Varandas, terraços e áreas de lazer integradas com os espaços internos e que, ao mesmo tempo, permitam forte interação com o meio externo. A busca por esse equilíbrio, aliada a propostas e conceitos estéticos mais arrojados, tem situado o vidro como elemento estratégico em aplicações arquitetônicas externas. “O vidro encaixa-se tanto como material de segurança, quanto como barreira divisória, abrigo para a chuva e também pela estética na composição de ambientes”, ressalta o diretor da Conlumi Claudio Passi.
Em edifícios residenciais, varandas cada vez mais amplas recorrem aos envidraçamentos para integrar e proteger os ambientes de ruído, poluição, chuva, frio e calor excessivos. “Sua capacidade de delimitar espaços sem privá-los de luz, mantendo a amplitude das áreas, situa o vidro como uma tendência definitiva”, afirma Wilmerson Ramos, da fabricante de ferragens WR glass.
As principais tendências em fachadas residem no uso do vidro em coberturas de pergolados, passarelas e guarda-corpos. “Outra inovação é a dos muros de vidro, que propõem uma linguagem de integração e ampliação com o entorno”, comenta a consultora técnica da Cebrace, Katyne Pinheiro. Em áreas de lazer residenciais, tornam-se cada vez mais comuns espaços como estufas, gazebos e anexos transparentes, que também privilegiam o contato com a natureza. “Para fechamentos de áreas com painéis deslizantes e recolhíveis, quando houver a necessidade de trilho no piso e a altura do pé direito for superior a 2.500 mm, indicamos o Sistema Alclean SGI”, afirma o diretor Sergio Koloszuk, da Alclean.
A norma NBR 7199 determina a utilização de vidros laminados em instalações horizontais (pisos e coberturas), guarda-corpos, fachadas com pele de vidro e janelas. “A maioria das instalações é feita com vidros incolores, laminados ou laminados de temperados. Por serem autoportantes, os laminados de temperados requerem pouco uso de estruturas rígidas e opacas, que evidenciam o vidro como elemento principal”, comenta Passi, da Conlumi. Outras aplicações externas em destaque são em paredes e divisórias que unem áreas de lazer aos espaços internos. No quesito segurança, os guarda-corpos de vidro encarregam-se de proteger sacadas, terraços e áreas de passagem, sem interferir na integração visual.
Nesta e nas próximas edições de T&T, a série “aplicações externas” focaliza soluções inteligentes e esteticamente inovadoras para projetos residenciais e comerciais.
Um terraço integrado às salas de visitas e de jantar favoreceu a aplicação do vidro nesta residência assinada pelos belgas do Graux & Baeyens Architecten. O objetivo principal do projeto era criar espaços claros e abertos, mas que preservassem a privacidade dos moradores. Reservado à lateral da residência, o terraço foi instalado no primeiro andar, constituindo uma das principais áreas de lazer. As paredes e portas envidraçadas eliminam barreiras visuais entre o lado de dentro e o de fora, ao mesmo tempo em que permitem plena interação entre os ambientes internos localizados em lados opostos. Já o piso de vidro externo, que também atua como claraboia do andar inferior, privilegia a integração também com os ambientes do nível térreo, inundado-os com luz solar abundante. Instalados em perfis de alumínio, os vidros duplos da linha Thermobel Top N, fabricados pela AGC, foram instalados pela Aluminium De Croock BVBA. No piso, as unidades foram instaladas em estruturas de aço e são compostas por vidros laminados de segurança da linha Stratobel.
“Puxadinho” de vidro | Residência Drax Avenue
Wimbledon, Inglaterra
Anexos de vidro fazendo as vezes de varanda situam-se entre as mais fortes tendências de aplicação do material em áreas externas. Especializada em envidraçamento arquitetônico, vidros estruturais, portas e janelas, a empresa britânica IQ Glass é a responsável pela instalação desta extensão envidraçada em uma residência de estilo vitoriano na Inglaterra. Estruturado por um sistema autoportante, o fechamento de vidros extra clear cria uma espaço protegido, iluminado e plenamente integrado com o jardim. Sem estruturas de metal visíveis, a aplicação usa vigas de vidro laminado para sustentação das chapas de controle solar com propriedades termoacústicas usadas na cobertura e nas lateriais, que se encarregam de garantir temperaturas internas ideais, estendendo a casa ao espaço do jardim. Porta deslizantes de vidro são usadas como acesso lateral.
