. Segundo pesquisa recente da FIESP, o gasto com energia é o maior obstáculo à competitividade da indústria paulista – seguido do custo do frete rodoviário, da complexidade da legislação do ICMS e dos preços elevados dos insumos. Depois da implementação de um programa de eficiência energética, o pequeno e médio empresário consegue reduzir, de forma significativa, gastos financeiros e emissões de gases de efeito estufa – dois fatores essenciais para o ganho de competitividade no mercado”, explica Marco Schiewe, diretor do Programa PotencializEE.
Liderado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e executado em parceria com o SENAI-SP, o PotencializEE é coordenado pela GIZ (Agência Alemã de Cooperação Internacional). O programa não apenas oferece diagnósticos energéticos detalhados, mas também facilita o acesso a financiamentos e linhas de crédito com exigências e garantias reduzidas, tornando-o uma opção viável para muitas PMEs.
Benefícios para o setor de vidro
O setor de vidro, um segmento vital da indústria paulista, está encontrando no Programa PotencializEE um caminho inovador para aprimorar sua eficiência energética e reduzir custos operacionais a partir de medidas como:
Reutilização de calor: Implementando a recuperação de calor desperdiçado, as fábricas podem diminuir o consumo de energia em até 15%, reduzindo os custos operacionais e aproveitando melhor os recursos
Oxigênio na queima: Ajustar a concentração de oxigênio utilizada para queimar combustíveis pode aumentar a eficiência do processo e melhorar a produtividade em até 12%, sem aumentar o uso de energia.
Controle de temperatura: Manter o controle preciso da temperatura do vidro, especialmente ao sair do forno, pode economizar gás e energia, contribuindo para uma operação mais eficiente sem nenhum investimento.
Atualização de tubulações: A substituição das tubulações de ar comprimido por opções mais eficientes pode levar a uma economia de energia de até 7% para cada bar, com o investimento se pagando em menos de um ano.
Essas ações estratégicas, quando aplicadas, não apenas impulsionam a economia energética, mas também são passos em direção a um modelo de negócios ecologicamente responsável, provando que sustentabilidade e rentabilidade podem coexistir na indústria do vidro. Reconhecida pelo seu significativo consumo de energia, o setor de vidro é um setor-chave no âmbito do Programa PotencializEE, de acordo com o diretor do PotencializEE, Marco Schiewe. “Com mais eficiência energética, as empresas economizam na conta de energia e tornam-se mais competitivas não só no mercado nacional, mas também no exterior”, afirma o diretor do Programa.
O programa PotencializEE
O Programa PotencializEE, a primeira iniciativa voltada para a eficiência energética nas pequenas e médias indústrias de São Paulo, teve início em 2021. Desde então, já registrou mais de 1.100 inscrições, o que reflete o alcance e a demanda por melhoria energética no setor industrial. Até o momento, o programa tem 25 indústrias do segmento “Cerâmica, vidro e produtos não metálicos” em fase de pré-diagnóstico e diagnóstico. A meta é ampliar a adesão de empresas deste setor, que possuem grande potencial de eficiência energética, fornecendo às empresas uma visão clara de suas oportunidades de economia de energia e redução de emissões de gases de efeito estufa, com caminhos claros para a sustentabilidade, a eficiência operacional e o ganho de competitividade.
Em linhas gerais, o programa acontece em 6 etapas:
Inscrição via internet: Podem se inscrever no PotencializEE indústrias de qualquer setor, desde que tenham até 499 colaboradores e estejam situadas no estado de São Paulo;
Pré-diagnóstico gratuito: Profissionais do SENAI-SP fazem uma visita na indústria para conhecer seus processos produtivos, os combustíveis utilizados e identificar as primeiras oportunidades de economia de energia. Na ocasião, os empresários recebem todas as informações sobre o programa necessárias para a tomada de decisão.
Diagnóstico e elaboração do projeto: Nessa etapa, que é realizada em um prazo de 4 meses, o SENAI-SP faz um levantamento detalhado de todas as ações de eficiência energética necessárias para redução do consumo de energia e de emissões de gases do efeito estufa. Em seguida, elabora um projeto de implementação. O PotencializEE subsidia 60% do custo total do diagnóstico e da elaboração do projeto.
Avaliação técnica e validação independente: Essa etapa não tem custo para a empresa e serve para confirmar a elegibilidade das medidas propostas e verificar oportunidades de melhoria da qualidade do projeto em termos de custos e benefícios.
Acesso a investimentos e linhas de crédito: Nesse momento, o PotencializEE oferece apoio técnico para o empresário acessar financiamentos e linhas de crédito com exigências e garantia reduzida. O Desenvolve -SP pode financiar até 80% da implementação do projeto.
Implementação do Projeto: Por fim, o PotencializEE oferece suporte técnico para contratação e compra de tecnologias, para instalações e substituição de equipamentos, logística reversa para destinação ambientalmente adequada dos maquinários substituídos e implementação de sistema de M&V (medição e verificação da economia de energia).
Também são parceiros o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e a EPE (Empresa de Pesquisa Energética). No setor da indústria, apoiam o programa: a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a ABESCO (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia), e o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica). Entre os parceiros financeiros estão: Desenvolve SP (Banco do Estado de São Paulo) e o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), entre outros bancos privados.
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