Frequentemente citado como o país mais próspero do mundo, a Noruega é também uma região de cinematográficas paisagens naturais, marcadas pelos picos e geleiras, cachoeiras, vales glaciais e montanhas nevadas que formam os famosos fiordes, recentemente retratados na animação Frozen, da Disney. Com pouco mais de 240 mil habitantes, o condado de Buskerud, ao sul do país, abriga algumas dessas paisagens, e foi ali que os arquitetos do Reiulf Ramstad Arkitekter ergueram dois peculiares projetos de casa de férias nas quais, em composição com a madeira, o vidro assume importante papel estético e funcional.
Similares em suas propostas, as duas residências são rodeadas por neve durante boa parte do ano, e por isso exigiram soluções que garantissem conforto para apreciar a natureza ao redor. Erguida no vilarejo de Geilo, destino muito popular entre praticantes de ski, a Split View Mountain Lodge, embora rodeada por luxuosos resorts, parece estar isolada em meio a uma paisagem intocada. Projetada como um aglomerado de chalés encaixados, a construção exibe um aspecto rústico, com superfícies revestidas de madeira, nas quais se abrem variados recortes envidraçados.
O nome Split View Mountain Lodge (algo como “Cabana com vistas para a montanha”) não foi dado por acaso. A concepção do projeto norteou-se pelo desejo dos proprietários de ter uma casa que fosse espaçosa, com quatro quartos, salas de estar e jantar separadas, lounge e mezanino, porém sem abrir mão das características principais de um pequeno chalé na montanha. Por essa razão, os arquitetos optaram por dividir a casa em pequenos compartimentos, integrando vários chalezinhos em uma mesma edificação.
O volume principal, onde estão os quartos, acompanha os contornos naturais da paisagem, dividindo-se em duas áreas sociais. “Além desses cômodos, a família encomendou um pequeno anexo para acomodar hóspedes”, conta o arquiteto Anders Tjønneland. Esse anexo foi posicionado como uma extensão da edificação, mantendo a ideia de compartimentar a vista por meio das paredes transparentes. “Os volumes envidraçados foram construídos em balanço, para favorecer a amplitude visual”, afirma Tjønneland. “Esteticamente, as superfícies de vidro enfatizam o formato do volume principal.”
Para acolher
Instalada na mesma região, a V-Logde é outra casa de campo projetada pelos arquitetos do RRA especialmente para curtir o inverno. Similar em sua linguagem arquitetônica, o chalé segue o mesmo conceito de casar madeira e vidro em formas simples, aliando uma estética leve e clara à funcionalidade e ao aconchego promovidos pela união dos dois materiais. “É uma combinação muito propícia para casas de campo”, diz.
Em ambos os casos, a proposta dos arquitetos foi estabelecer uma linguagem clara e marcada por recortes limpos. Externamente, um revestimento de madeira cobre as paredes e o telhado, formando uma superfície contínua, que com o tempo assume um aspecto de pátina. “As esquadrias que sustentam o vidro emolduram vistas espetaculares da paisagem”, comenta Tjønneland. Além disso, aberturas posicionadas ao longo de toda a casa oferecem belos quadros dos arredores.”
A escolha do vidro recaiu sobre unidades insuladas triplas, instaladas em perfis de alumínio de alto desempenho, no caso da Split View Mountain Logde, Já na V-Lodge, os panos de vidro foram colados com selante de silicone diretamente na madeira, sem qualquer estrutura intermediária. A execução ficou a cargo da norueguesa Norske Metallfasader, especializada em janelas, portas e fachadas.
“Esse tipo de vidro oferece inúmeras vantagens em regiões de baixa temperatura, pois favorece a integração visual e preserva o conforto térmico interno”, ressalta o arquiteto. “As unidades triplas promovem máximo isolamento térmico e seus perfis são de apenas 86 mm de espessura. O valor U, que representa a medida do ganho ou da perda de calor através do vidro devido a diferenças entre temperaturas internas e externas, é de apenas 0.8. Trata-se de uma tecnologia muito avançada em termos de proteção solar, segurança e transmissão luminosa e energética.”
Outra vantagem do sistema diz respeito à condensação. “Em noites muito frias e de alta umidade, é comum que o orvalho provoque a formação de gotículas no vidro. O baixo valor U dessas janelas impede a diferença de temperatura responsável por essa formação. Por isso evita a condensação do lado de dentro e de fora, mantendo as superfícies sempre cristalinas”, conclui.