Uma criativa forma de integração entre o homem e a natureza proposta pelos arquitetos alemães do escritório One Fine Day, sediado na cidade de Düsseldorf, resultou no premiado Pavilhão Treehugger, que em português poderia ser traduzido por algo como “Abraçador de Árvores”. De fato, a concepção do projeto é exatamente essa: um espaço retangular, sem divisórias, engenhosamente erguido entre as árvores em volta de uma delas, envolvendo-a e abraçando-a em perfeita harmonia e interação. “A estética do projeto, marcada por múltiplos polígonos e estruturas de madeira que simulam troncos de árvores, foi concebida de modo a estabelecer um link sutil e instantâneo tanto com o jardim ao redor como com as construções mais próximas”, afirma Holger Hoffmann, arquiteto e professor que assina o projeto.
Especialmente construído para uma exposição no National Garden Show (BuGA), na cidade de Koblenz, uma das mais belas da Alemanha, com mais de 2 mil anos de história, o Pavilhão Treehugger é resultado de um projeto de pesquisa em métodos de construção e design digital iniciado pelo professor Christoph Krause, diretor do Centro de Produção, Design e Comunicação da Koblenz Chamber of Skilled Craft (Câmara de Ferramentas de Artesanato de Koblenz). “O objetivo inicial foi ampliar e aprofundar o entendimento dos alunos e artesãos na área de design digital”, diz Hoffmann.
Desenvolvido por estudantes da University of Applied Sciences, em Trier, sob coordenação de Hoffman e sua equipe do escritório One Fine Day, o design é inspirado em uma colmeia, com estrutura superior constituída de polígonos que permitiram melhor integração e adaptação à área ao redor. Graças às divisões geométricas, foi possível criar em seu interior uma plataforma para múltiplas atividades, como palestras e até mesmo um mini-playground para crianças.
Entre os diferenciais do curioso projeto de Hoffman e sua equipe, a fachada que fecha a estrutura é composta por cinco faces de vidros serigrafados digitalmente e exerce a função de misturar visualmente o volume interno com o ambiente externo, confundindo limites e tornando suas fronteiras menos evidentes. “Os vidros permitem a sobreposição dos reflexos das árvores que circundam o pavilhão“, destaca o arquiteto. “Além disso, apartir do efeito criado por luzes coloridas instaladas internamente, as faces envidraçadas mudam de tom de acordo com a luminosidade disponível, e podem ser removidas e realocadas para compor diferentes exposições.”
Aparentando ser um espaço meramente tátil constituído por ornamentos estruturais durante o dia, a complexa estrutura modular, cuja instalação fi cou a cargo do escritório Office for Structural Design, de Frankfurt, muda completamente à noite. “O teto luminoso interage com os visitantes, reagindo a seus movimentos e mudando suas cores e intensidade luminosa, de modo a literalmente virtualizar o espaço e suas estruturas, aludindo ao caráter místico, lúdico e ambíguo da arquitetura.”
Segundo Hoffmann, a fachada de vidro é bastante simples, formada por chapas de laminados de 3,5 m de altura e três diferentes medidas de largura, de acordo com a estrutura pentagonal: 1,38 m, 0,57 m e 0,93m. “Tanto na parte superior como na inferior, as placas são fixadas por perfis simples de aço. As juntas verticais entre as folhas foram mantidas abertas, com o objetivo de facilitar o deslocamento do pavilhão de uma exposição para outra.” No total, acrescenta o arquiteto, foram usados aproximadamente 160 m² de vidros com padrões impressos digitalmente, que dialogam com a ornamentação pentagonal de toda a estrutura”, descreve o professor. “Durante o dia, os desenhos no vidro fazem a fachada literalmente vibrar. À noite, os mesmos padrões, de forma pentagonal, refletem as cores emitidas pelas instalações luminosas internas, instaladas nas estruturas de madeira do teto, de mesmo formato.”