Em todas as suas especialidades e segmentações, a indústria vidreira parece enxergar o presente e o futuro do cenário econômico global através de uma lente peculiar. Nas palavras de Dino Fenzi, presidente de uma das mais importantes feiras internacionais de máquinas, equipamentos e sistemas de transformação de vidros planos e ocos, a Vitrum, “é como se os profissionais do vidro, comumente tão críticos a respeito da economia mundial, fossem capazes de ver além das circunstâncias imediatas, sempre ampliando suas perspectivas para transformações de médio e longo prazo, de forma apurada e otimista”. A avaliação foi exposta durante a última edição do evento, realizada em Milão, na Itália, entre os dias 23 e 26 de outubro, que reuniu cerca de 20 mil visitantes no mais expressivo encontro da indústria vidreira mundial de 2013.
De fato, o que se viu pelos corredores do Rho Fiera Milano foi um clima de otimismo e boas perspectivas para o próximo ano, que acena com um panorama de retomada de fôlego por parte da indústria mundial, amparado por novas e promissoras possibilidades de negócios. “Players de dentro e de fora da Itália e da Europa, tiveram aqui uma oportunidade preciosa para rever estratégias e estabelecer parcerias que podem se tornar vitais para o crescimento de seus negócios”, comentou o presidente. Segundo a diretora do evento, Renata Gaffo, embora o número de visitantes tenha caído um pouco em relação à edição anterior, pela primeira vez em sua história a Vitrum recebeu mais visitantes de fora do que da Itália, firmando-se como um encontro de abrangência global.
“Vejo 2013 como um ano crucial nesse processo de retomada do crescimento em âmbito global e de amadurecimento econômico em regiões específicas e países emergentes, depois da prolongada crise que, iniciada em 2008, redesenhou o mapa do equilíbrio mundial”, continuou Fenzi. “Acredito que este é o momento certo para players mais ousados, que desafiaram o pessimismo do mercado e se mantiveram firmes no jogo, vislumbrarem as novas oportunidades que começam a despontar.” Para ele, o papel da Vitrum no panorama mundial tem ganhado importância a cada edição, especialmente no que diz respeito à qualificação de seus expositores e visitantes.
Em mais de 20 mil m2 de área de exposição, 70% dela ocupada por empresas italianas, quem esteve na Vitrum 2013 pode testemunhar os avanços tecnológicos experimentados pela indústria vidreira nos últimos dois anos, evidenciados em máquinas sofisticadas e equipamentos robustos, complexos e totalmente automatizados, aos quais têm sido incorporados recursos cada vez mais avançados. “Antes de a exposição começar, estávamos parcialmente otimistas, mas um tanto apreensivos. Depois de concluída, podemos dizer que a Vitrum apresentou resultados satisfatórios. Vimos muitas empresas de outros países reunidas, em uma intensa troca de ideias e experiências, o que demonstra a vocação do evento para ser um ponto de encontro de todos os segmentos do mercado e sua cadeia em nível internacional”, comentou Fenzi ao final do último dia.
Organização compartimentada
A exemplo de anos anteriores, a 18a edição da Vitrum se apoiou em três pilares principais, que nortearam a divisão dos pavilhões: vidros planos, vidros ocos e energia solar. Embora tenham oferecido uma experiência única em inovação, sustentabilidade e tendências de mercado, o evento apresentou números menos expressivos em relação a 2011. Vindos de 28 países, foram 350 expositores, cerca de 130 a menos do que a edição anterior. O estilo italiano marcou presença em luxuosos estandes e na elegância dos visitantes que circulavam pela feira. Países como China e Alemanha figuraram entre os de maior representatividade na ala internacional do evento, seguidos por Espanha e Reino Unido.
Voltada para um segmento que não para de crescer e ganhar notoriedade no cenário econômico mundial, a Vitrum Energy figurou entre as atrações especiais da feira, jogando luz sobre as últimas tecnologias providas pelo vidro no âmbito da construção sustentável. O pavilhão destacou a utilização de tecnologias voltadas para economia de energia e energia renovável. O visitante teve a oportunidade de avaliar como o vidro desempenha papel crucial na chamada ‘economia verde’, por meio de painéis solares e fotovoltaicos, vidros de alto desempenho energético e tecnologias eco-amigáveis.
Atualização, business e networking
Embora tenha contado com um número um pouco menor de visitantes e expositores, o evento italiano contou com a presença de todos os maiores representantes da indústria vidreira mundial. Entre os visitantes brasileiros, a maioria foi à Vitrum com dois intuitos em mente: networking e atualização sobre as tendências internacionais em máquinas, tecnologias, acessórios, processos e produtos acabados.
Único expositor brasileiro a marcar presença no maior centro de negócios da Itália, a revista Vidro Impresso fez de seu estande, no pavilhão 24, um ponto de referência verde-amarelo, onde o grupo brasileiro que visitou a Vitrum se reunia diariamente para trocar ideias, experiências e impressões sobre a feira. A maioria dos profissionais que voaram para Milão reconheceu que a Vitrum continua sendo um excelente meio de se estabelecer relacionamento da melhor qualidade. “Na correria de São Paulo, o pessoal do setor vidreiro quase não se encontra. Aqui na feira, nos vemos todos os dias, viajamos juntos etc.”, comentou a executiva Bia Perdigão, responsável pela coordenação da feira Vitech.