Lazer em dose dupla | Glass House in the Garden | Boston, Estados Unidos
Abrigar a coleção de bonsais de seus proprietários foi o principal intuito deste pavilhão de vidro concebido pelos arquitetos do Flavin Architects, com sede em Boston, EUA. Diluir barreiras visuais entre espaços internos e externos é a função principal desempenhada pelo vidro. Moderna, o estrutura integra uma estufa com clima e iluminação ideais para o cultivo das tradicionais arvorezinhas japonesas e um espaço de convivência imerso em jardins ornamentais, frutos de um projeto paisagístico primorosamente implementado pela Zen Associates. Separados por uma lareira, sala de estar e estufa convivem em uma edificação lateralmente envelopada por portas deslizantes de vidro instaladas em esquadrias pintadas de aço. Na cobertura, um teto de vidro divide espaço com um telhado verde, combinando sombreamento e luz solar na medida certa.
Filtro azulado | Iceberg Dwellings | Dinamarca
Diretamente associados a segurança e visibilidade, os guarda-corpos de vidro ganham espaço crescente em fachadas de projetos dos mais diversos portes e tipologias. No edifício residencial dinamarquês Iceberg Dwelling, acrescenta-se a esses atributos alguns diferenciais inigualáveis do material, ligados à linguagem estética do empreendimento. Além de prover intensa iluminação natural e a tão estimada vista para o mar a seus mais de 200 apartamentos – um dos principais objetivos almejados pelo desenho arquitetônico –, os vidros azuis assumem papel decisivo na proposta de remeter o formato do edifício a um grande iceberg. Pré-montadas no solo e erguidas por sofisticados equipamentos de movimentação de carga, as varandas do Iceberg Dwelllings projetam-se em cada face do empreendimento, subdividido em inúmeros blocos, sempre com um intuito: conduzir o olhar em direção à paisagem, promovendo um filtro azulado que dialoga com o azul do mar. O projeto é assinado pelos dinamarqueses di JDS Architects, com sede em Copenhagen e filiais em Bruxelas e Xangai.
Horizonte paulistano | Apartamento Itaim | São Paulo, Brasil
No projeto do arquiteto Arildo de Andrade Azevedo para este apartamento em São Paulo, a sala foi integrada à varanda por meio de um sistema de fechamento composto por painéis dobráveis articulados da Solarlux. A solução adotada integra e organiza os ambientes, aliando privacidade e versatilidade ao permitir uma mudança rápida e fácil no layout dos espaços, que se tornam independentes ou contínuos conforme o posicionamento das folhas de vidro. Projetado em alumínio com pintura eletrostática, o sistema pode ser instalado com vidros laminados, temperados ou duplos, com espessuras de 5 a 18 mm. Com painéis dotados de mecanismo interno de travamento e vedação, o fechamento oferece controle de ventilação e isolamento acústico, com atenuação sonora de até 44 dB, dependendo do vidro utilizado. Estanque contra chuva e vento, o sistema proporciona estabilidade por meio da união especial entre perfis e conectores de canto contínuo.
Spa no jardim | Highgate House | Londres, Inglaterra
Fruto de uma remodelação geral, que do projeto antigo manteve apenas a fachada principal, uma imponente extensão envidraçada instalada no jardim conferiu ares altamente contemporâneos a esta residência no norte de Londres. Conectado a entrada traseira da casa, o anexo configura-se como uma caixa de vidro, adotada com o intuito de abrigar uma área de lazer completa, com piscina, Jacuzzi, banheiros e vestiários, além de um espaço fitness, que compõe a primeira parte da extensão. Portas articuladas de vidro dão acesso à área externa do jardim. Já para o fechamento, unidades duplas, compostas por chapas temperadas de espessuras variadas. A estrutura envidraçada é capaz de criar uma proteção contra as mudanças bruscas e imprevisíveis de temperatura que marcam o clima britânico, mantendo o pleno contato com o jardim e, com ele, a sensação de estar do lado de fora da casa. Vigas laterais e horizontais, formadas por três camadas de vidro temperado de 10 mm, dão sustentação ao envelope autoportante na área da academia. A autoria do projeto é do SHH Architects.
Efeito ‘indoor-outdoor’ | Casa en La Planicie | Lima, Peru
O arquiteto Juan Carlos Doblado, do Doblado Arquitectos, é o responsável por esse belo projeto residencial que prima, acima de tudo, pela integração da área externa com todo o resto da casa. Para isso, Doblado fez uso de extensas superfícies envidraçadas nos fechamentos laterais e traseiros, que conectam as áreas de convivência internas diretamente com o jardim. O destaque fica para inovadora forma com que a piscina foi estendida para dentro da casa, podendo ser usufruída tanto do lado de dentro como de fora. A opção pelo vidro como divisória, adotado em paredes de pé direito duplo, intensifica o efeito de integração e amplitude visual. A escolha dos vidros recaiu sobre chapas incolores laminadas de 8 e 10 mm, fornecidas pela empresa Miyasato.