Administrador de empresas e técnico em segurança do trabalho, José Roberto Sevieri atua na organização de eventos e conferências empresariais desde 1979. Foi diretor da ANATEC, associação de publicações técnicas, e da ANIMASEG, entidade que congrega as empresas do setor de segurança e proteção ao trabalho, e presidente da ABEOC – Associação Brasileira das Empresas de Eventos. Fundador do Grupo CIPA, que recentemente se fundiu à Fiera Milano, líder no mercado italiano de promoção de feiras e convenções de negócios, Sevieri é responsável, mais uma vez, pela direção da Fesqua-Vitech, maior feira de vidros e esquadrias da América Latina, marcada para os próximos dias 16, 17 e 18 de outubro. Com ampla experiência nos ramos de publicações e eventos, Sevieri teve seu primeiro contato com atividades editoriais ainda na faculdade, quando lançou um jornal para os alunos, que foi custeado com anúncios de lojas da região. “Achei o processo fantástico e com essa pequena experiência, acabei editando uma revista em quadrinhos com histórias de prevenção de acidentes do trabalho. Mais tarde lançamos uma revista de segurança com o nome CIPA”, lembra o executivo. A primeira experiência no ramo de eventos foi com a FISP – Feira Internacional de Segurança e Proteção, voltada para a apresentação de produtos de segurança contra acidentes do trabalho e doenças profissionais. Desde então, realiza feiras e edita publicações voltadas para saúde e segurança no trabalho, segurança empresarial, prevenção de incêndios, meio ambiente, segurança no trânsito, entre outros temas relacionados. Em entrevista a Vidro Impresso, Sevieri fala sobre as expectativas para a Fesqua-Vitech, que terá número recorde de expositores, vindos de diversos países.
– Em que consistem as atividades do Grupo Cipa Fiera Milano?
Somos uma empresa multinacional, com capital italiano, que realiza 38 feiras comerciais no Brasil e 16 na Itália, além de atuar em seis outros países no mesmo ramo de atividade.
– Qual o perfil dos setores com os quais o Grupo trabalha?
São os mais diversos, mas sempre próximos da cadeia produtiva e uma delas é a do vidro. A Vitech – Feira Internacional do Vidro, tem sido um sucesso, pois além de receber expositores e visitantes qualificados, é realizada junto com a Fesqua – Feira Internacional de Esquadrias, Ferragens e Componentes, outra mostra de grande expressão.
– Quando o Grupo Cipa Fiera Milano assumiu a organização da Fesqua e da Vitech?
Estamos desde o primeiro momento na Fesqua, junto com o Luís Cesar Tavares, da C. Tavares, que edita a revista Contramarco, e preparou o projeto da feira. Fizemos ajustes, acertamos um grande acordo com a AFEAL – Associação Brasileira dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio. Desde a primeira edição os resultados sempre apareceram para os expositores e visitantes. Esses visitantes nos indicaram que o comprador de esquadrias também compra vidro, algo que faltava na Fesqua. A partir dessa constatação, veio a Vitech para preencher essa lacuna.
– Este ano os eventos serão simultâneos a outros três: Tecno Fachadas, Expo Serralheria e Arctech. Em que consistem e quais as contribuições desses eventos paralelos?
São complementares e estão dentro do mundo das esquadrias e vidros. A Tecnofachadas tem as tecnologias voltadas para a pele de vidro, seus acessórios de fixação e colocação. A Expo Serralheria apresenta os equipamentos e máquinas de oficina, além da matéria- prima de trabalho. E a Arctech está trazendo soluções que interessam diretamente aos arquitetos, com foco na arquitetura e urbanismo, tanto em produtos de acabamento como em ferramentas de trabalho. O evento é também uma oportunidade de transmissão de conhecimentos, pois nele serão realizados o Seminário Internacional Nutau 2012, promovido pelo NUTAU–USP, Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, e o SEBRASER – Seminário Brasileiro de Serralheria.
– Como o bom momento da construção civil no Brasil tem impactado sobre o setor de esquadrias? E quanto ao setor vidreiro?
Para os dois setores o momento tem sido muito bom, pois os prédios que foram vendidos há dois ou três anos estão em fase de acabamento e terminam por impactar de forma positiva todo este processo. Esse freio de arrumação que aconteceu no primeiro semestre de 2012 só irá refletir no setor em 2014. Ou seja, temos ainda vinte meses de produção máxima, e com a atual aceleração é bem capaz de 2014 passar sem que se perceba esta pequena parada.
