Quando tomou a decisão de seguir carreira no ramo das artes, Stephan Cox não imaginava quanto sua vida profissional estaria intimamente ligada ao vidro. Os primeiros passos como pintor e gravurista logo o conduziram àquela de que se tornaria sua paixão: a escultura em vidro. “Comecei a trabalhar com vidro em 1979, ainda na faculdade, quando atentei para suas propriedades únicas como matéria prima artística”, conta Cox. “Havia uma loja de artigos em vidro soprado bem ao lado do estúdio gráfico em que eu trabalhava, e eu passava horas assistindo ao trabalho dos artesãos vidreiros”, lembra. O fascínio pelo movimento do vidro quando submetido a altas temperaturas determinou os rumos de seu trabalho de forma definitiva. “Quando desenvolvi minha primeira peça em vidro não quis mais saber de outra coisa”, diz o artista.
Depois de esculpir a quente, ferramentas diamantadas e de jateamento são usadas para o acabamento a frio
Caracterizadas por formas elaboradas e cores vivas e contrastantes, as estruturas criadas por Cox exibem uma linguagem peculiar, que o tem destacado no cenário das artes vidreiras.As complexas esculturas de Cox em vidro soprado remetem às mais variadas criaturas. Plantas, insetos, animais exóticos e seres marinhos são algumas das associações mais comuns para quem contempla a obra do artistapela primeira vez. “Minha arte é acima de tudo experimental. Trata–se de um estudo contínuo de forma, luz, cor e textura. Nenhum material é mais adequado do que o vidro para amparar este tipo de investigação”, afirma o artista. “Além da água, nada é capaz de refletir, refratar e coletar luz como o vidro.” Questionado sobre a possibilidade de suas criações representarem formas figurativas, Cox garante que não. “Minha intenção é criar objetos absolutamente inéditos, nunca vistos ou criados antes.
Todo tipo de contato e experiência sensorial serve de inspiração para minhas obras”, diz o artista, que trabalha sozinho, em seu atelier rural situado nas imediações de afety Harbor, na Florida (EUA). Antes de pôr a mão na massa, o artista diz passar longas horas estudando, desenhando e projetando as cores e formas que deverá moldar no vidro. A base utilizada é composta por vidro de soda-cal (vidro comum), especialmente produzido para se misturar às cores, compradas na forma de bastão. Fabricadas na Alemanha, Nova Zelândia e Estados Unidos, essas hastes oferecem um amplo espectro de cores transparentes e opacas. “Desde o início do movimento americano ‘Studio Glass’, há cerca de 50 anos, até os dias de hoje, a evolução dos equipamentos, opções de cores e técnicas de produção do vidro soprado tem sido muito significativa”, observa. “É impressionante a gama de ferramentas e materiais de que os artistas e artesãos vidreiros dispõem para criar. ”Do quente ao frio Depois de moldá-las a quente, o artista leva as peças para seu estúdio, onde monta e finaliza suas obras. “Nessa etapa de acabamento, uso ferramentas diamantadas e d jateamento para esculpir ou gravar no vidro a frio”, revela Cox.
“A possibilidade de captar e congelar o momento específico em que o vidro se solidifica é o que mais me atrai no trabalho com o material”
Na hora de montar, os materiais usados são adesivos à base de resina epóxi crystal clear, além de silicones industriais. “Ao longo de minha carreira, tenho desenvolvido métodos especiais de montagem e colagem em vidro, que são exclusivos do meu trabalho”, diz o artista. Em mais de 35 anos de atuação, Cox produziu milhares de esculturas em vidro. Para ele, aprimorar-se na técnica do vidro soprado é uma tarefa para lá de desafiadora, que exige simultaneamente treino físico e criatividade, além de uma boa dose de habilidade manual. “A fluidez do vidro fundido o torna um material difícil de ser trabalhado”, comentaCox. E acrescenta: “A possibilidade de captar o momento exato em que o vidro se solidifica é o que mais me atrai no trabalho.”