Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) desenvolveu e transformou em produto patenteado duas tecnologias baseadas em vidros bioativos, que combinam propriedades inéditas no mercado brasileiro, como biodegradabilidade, bioatividade, sustentabilidade e alta atividade bactericida.
Apesar de ser multiproposta, uma das principais aplicações deverá ser na área de medicina e odontologia, já que os inventos atuam diretamente na regeneração óssea.
Uma das tecnologias desenvolvidas pelo grupo do Laboratório de Materiais Vítreos (LaMaV), do Departamento de Engenharia de Materiais (DEMa) da instituição de ensino, é uma composição vítrea que resultou em um material com baixa tendência à cristalização e com alta bioatividade.
Essas propriedades possibilitam a obtenção de fibras e tecidos para serem utilizados em problemas como úlceras na pele, queimaduras, lesões cutâneas, regeneração de ossos e fraturas.
A segunda é um material bioativo e bioabsorvível, que faz o recobrimento de implantes metálicos médicos e odontológicos de uma forma que os torna compatíveis com o organismo, evitando rejeições e acelerando a integração com o osso.
O processo também pode ser aplicado sobre implantes poliméricos e cerâmicos.
“Esse material faz com que as células se multipliquem mais rapidamente, acelerando a regeneração da pele e do osso.
Além disso, é bactericida, o que é muito positivo para aplicações médicas”, comenta Marina Trevelin Souza, uma das pesquisadoras responsáveis pelo invento, juntamente com Clever Ricardo Chinaglia e Murilo Camuri Crovace.
Através do interesse de empresas que buscam a academia por não possuírem estrutura para esse tipo de desenvolvimento, eles começaram a identificar uma demanda por novos biomateriais.
“Foi desafiador, mas criamos inovações a nível mundial, e agora a nossa meta é buscar parceiros para tornarmos isso comercial”, relata Marina, comentado que, atualmente, materiais como esses precisam ser importados e, ainda assim, foram desenvolvidos na década de 1960.
Para dar continuidade ao trabalho que se iniciou na UFSCar, eles criaram uma spin-off: a Vetra.
A empresa está incubada na Supera – Incubadora de Empresas de Base Tecnológica de Ribeirão Preto, em São Paulo, voltada para a área da saúde.
Como o produto já está pronto e testado, a meta agora é dar continuidade ao processo, buscando um parceiro comercial.
“Já estamos conversando com algumas empresas da área de cosméticos e odontológica e vamos ver como as coisas evoluem. Estamos abertos às propostas”, diz Marina.
Fonte: jcrs.uol.com.br