Há quase quatro décadas no mercado vidreiro, Yveraldo Gusmão iniciou sua atuação na Providro, divisão de vidro plano do Grupo Blindex, e em seguida partiu para seu negócio próprio, quando surgiu a GR Gusmão. Sua trajetória profissional foi marcada pela atuação comercial, e pela busca e disseminação de inovações, especialmente através da representação dos maiores produtores de tecnologia para o mercado do vidro no mundo, trazendo novidades do exterior para o setor vidreiro. Gusmão conta sobre sua trajetória e como a tecnologia da indústria vidreira evoluiu no Brasil ao longo do tempo, automatizando os processos manuais.
Como surgiu o desenvolvimento da GR Gusmão?
Montei um escritório de representação e distribuição de chapas de vidros, porém meu negócio direto com o vidro não foi avante, pois tive um acidente com funcionário nos primeiros dois anos e vi que não administrava bem todo este risco. Passei então a fazer visitas de consultoria a clientes e foquei em viagens para a Itália, a fim de buscar tudo que me pediam, e trazer o que via de interessante para agregar e facilitar o trabalho dos clientes, seja na indústria ou em vidraçarias.
Por estar no mercado há mais de 30 anos, vivenciou diversas fases do setor vidreiro. Conte sobre a evolução deste desenvolvimento em sua visão.
Sim, passamos por várias etapas em momentos de transformação, cada período, cada lançamento. Acompanhei cada ano com os fabricantes de máquinas desenvolvendo mais equipamentos automáticos. Hoje podemos considerar que as mais simples operações artesanais no vidro estão sendo automatizadas e, fazendo uma retrospectiva do meu início até hoje, é como sair da roda de madeira e chegar a uma Ferrari.
Como era o mercado de equipamentos para o vidro quando iniciou sua atuação?
No mercado não havia tantos transformadores, existia apenas a Blindex, a Santa Marina e mais alguns poucos. Temperadores eram somente os fabricantes de vidros. Somos representantes hoje de grandes empresas tradicionais e familiares, que atuam há várias gerações e presam pelo nome e segmento no mercado.
Quais são os maiores desafios do setor brasileiro? Conseguimos superá-los?
Cada dia automatizar o máximo com tecnologia e segurança para o beneficiamento do vidro. Hoje já podemos afirmar que o Brasil está com nível alto no beneficiamento e transformação do vidro, importando maquinários de alta tecnologia e automação.
“Hoje podemos considerar que as mais simples operações artesanais no vidro estão sendo automatizadas e, fazendo uma retrospectiva do meu início até hoje, é como sair da roda de madeira e chegar a uma Ferrari” – Yveraldo Gusmão
Como pesquisam e selecionam os fornecedores que irão representar?
Com o envolvimento no ramo vidreiro é possível conhecer e saber sobre o conceito dos fabricantes tradicionais no mercado italiano e que atuam com qualidade e tradição. Nosso objetivo sempre foi atuar com empresas com seriedade e um pós-venda para um suporte de parceria e tradição tecnológica agregada, de forma que a Gusmão seja o elo de garantia e suporte para entrega da máquina e seu funcionamento. Também procurava empresas que já tinham muitas máquinas fabricadas na Europa e Estados Unidos. Isto sempre foi uma boa referência. Hoje os países que produzem as melhores tecnologias para o vidro são Itália, Alemanha, Finlândia, dentre outros da Europa.
Quais foram as inovações da GR Gusmão e suas contribuições para o desenvolvimento do mercado?
Trazer para o Brasil a Glass South America, que recebeu meu empenho no início e hoje é uma das três maiores e mais completas feiras do nosso segmento, da qual participamos em todas as suas edições. A Gusmão está sempre empenhada e focada nas novidades que podem ajudar a desenvolver e acrescentar no mercado vidreiro para melhoria no beneficiamento, automação e transformação do vidro plano, por isso participamos de todos os eventos.
Trouxemos também os primeiros equipamentos de armazenamento e movimento de vidro, além de ter um grande número de máquinas vendidas por todo Brasil. A Gusmão participou passo a passo do desenvolvimento e crescimento em tudo que precisou para transformação do vidro, trazendo as melhores máquinas, equipamentos e acessórios. Até hoje continuamos visitando as maiores feiras e trazendo as novidades em tecnologia para o mercado brasileiro, participando ativamente a cada dia do crescimento do ramo e contribuindo para a automação do segmento vidreiro.
A empresa começou com quais produtos? Como foram incluindo novas opções até chegar à ampla variedade de hoje?
A Gusmão sempre atuou com grande variedade de produtos com o objetivo de buscar superar as dificuldades dos clientes para trabalhar com o vidro. Tivemos a oportunidade de acompanhar e facilitar todo o manuseio com acessórios, desde as ferragens para fixação do vidro, tendo linha completa, e partimos depois para os cortadores, régua, esquadro, kit Box e cada dia fomos aumentando mais até chegarmos a ter, em apenas cinco anos, mais de 600 itens correlatos em estoque. Somos hoje um dos maiores distribuidores da Dorma e temos em nosso estoque toda linha para atender em sua plenitude. O mercado pedia e eu buscava, sempre com qualidade, um melhor atendimento e com uma logística para que os clientes não precisem fazer estoque. A Gusmão garante.
Por que decidiram criar um Classificados de máquinas usadas, já que comercializam equipamentos novos?
Foi uma decisão muito estudada e necessária para manter nossos clientes em contato e ligados a nossa empresa. Temos muitos clientes que se atualizam em maquinários e oferecem suas máquinas usadas, que certamente podem ser utilizadas por outra empresa. Formulamos dentro do nosso site máquinas usadas, mandamos mala direta e fortalecemos nas propagandas que tínhamos muitas máquinas usadas de boa qualidade e referência, assim fortalecemos nosso mercado aberto para atravessar este período pela qual passa nosso país. Muitos clientes hoje estão se equipando com estas máquinas automáticas usadas.
A empresa sentiu os desafios do mercado? Quais são as expectativas para o próximo ano?
Sim, todos em nosso segmento sentimos. Passamos nestes longos anos por vários planos e mudanças econômicas, mas jamais fomos tão afetados politicamente quanto neste ano. 2017 será um ano de ajustes de planejamento e muita estratégia, na minha opinião um processo de recuperação da ressaca. Muitas empresas desestruturadas estão com pouco trabalho, tendo que enxugar ao máximo suas despesas para passar este ano. Vejo um recomeço muito lento dentro de um mercado e política destruída, sem muita clareza para gestão e desempenho. Devemos começar a clarear em 2018, se neste ano fizermos a lição de casa com muita sabedoria e cautela. A Gusmão se mantém focada e atuante.