As cores não existem sem luz. Apesar de a luz branca ser vista como sem cor, na realidade ela contém todas as cores do espectro. Ou seja, quando falamos em cor, estamos na verdade falando de luz. Na arquitetura moderna, é cada vez mais frequente o uso do vidro como recurso estético para explorar a incidência de luz natural, atuando como um filtro capaz de decompor os raios luminosos em múltiplas paletas cromáticas.
Ao atuar como um filtro da luz solar, o envidraçamento colorido permite trabalhar com as cores em variados graus de transparência e reflexão, possibilitando controle preciso sobre a qualidade da luz que incide em diferentes superfícies e ambientes. Entre os exemplares recentes desse estilo arquitetônico está o projeto do IMI – International Management Institute, entidade de pós-graduação para estudos e pesquisas em negócios, erguido na cidade de Kolkata, na Índia. Assinado pelos arquitetos do Abin Design Studio, o edifício exibe uma fachada ondulada e toda envidraçada, que parece estar constantemente mudando de cor. “A natureza e suas formas são uma fonte inesgotável de inspiração para o homem”, comenta o arquiteto Tilak Ajmera. “Com suas cores sempre em transformação, o céu é um dos elementos mais dinâmicos da natureza, e foi ele que primordialmente nos inspirou na concepção dessa fachada.”
Liberdade criativa: combinações cromáticas aleatórias acompanham proposta estética e conceitual da fachada
Laminados com películas de PVB da linha Vanceva, fabricadas pela Saflex, os vidros foram posicionados de forma quase aleatória, sem seguir qualquer padrão de repetição. Segundo Ajmera, essa característica traduz a natureza imprevisível do céu, além de representar o comportamento vibrante da juventude, que forma a maior parte do público frequentador do instituto. O briefing do cliente, lembra o arquiteto, solicitava uma escola de negócios que seguisse padrões internacionais, com instalações de última geração e espaços inteligentes para abrigar as salas de aula. “A linguagem arquitetônica que se manifesta no formato, nos materiais e nas cores do edifício é uma representação desse conceito”, ressalta. “As variações cromáticas da fachada conferem uma identidade única ao projeto, o primeiro desse tipo a ser erguido na Índia.”
Situado em uma densa zona residencial, o terreno estreito e longo, visto a princípio como uma grande restrição, acabou por ditar o plano linear do projeto. De acordo com Ajmera, essa limitação fez com que a equipe aplicasse particular esforço na criação de espaços dinâmicos, que fugissem da monotonia e evitassem padrões lineares e previsíveis. “Áreas de circulação e escoamento de pessoas foram estabelecidas ao longo de toda a fachada curva envidraçada, dando a esses espaços um caráter mais dinâmico”, diz o arquiteto. “A distribuição dos ambientes foi pensada de modo a dar ênfase especial a esses pontos de interação entre alunos e professores, vorecendo a troca de conhecimento em diferentes níveis.” No interior do edifício, as cores foram aplicadas de forma mais sutil, entre divisórias de vidro colorido, fendas na parede ou ainda em peças mobiliárias.
Além de produzir um efeito visual nos ambientes internos, os painéis laminados com PVB reduziram a transmissão de calor, garantindo isolamento e a iluminação natural difusa desejada
Fornecidas pela Thai-German Specialtt Glass, da Tailândia, as chapas retangulares da fachada colorida são compostas por duas camadas de vidros transparentes de 5 mm, cada uma com uma camada intercalar de PVB de 1.2 mm de espessura. “Além dos benefícios estéticos e de segurança, essas interlayers atuam também como isolante térmico”, frisa o arquiteto. “Assim, os vidros coloridos não somente foram a resposta ideal para o objetivo de produzir um efeito visual tanto no interior como no exterior do edifício, como também para reduzir a transmissão de calor nos espaços internos, garantindo isolamento e ao mesmo tempo a iluminação natural difusa desejada.”
Para Ajmera, a nova tecnologia aplicada aos vidros coloridos tem oferecido aos arquitetos uma imensa liberdade criativa, permitindo não apenas produzir infinitas combinações de cores e tonalidades como também trabalhar essas cores em diferentes graus de transparência. “As possibilidades de design são ilimitadas”, comenta o arquiteto. “No caso da fachada do IMI, optamos por trabalhar com 12 tonalidades diferentes, para criar uma composição abstrata de cores.”
Laminados coloridos traduzem a natureza imprevisível do céu, além de representar o comportamento vibrante da juventude