No momento em que a economia do Brasil enfrenta retração e incertezas, as regiões Norte e Nordeste ganham corpo na mira das empresas. Por muito tempo à margem do desenvolvimento do País, tais regiões vêm apresentando crescimento acima de media nacional nos últimos anos, tendo liderado a expansão das atividades econômicas a partir dos anos 2000. Considerado um polo geograficamente favorecido e com grande potencial de crescimento, o Distrito Agroindustrial de Araguaína (Daiara), no Tocantins, foi recentemente alvo de mais um investimento nessa direção. Trata-se da nova unidade fabril do grupo Temper Vidros, uma das principais beneficiadoras do Centro-Oeste, com sede em Aparecida de Goiânia, Goiás.
Com 16 mil m² de terreno e 5 mil m² de área construída, a nova fábrica tem capacidade produtiva de 18 mil m² de vidro por mês. Oficialmente inaugurada no primeiro semestre de 2015, a planta já opera deste dezembro do ano passado, quando deu início à fase de testes. Com o novo empreendimento, a Temper Vidros espera ampliar sua área de atuação em toda a região Norte e Nordeste. “Além de tirar proveito de um ponto logístico diferenciado, queremos estar inseridos no crescimento desta região, gerando empregos e estimulando o aquecimento da economia local”, afirma o diretor administrativo do grupo, Nilton Leão.
Segundo Leão, o investimento em Araguaína mostra-se estratégico em muitos sentidos. “Araguaína é uma porta de entrada para a Região Norte, em termos logísticos. Sua localização nos permitirá distribuir vidros num raio de 300 km, em três Estados: Tocantins, Maranhão e Pará”, diz o diretor. “Toda a Região Norte é carente na fabricação de vidros temperados, produto que se firma como uma forte tendência na arquitetura moderna, daí a importância de estender nosso segmento para essa área.”
De acordo com o gerente local da Temper Vidros, Marques Sander, a nova fábrica é um marco para a empresa, por ser a primeira além dos limites goianos. “Com fábrica própria, poderemos atender nossos clientes locais com mais pontualidade e qualidade”, ressalta. Para Sander, Araguaína atende as necessidades logísticas da empresa por estar localizada no coração do Brasil, na porta de entrada da Amazônia e na rota do Nordeste brasileiro. “A Temper Vidros aposta no desenvolvimento socioeconômico dessa região”, afirma o gerente.
Equipe reunida durante cerimônia de inauguração da nova fábrica em Araguaína (TO)
Processos de ponta
Além do diferencial geográfico da nova unidade, Nilton Leão destaca o aparato tecnológico e a equipe capacitada que amparam os processos produtivos na nova unidade. “Procuramos trazer o que há de mais moderno em processos para a transformação do vidro plano. Queremos ter uma unidade fabril leve, transparente e bastante voltada à qualidade de vida, tanto de seus colaboradores diretos e indiretos, como de seus clientes e do consumidor final. Nossos processos visam a não agressão ao meio ambiente e o tratamento de todos os resíduos que devolvemos à natureza, reutilizando as escórias não só de nossa unidade, como também dos vidraceiros da região.”
O diretor ressalta que os produtos da Temper Vidros passam por um processo industrial rigoroso e moderno. “Uma equipe capacitada e equipamentos computadorizados com elevada precisão garantem qualidade, elevado desempenho e segurança”, destaca. Entre as estratégias de mercado da empresa, Leão enfatiza o compromisso de oferecer produtos resistentes, seguros e com preços acessíveis. A nova fábrica em Araguaína deve favorecer também a agilidade dos serviços. “Eu compro os produtos da Temper Vidros há cinco anos. Com a chegada da fábrica em Araguaína, o atendimento ao cliente será mais ágil”, afirma o vidraceiro Marcos Galvão, da Art Vidros.
Processamento no chão de fábrica. Na unidade de Goiânia, a Temper Vidros produz uma linha completa de vidros, incluindo laminados, acústicos, térmicos e duplos
Logística
Para Leão, a principal dificuldade enfrentada pelos vidraceiros da região diz respeito à logística. “A distância é um grande obstáculo, principalmente quando temos de fazer manutenção em determinados equipamentos ou substituição de peças e a mão de obra especializada precisa vir de outros locais, o que encarece bastante os custos. Outra dificuldade são as estradas esburacadas que por vezes danificam nossas cargas, que atravessam nosso Brasil, andando às vezes até 3 mil km para chegar ao Tocantins.” A instalação da unidade de Araguaína contribuiu bastante para reduzir o tempo de espera por caminhões que, no início da era do vidro aguardavam até 90 dias na fila para entregar os produtos e fazer as esperadas instalações. Hoje, com a chegada da unidade fabril da nossa empresa, essa realidade mudou.
Na região de Araguaína, a companhia contabiliza uma carteira de 70 clientes vidraceiros regulares, estabelecidos na intersecção do Tocantins, Pará e Maranhão, em um raio de 400 km. A planta gerou cerca de 50 novos empregos diretos e 600 indiretos. Um total de 95% das vagas ofertadas pelo grupo foram reservadas e ocupadas por trabalhadores de Araguaína, como forma de incentivar, valorizar e capacitar a mão de obra local. Para o final do ano a expectativa é que este número de colaboradores aumente para 200, quando deve ser iniciada a produção de vidros laminados. “É um produto com enorme potencial de aplicação, especialmente em sacadas, escadas, fachadas e áreas externas. Vamos empregar nessa linha a última geração em têmperas da América Latina”, frisa Leão.
Funcionário manipula chapa em processo de lapidação. Vidros laminados devem começar a ser produzidos até o final do ano
Potencial
Na unidade de Goiânia, a Temper Vidros fabrica desde temperados a vidros modulados para prateleiras de farmácias, laminados para guarda-corpos, sacadas e fachadas externas, peles de vidros em fachadas frontais, vidros refletivos, linha moveleira, linha de decoração, espelhos bizotados, tampos de mesa, vidros acústicos, vidros térmicos, vidros duplos.
Para o diretor, os vidros de controle solar estão entre as promessas ainda pouco exploradas na região, uma das mais quentes do Brasil. “Pretendemos fazer um trabalho de divulgação voltado não somente para esses tipos de vidro, mas de outros de valor agregado, tanto do ponto de vista estético como de conforto”, informa Leão. “Vale lembrar que uma das construtoras à frente das unidades habitacionais do projeto ‘Minha casa minha vida’ de Araguaína instalou vidros temperados nas 1.030 moradias populares em construção, exigindo para isso um supercontrole de qualidade em todos os produtos aplicados”.
“Pretendemos fazer um trabalho de divulgação voltado não somente para esses tipos de vidro, mas de outros de valor agregado, tanto do ponto de vista estético como de conforto”