A interação com o oceano e com os formatos que suas ondas são capazes de desenhar foi o norte principal a inspirar a arquiteta brasileira Solange Fabião na elaboração do projeto da Cité de l’Océan e du Surf, museu inaugurado em Biarritz, na França, em junho último. Executado a quatro mãos com o consagrado arquiteto americano Steven Holl, o projeto buscou no universo marítimo as referências para sua geometria curva e suas formas orgânicas.
Com uma estrutura constituída basicamente de concreto branco e vidro, o museu, de acordo com a arquiteta, tem como proposta principal explorar os aspectos educacionais, ecológicos e científi cos ligados tanto ao mar quanto à prática do surfe. “Além, disso, a arquitetura foi concebida para chamar atenção para questões relacionadas à sustentabilidade dos oceanos. Sob o conceito espacial marcado pela dualidade ‘debaixo do céu, no fundo do mar’, o edifício alterna formas côncavas
e convexas para evocar diferentes sensações nos visitantes”, revela a arquiteta.
Luminosidade e isolamento acústico
Revestido por concreto branco texturizado com agregados do Sul da França, o exterior do edifício é marcado por grandes panos de vidro duplo, com função termoacústica. Internamente, a identidade da construção é notada desde o lobby de acesso e as rampas que cruzam os pavimentos subterrâneos e oferecem uma ampla visão da superfície curva da cobertura, animada por projeções de luz e imagens em movimento.
Deste complexo volume de concreto branco emergem dois blocos de vidro, remetendo às duas grandes rochas que, não muito distantes, compõem a paisagem e presenteiam ainda mais a já privilegiada vista para o oceano. “Revestidas por vidros insulados que alternam entre opacos e transparentes, essas saliências garantem uma iluminação de aspecto branco leitoso”.
A fachada cortina é sustentada por estruturas de aço e recebeu composições de vidro insulado da alemã Okalux, que promovem uma difusão rápida da luz solar no interior do ambiente e, simultaneamente, controlam o aquecimento e a luminosidade excessiva. O fator de transmissão luminosa foi individualmente ajustado para se adaptar às necessidades do projeto.
“Os elementos do conjunto dispõem de tubos ramifi cados entre suas camadas, translúcidos em alguns casos e brancos em outros. Esse recurso divide a incidência de luz e a difunde por todo o espaço interno”, afi rma Birgit Seidel, representante da Okalux. “Essa variação garante iluminação intensa, de amplo alcance e com sombreamento mínimo, mas sem brilho.”