Neste projeto da FGMF Arquitetos a implantação é a peça chave para atender aos requisitos dos clientes. O programa é razoavelmente simples e a casa foi dividida em pequenos volumes posicionados em locais estratégicos dentro do terreno. “O cliente, um professor, é especializado na área de inovação da tecnologia e desejava algumas soluções diferentes do usual. Já sua mulher preferia uma casa mais simples, tradicional, mas que tivesse muita relação com o terreno”, descreve a equipe do escritório.
O terreno de 500m2 foi murado em seus limites e com isso a casa passou a voltar-se para si e para um pátio central. A ideia, de acordo com a FGMF Arquitetos, é provocar um diálogo entre o espaço interno e externo. “Ao murar o terreno e implantar a casa em diferentes pequenos blocos dentro do terreno criamos interessantes tensões entre o construído e não construído, dando características diferentes a esses espaços”.
A casa de 160m2 ganha a sensação de amplidão de uma casa de 500m2.
O limite da construção passou a ser, para o observador, os muros do terreno e não mais apenas as paredes da construção. Essa mudança de percepção é fundamental; a casa de 160m2 ganha a sensação de amplidão de uma casa de 500m2 . Para intensificar essa sensação espacial e o objetivo do jardim fazer parte da residência propriamente dita, os muros são lavados de luzes a noite, sempre surgindo como o limite da construção.
O posicionamento dos volumes da residência na implantação seguiu um padrão pré-determinado de modulação. Vigas metálicas foram posicionadas acompanhando essa modulação e seguindo sempre até o limite dos muros, onde também são apoiadas. As vigas possuem múltiplas funções: travamento das paredes estruturais pré-moldadas em concreto, acabamento das calhas e coberturas metálicas e organização espacial dos diferentes volumes que compõem a casa.
No entanto, elas também funcionam como trilhos suspensos para que pérgulas e coberturas possam se mover de uma ponta a outra do terreno conforme o desejo do morador. A possibilidade de modificar o sombreamento e proteção de partes diferentes da residência conforme a ocasião ou necessidade do morador é outro artifício de apreensão do espaço externo como elemento construído e parte do dia a dia dos moradores.
“O uso do vidro foi fundamental no projeto deste trabalho. O FGMF desejava criar uma obra baseada em duas questões fundamentais: a interatividade do proprietário com a obra e as relações dos usuários e visitantes com a percepção espacial. A interatividade do usuário com a obra se deu através da manipulação da localização das pérgolas e coberturas deslizantes, e seu uso é associado com seções mais banhadas pela insolação direta através do vidro. Já a relação entre o objeto construído e o terreno, questão que leva a mudanças na percepção espacial, se dá justamente através das transparências que o vidro proporciona”, descreve a equipe da FGMF Arquitetos.