Quebra-cabeça de vidro
Os vitrais originais, pintados por Marianne Peretti, em 1990, ganharam vida nova nas mãos do vitralista Luidi Nunes, mundialmente reconhecido. Ele conta que, quando entrou na igreja, o estado do material era muito ruim, com perigo de estilhaço eminente, quadro que o forçou a pedir a interdição do local. “Ou teríamos o vitral refeito ou não teríamos mais vitral”, explica. Para Mariana, radicada no Brasil desde 1956, o monumento foi alvo de negligência.
“É a catedral da capital do país e única no mundo”. Cerca de 200 peças trincadas pelo sol e o frio estão sendo recuperadas. A artista acompanhou os testes feitos para conferir a resistência e a eficácia dos materiais usados nos novos vitrais. Uma das maiores preocupações da equipe de restauro é combinar a complexa equação que tem de ser feita para compatibilizar o comportamento dos vidros.
“De acordo com a cor, eles se comportam de maneira diferente. O vitral azul não dilata como o verde e os dois não dilatam como o transparente”, explica o superintendente do Instituto Histórico e Artístico Nacional do Distrito Federal, Alfredo Gastal.
A indústria de vidros alemã Lambert foi quem reproduziu os vitrais, com cores idênticas às dos originais. Os alemães fizeram questão de equacionar os problemas de mecânica dos vidros, tornando-os mais fortes e resistentes ao calor. As placas dos vitrais são produzidas na Alemanha e cortadas no Brasil. Cabe a Nunes o monumental trabalho de montar manualmente as peças de acordo com sua cor.
As formas projetadas por Oscar Niemeyer, na década de 50, para a Catedral Metropolitana de Brasília, transformaram o monumento em referência arquitetônica
mundial. Ponto turístico mais visitado de Brasília, a Catedral passa, desde 2008, por ampla e merecida restauração. Incluídos nos projetos dedicados aos cinquentenário da capital federal, comemorado em abril deste ano, os restauros priorizam a recuperação dos vidros externos e vitrais internos da obra.
Inaugurada em maio de 1970, a Catedral, assim como a cidade que simboliza, é patrimônio histórico e cultural da humanidade desde 1987.
A construção tem 40 metros de altura e 16 arcos de concreto que contornam o espelho d’água. A cobertura de sua nave é formada, internamente, por um vitral composto por 16 peças em fibra de vidro em tons de azul, verde, branco e marrom, inseridas entre os pilares de concreto. Cada peça se apoia em triângulos com 10 m de base e 30 m de altura, pintados pela artista francesa Marianne Peretti, em 1990.