Vidro, móvel e design. Esse trio pode produzir uma verdadeira alquimia no mundo das artes e da decoração, e sua combinação é cada vez mais frequente nos âmbitos criativos. A transparência do vidro, associada às possibilidades de cores e efeitos que oferece, faz dele um material perfeito para a produção de peças belas, dinâmicas e sofisticadas. Nas mãos de um artista com olhar sensível e atento às tendências de dialogo entre função e criação, peças mobiliárias transformam-se em objetos de arte. É o que prova o recente trabalho Isom, assinado pelo designer alemão Sebastian Scherer.
Simultaneamente peças de arte e objetos de design, as mesas de vidros criadas por Scherer chamaram a atenção dos críticos pela forma simples e criativa com que o artista fez uso do vidro para criar formas geométricas que remetem a uma linguagem cubista, combinando-se umas às outras em inúmeras possibilidades de encaixe. “O resultado do trabalho é um convite para brincar com a ilusão ótica”, comenta o designer, que assina projetos de mesas, cadeiras e peças de mobiliário em geral, segmento que acabou se tornando sua especialidade.
Em sua Isom, Scherer explora as características e tendências mais marcantes do vidro plano aplicado no mobiliário. Simples e básicas, elas dispensam o uso de qualquer outro material que não chapas retangulares de vidro de 10 mm, nas cores azul, verde, cinza e bronze. A concepção é simples e engenhosa. “As chapas se encaixam tanto na vertical, em que três peças se encontram no centro para formar os pés de sustentação, como nas bases de formato hexagonal”, descreve Scherer. “Dependendo do ângulo sob qual se observa, elas se assemelham ao desenho isométrico de um cubo”, comenta o designer.
As peças dispensam qualquer outro material que não chapas retangulares de vidro de 10mm, nas cores azul, verde, cinza e bronze
As placas de vidro colorido são unidas com cola adesiva UV. Conforme se sobrepõem umas às outras, os efeitos translúcidos das camadas se alteram, passando das cores mais suaves para as mais intensas. “Dependendo da posição e do ângulo sob o qual se observam, as peças chegam a formar quatro, cinco tonalidades de uma mesma cor”, diz o autor do projeto. Uma das peças combina múltiplas cores, produzindo uma gama ainda maior de efeitos. As mesas Isom estão disponíveis em dois tamanhos: de 60 cm de diâmetro com 25 cm de altura e de 120 cm de diâmetro com 35 cm de altura.
Apaixonado pela experimentação de materiais, Scherer estudou design de produtos em Aachen, cidade do leste da Alemanha, e, depois de formado, em 2010, mudou-se para Berlim, onde encontrou as fontes de inspiração de que precisava. Considerada a capital mundial do design, Berlim foi palco dos mais importantes movimentos e escolas de vanguarda da área, como a célebre Bauhaus, cuja proposta era justamente romper “barreiras arrogantes” entre o artista e o artesão, e de onde saíram grandes nomes das artes plásticas, da arquitetura e do design mundial.
Na capital alemã, Scherer passou a trabalhar como designer de interiores, área em que teve contato com o mundo da decoração e o estimulou a explorar mais intensamente as cores, texturas e funcionalidades dos materiais, desenhar suas próprias peças e conquistar seu espaço na cena artística do design pós-moderno. Em 2010, foi contemplado com o prêmio internacional de design Promosedia. Neste mesmo ano, fundou seu próprio estúdio, em Berlim.