O presidente nacional da Anavidro, José Joaquim Miguel, concorda que a Vitrum foi uma valiosa oportunidade para as empresas do ramo ampliarem sua rede de relacionamentos. “A ocasião foi mais favorável para networking do que para parcerias de negócio, pois trata-se de uma feira mais técnica, com foco mais na indústria do que no consumo”, ressaltou Miguel. Já o gerente comercial da Vivix, Danilo Gatto, demonstrou particular entusiasmo com a visita ao expor seu balanço geral. “De fato é um evento focado em equipamentos, mas vejo muitos pontos positivos na Vitrum, que considero ainda melhor do que a alemã Glasstec”, afirmou o gerente. Além da presença como visitante, a Vivix aproveitou a ocasião para investir em atendimento ao cliente, tendo promovido visitas técnicas e jantares em restaurantes de Milão.
Outra empresa que participou com essa proposta foi a Gusmão Representações, distribuidora no Brasil de algumas das mais prestigiadas marcas italianas nos segmentos de máquinas, equipamentos e acessórios. Representante de indústrias tradicionais como Schiatti Angelo e Macotec, a Gusmão levou seus clientes às matrizes dessas fabricantes, para testemunharem a qualidade e o arsenal tecnológico com que suas máquinas são produzidas. “Nossos clientes puderam ver de perto como são feitos os produtos que eles compram, suas peculiaridades e diferenciais do processo produtivo.”, comentou o diretor da empresa Yveraldo Gusmão. Para ele, a Vitrum esteve melhor este ano em termos de negócios e de oportunidades de aproximação e relacionamento com parceiros e clientes.
A iniciativa também foi incorporada por uma das maiores protagonistas do setor de máquinas de processamento de vidros planos, a Lisec. Segundo o diretor para Brasil, Luis Garcia, a multinacional austríaca levou clientes que estavam na feira para visitação da empresa e, em seu estande, apresentou, entre outros produtos, uma mesa de corte com diferenciais importantes em termos de performance e custos. Com o mesmo objetivo, a fabricante de maquinário para vidros Glaston tambérm investiu em relacionamento com o cliente. Além de realizar visitas técnicas, promoveu, em parceria com a Vivix, um encontro de empresários brasileiros em um restaurante da cidade.
Fabricante brasileira de máquinas e equipamentos para vidro com forte presença no mercado nacional, a Agmaq esteve representada por seu diretor comercial, Gabriel de Andrade. Na avaliação do executivo, a feira corre o risco de se tornar um evento regional, caso não apresente mais facilidades de participação para o potencial expositor estrangeiro. “Nosso objetivo aqui é identificar as tendências do mercado e setores que receberam mais investimentos e apresentaram mais evolução. Minha impressão é de que deve haver mais investimento no desenvolvimento de novos produtos por parte dos fabricantes”, conclui Andrade.
Visitante da Vitrum pela primeira vez, a gerente comercial da Glasspeças, Denise Fonseca, aproveitou a oportunidade para conhecer novos produtos e as tendências do mercado internacional de ferragens para vidros temperados. “É importante agregar conhecimento sobre o setor, para ganhar vantagem competitiva”, afirma Denise. “No Brasil, temos cerca de 12 concorrentes. Aqui, pude conhecer umas cinco empresas do mesmo segmento, mas que fabricam linhas de produtos que eu nunca havia visto e que podem acrescentar inovação ao nosso negócio”, acrescentou.
Durante os quatro dias da Vitrum, o estande da Vidro Impresso recebeu representantes de empresas braseiras ou com presença no Brasil. Entre outros, Ideia Glass, DVM Vidros Temperados, Lamina Vidros, Cebrace, Bovone Diamonds Tools, Laminar, Tempermed, Vitrec, Rollit, Unividros, Temperjet, Contagem Alumínio e Speed Temper. Além de José Miguel, da Anavidro, também estiveram presentes representantes de várias outras entidades de classe do setor, como Alfredo Martins, presidente do Sinbevidros (SP) e Fernando Pires, presidente da Sincavidros (RJ).
Próximo ao estande da revista figuravam os destaques do pavilhão 24, que ficaram por conta de empresas como Glaston, Fenzi, Bottero, Bovone, Schiatti Ângelo e CMB, entre outros. expositores diversos, de diferentes países, apresentaram uma grande variedade de produtos e serviços.
O ELB 11/45, da Elettromeccanica Bovone, foi uma das atrações em destaque no ramo de máquinas. A empresa mostrou em seu estande as mais recentes otimizações incorporadas por seus equipamentos. Já a Bovone Diamond Tools mostrou inovações no ramo de ferramentas diamantadas. Presente no mercado italiano há mais de 60 anos, a Bovone conta com uma filial brasileira no bairro do Tatuapé, em São Paulo, gerenciada pelo executivo Robson Luiz Ferreira, que marcou presença no evento. “Nossa participação na Vitrum buscou evidenciar os avanços tecnológicos e a qualidade de nossos produtos, reconhecida mundialmente”, afirmou o gestor. “Nosso intuito também foi gerar bons negócios e expandir nossa participação no mercado brasileiro”, informou Ferreira. “Os negócios gerados apontaram que 2014 será, sem dúvida, um excelente ano para a aquisição de maquinários e linhas de nossa fabricação. Tudo o que foi exposto foi negociado”, concluiu.