– Qual a importância para o Grupo Cipa Fiera Milano de assumir a organização de feiras como a Fesqua e a Vitech?
Nenhuma empresa faz tudo sozinha – é uma parceria de várias mãos e somos parte do processo – cada parte tem uma quantidade de conhecimentos diferentes e acabam contribuindo para o sucesso do evento.
– Quais têm sido as estratégias e ações para agregar melhorias a esses eventos?
Escutar o visitante – é ele que está na ponta do processo, que sabe quais são as tendências, o que os clientes finais pedem, quais materiais, de que forma, de que cores, com qual estilo… É uma dificuldade, mas não existe outra forma.
– Em quais aspectos a experiência internacional em organização de feiras pode contribuir para o avanço de eventos realizados no Brasil?
Com pontos em sete países fora do Brasil, podemos alcançar mais empresas e mais oportunidades para que sejam convidadas a vir visitar a feira, trazer suas tecnologias e fazer negócios com empresas brasileiras que possam representá-las, que façam manutenção nas máquinas importadas, permitindo que novas técnicas sejam incorporadas pelo mercado nacional.
– O Brasil está sendo visto como filão de oportunidades por empresas em países envoltos na crise econômica?
Os continentes em crise vão acabar resolvendo seus problemas financeiros e voltarão a crescer, mas não será de imediato – a estimativa é de que vários deles demorarão mais de vinte anos para voltar ao nível de endividamento pré 2008 – e como muitos investidores não querem esperar esse tempo todo, estão buscando novos mercados. O Brasil tem se enquadrado bem neste quesito, recebendo grupos e mais grupos de empresários do exterior, que acabam investindo aqui. Na feira de outubro veremos este movimento – vamos receber promotores do exterior, como é o caso da Messe Düsseldorf, que realiza a Glasstec, muito visitada pelos brasileiros, e a feira Vitrum, na Itália, que também recebeu muitos visitantes brasileiros – inclusive vários estandes atendiam em português. Grande mudança.
– Quais são as novidades e melhorias previstas em relação ao ano anterior?
Teremos mais expositores no segmento, como fabricantes de máquinas para trabalhar o vidro, e a entrada no mercado de mais uma indústria vidreira, a CBVP (Companhia Brasileira de Vidros Planos), além de empresas ligadas ao setor, fabricantes de acessórios e ferragens para vidros.
– Quantos expositores estarão na Vitech e que setores da cadeia vidreira representam?
Teremos mais de 50 expositores do setor, além de fabricantes de máquinas, acessórios e ferragens para a indústria vidreira.
– Desses setores, qual está mais aquecido? Qual terá presença mais expressiva na mostra?
Acredito que entre os setores aquecidos estão os fabricantes de máquinas para trabalhar o vidro, segundo informações dos próprios expositores. A linha de acessórios também tem crescido bastante, em função da procura de arquitetos e público final.
– Qual é o público esperado e seu perfil? Inclui o consumidor final?
Esperamos acima de 24 mil visitantes entre distribuidores, serralheiros, diretores de empresas, compradores, especificadores, construtoras, escritórios de arquitetura, engenheiros e técnicos da construção civil e arquitetos. É uma feira de negócios, em que o público final não tem maiores oportunidades de interação, pois o fluxo é da fábrica para a transformação e para a distribuição – o fabricante de alumínio vende as barras para que a indústria de esquadrias faça as peças e assim por diante. Empresas para empresas é o foco das feiras.
– É possível mensurar o volume de negócios propiciado pela mostra?
Essas feiras acabam gerando cerca de 700 milhões de reais em negócios em até seis meses da sua realização, com repique durante anos, pois quando se acerta um novo fornecedor e o clima de negócios entre ambos é bom, essas parcerias nunca mais acabam.
– Como avalia a importância de unir os setores do vidro e o de esquadrias e ferragens em um só lugar?
O visitante – ele é o centro de interesse – é o integrador que consegue juntar todas as pontas dessas feiras que acontecem juntas. Com sua habilidade e talento, ele constrói verdadeiros monumentos, que, por mais simples que sejam, serão sempre um espetáculo para quem encomendou e recebeu. Geram renda, negócios, empregos e satisfazem as pessoas. Existe mundo melhor?
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