O preço do vidro sofreu já quatro reajustes neste ano de 2018, que resultaram em um acumulado de 45%. A situação tem preocupado empreendedores do setor, inclusive a possibilidade de um quinto aumento. As justificativas para o aumento do preço do vidro são diversas, mas ainda pouco claras, como a variação do dólar, alta da exportação, crise dos combustíveis e aumento da matéria-prima. “São muitas desculpas, porque o dólar não variou 45%. E ninguém das fabricantes se posiciona aos pequenos. Somente dizem que vai ter aumento a partir de tal data e ponto. A única coisa que nos é repassado são as folhas com comunicados de aumento”, diz Alexandre Marquez, da Estação do Vidro.
Sem aviso prévio
Uma das maiores reclamações é que, geralmente, os aumentos nos preços do vidro são comunicados com pouca antecedência, o que está comprometendo o planejamento das empresas. “Se as fábricas tivessem no mínimo o posicionamento de alertar aumentos dois meses antes, o que ainda sim seria meio complexo trabalhar, teríamos ainda demanda de estoque. Teve vez que o preço do vidro ia subir 17% e comunicaram na sexta que subiria na segunda. Assim não há quem aguente, nem eu, pequena vidraçaria, nem a têmpera, nem a distribuidora”, ressalta Marques.
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O profissional ainda destaca que no meio de uma obra ocorrem reajustes, situação complicada do cliente entender. “Eu tive quatro casos desses. O cliente fechou a obra, porém a casa estaria pronta em 60 dias, mas nesses 60 dias tivemos aumento no preço do vidro. Mesmo com nota fiscal e demais proteções, e ainda avisando o cliente, ele não quer saber se tem aumento”.
“Temos trabalhos a médio e longo prazo, temos orçamentos para 60/90/120 dias, e a com a instabilidade de preços causa constrangimentos na hora do fechamento. Estamos acompanhando tudo de forma atenta, porém sem muito planejamento futuro, pois a cada dia vem uma nova surpresa”, completa.
Falta vidro
Como se não bastassem os aumentos sucessivos do preço do vidro, o mercado ainda enfrenta outro problema: a falta de vidro. Alexandre Marquez diz que trabalha há mais de 17 anos e é a primeira vez que passará um dezembro com medo de pegar pedidos para este ano ainda e ser surpreendido pela falta de vidro.
Rosita da CB Esquadrias relata que teve dificuldade para adquirir o bronze laminado e foi necessário mandar vir de São Paulo, tendo assim um prejuízo enorme. “Está faltando vidro temperado bronze, temperado fumê, laminados coloridos. Falta das fábricas e o beneficiador não consegue abastecer o mercado. Não tem vidro, as usinas não estão produzindo. É muita falta de matéria-prima, eles estão exportando e não estão abastecendo o mercado interno. Volta e meio recebo informativos de várias têmperas avisando sobre as faltas e qual a produção prevista. Assim não tem como se planejar. Todas as têmperas estão tendo dificuldade para obter material. O problema é generalizado. Estamos com falta de vidro fumê 10mm, a previsão de fabricação é somente para dezembro”, destaca.
Venda casada
Marquez conta que a falta do material tem interferido ainda mais no preço do vidro e causando um terceiro problema: a venda casada. “Houveram casos em que vendemos e tivemos que implorar para que um fornecedor nos entregar a preços às vezes absurdos, ou em vendas casada. Está muito forte a prática da venda casada, a empresa te vende o vidro bronze, porém você tem que comprar mais uns metros de outros vidros, senão eles não vendem, e te deixam isso muito claro. Normalmente quem tem, por exemplo, vidro fumê 10mm, está praticando isso, te vende o fumê, mas você tem que pegar o incolor e o verde também”.
Quer saber mais sobre os aumentos sucessivos no preço do vidro e como se programar para 2019? A revista Vidro Impresso está preparando para a próxima edição uma reportagem sobre o tema, com um posicionamento das fábricas de vidro em relação à questão e com a opinião de beneficiadores e vidraceiros, que contam o que esperam para o mercado vidreiro no próximo ano.