Patrimônio restaurado

Patrimônio restaurado

Capa: Patrimônio restaurado

Fundada em 1926, a partir do acervo da Câmara Municipal de São Paulo, a Biblioteca localizava-se à época na Rua 7 de Abril. Quinze anos mais tarde, a até então chamada Biblioteca Municipal foi transferida para a Rua da Consolação, em edifício projetado para sediá-la, e em 1960 recebeu o nome do escritor Mario de Andrade. Até 2006, a Biblioteca estava com sua capacidade de armazenamento e atendimento esgotada e exigia um projeto de recuperação e modernização de suas instalações, para voltar a atender o público de forma adequada pelas décadas seguintes. O projeto de restauro ficou a cargo do escritório Piratininga Arquitetos Associados, que propôs uma adequação ao momento histórico atual. 

 

De autoria de José Armênio de Brito Cruz e Renata Semin, o projeto incluiu a recuperação da fachada, revestimentos e mobiliário interno. O projeto apresenta ainda uma intervenção externa, que não existia no projeto inicial do edifício, hoje tombado pelo patrimônio histórico. O objetivo do plano de restauro e modernização da Biblioteca, explica Renata, foi reconquistar sua condição de equipamento público.

 

 

“Para alcançá-lo, era preciso modernizar o edifício para atender a novos usos, requalificar os ambientes de acordo com parâmetros contemporâneos e restaurar o edifício como presença e identidade na área central de São Paulo”, ressalta a arquiteta. Aprovada pelo Conpresp e pelo Condephaat, uma passarela de vidro foi construída para fazer a conexão entre o Grande Hall, com entrada pela Rua da Consolação, e a Biblioteca Circulante, na Avenida São Luís. Essa passagem externa evita que o frequentador da Biblioteca Circulante acesse sem necessidade o precioso acervo da Mário de Andrade, interferindo no condicionamento de ar necessário para a sua perfeita conservação. Adicionalmente caracteriza-se como elemento paisagístico integrado à praça, atuando como proteção ao edifício sem prejudicar seu caráter público.

 

 

O fechamento em vidro também cria condições de conforto térmico e acústico para os usuários da Biblioteca Circulante, que tem capacidade para cerca de 60 mil volumes. As empresas MC Serralheria e Imagem Pontual foram responsáveis pelo restauro das esquadrias metálicas existentes, pela fabricação das novas estruturas de aço e alumínio e instalação dos vidros, fornecidos pela Terra de Santa Cruz e fabricados pela Cebrace. Segundo explica Renata Semin, os vidros foram aplicados à estrutura de aço, que é o suporte para a vedação vertical e de cobertura.

 

 

“Os perfis de aço foram fixados com placas também de aço no piso e na parede da fachada, para instalar a estrutura das esquadrias”, afirma a arquiteta. Para evitar reflexos e preservar a visão integral da fachada original, o pano envidraçado tem inclinação negativa de seis graus e os vidros foram instalados com espaçadores entre a estrutura de aço e a caixilharia da fachada e da cobertura. Os painéis de vidro laminado e temperado de 9mm de espessura foram subdivididos por meio de quadros de alumínio (160X230cm), de acordo com o sistema “pele de vidro”. 

 

 

Na cobertura, os painéis de vidro laminado e temperado de 12mm de espessura estão instalados sob brise-soleil de aço, para proteção da incidência direta do sol.Os vidros de espessura de 9mm, voltados para o sul, receberam película com fator de sombra 0,6. Já aos vidros de 6mm, nas janelas dos andares de guarda das coleções, foi aplicada a película Museu, fornecida pela Luminar, para impedir a incidência de raios ultra-violeta.