Seja como acessório decorativo, para proteger do sol ou do calor ou ainda como item de segurança, a película escurecedora é normalmente vista em muitos veículos que circulam pelas ruas do País, mas é preciso entender o que é permitido por lei.
O Código de Trânsito Brasileiro regulamenta a instalação da película nos automóveis. De acordo com a Resolução 254 do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), para os vidros indispensáveis para dirigibilidade – como os do para-brisa e das laterais dianteiras – a transmissão luminosa não pode ser inferior a 75% vidro. A norma ainda estabelece que os outros vidros do veículo não tenham transmissão inferior a 28%.
Para o motorista conferir a porcentagem de luminosidade da película instalada em seu veículo, ele deve procurar um estabelecimento especializado e, principalmente, autorizado pelo Inmetro, que medirá, por meio do equipamento de transmitância luminosa, ou também poderá fazer por meio do seguinte cálculo: anote o número de transparência do vidro, multiplique-o pelo percentual da película e divida por 100, assim terá o valor aproximado e saberá se está de acordo com a norma.
O proprietário não deve se esquecer de que a porcentagem permitida é o total de luminosidade, não só a da película a ser instalada. Segundo o engenheiro mecânico especialista em segurança automotiva e diretor do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo, Hélio Cardoso, é necessário levar em conta o nível de transparência do próprio vidro, dado encontrado na parte inferior. “A lei permite ao todo 75% de visibilidade, o proprietário deve atentar a essa informação antes de aplicar o acessório”, explica.
Além da possível proteção ao condutor do veículo, a película escurecedora pode ter outras funções, de acordo com cada fabricante, como reduzir o recebimento dos raios ultravioleta, transmitidos pelo sol, isolamento do calor e contra ações de vandalismo.
Segundo Keyse Ramalho, especialista de marketing da 3M, fabricante de película automotiva, o mercado é restrito por respeitar a lei, mas ela ressalta que há diversas intensidades do acessório, como a refletiva, que, mesmo não permitida, é utilizada por alguns motoristas. “Há varios produtos disponíveis, mas vale ressaltar que é de responsabilidade do aplicador e do proprietário do automóvel o cumprimento da lei”, comenta. Segundo o Denatran, é proibido o uso de películas refletivas nas áreas envidraçadas do veículos.
A legislação prevê punição aos motoristas que instalarem a película sem obedecer a porcentagem prevista na norma, porém não aos instaladores. Para o engenheiro mecânico, essa é uma discussão que deve ser feita futuramente. “Não que necessite de punição, mas daqui um tempo é provável que haja inspeção ou auditoria para saber se os estabelecimentos e fabricantes estão ou não atendendo à norma”.
Item de série?
Ainda segundo o especialista, a solução para diminuir os abusos e manter a segurança de todos na hora de dirigir seria os automóveis já saírem de fábrica com a película instalada. “O ideal é que todos os fabricantes instalem a película e atendam plenamente à resolução, assim o comprador poderá escolher entre a escura e a clara.”
As películas mais escuras prejudicam a visão noturna do motorista. Outro problema pode ser a aplicação de produtos de baixa qualidade, o que pode interferir no calor dentro do carro. De acordo com Cardoso, o dono do veículo deve procurar conhecer o produto que vai comprar e, se possível, acompanhar a instalação.
O especialista ainda ressalta que a baixa visibilidade pode prejudicar as pessoas que estão em volta. “Instalada de forma irregular, a película prejudica a segurança, podendo causar acidentes devido à falta de visibilidade. O motorista, às vezes, não enxerga o pedestre ou até mesmo um carro preto que esteja ao seu lado”, sentencia.
Caso o veículo não esteja de acordo com a lei, é considerada infração grave, com cinco pontos na carteira, sujeita a remoção da película ou retenção do veículo, caso não seja possível a retirada do acessório.
Qualidade faz preço variar até a R$ 520
Assim como muitos acessórios automotivos, o preço da película escurecedora varia de acordo com a qualidade, que pode, por exemplo, reduzir efeitos da exposição solar em componentes no habitáculo, além de ampliar a sensação de segurança ao tornar difícil a identificação de quem está dentro do veículo.
Os preços são definidos por metro quadrado e não levam em consideração o valor da instalação. A película mais básica pode ser encontrada em diversos tons. Ela oferece conforto térmico e chega a proteger contra ações de vândalos – evita que o vidro se despedace sobre o usuário se for quebrado. Seu valor varia de R$ 30 a R$ 290 o metro quadrado.
Com um nível de qualidade superior – resiste a arrombamentos e até a disparos balísticos, além de isolante acústico contra ruídos de 25 decibéis -, custa entre R$ 250 a R$ 370 o metro quadrado.
Nanotecnologia
O mais alto grau de proteção pode ser encontrado nas películas sofisticadas, como no caso das produzidas por fabricantes como 3M e Ace Brasil. Estas marcas utilizam nanotecnologia e são feitas com várias camadas de película sobrepostas. Em muitos casos, e de acordo com o vidro do automóvel, também apresentam resistência balística.
O valor estimado para este produto com alta qualidade varia de R$ 200 a R$ 520 por metro quadrado.
Segurança redobrada
Motoristas preocupados com a segurança têm optado pela película antivandalismo. Além de proteger contra o calor, os raios ultravioletas e a claridade, o produto promete proteção contra ações de vandalismo, como sugere o próprio nome.
Alguns dos produtos disponíveis no mercado oferecem boa resistência a impactos e mantêm os cacos de vidro grudados em caso de quebra por acidente, vandalismo ou arrombamento.
De acordo com o engenheiro civil e diretor técnico da Ace Brasil, Cleyton Ogura, fabricante de película de segurança, dependendo da espessura do vidro e do número de camadas sobrepostas que formam a película, ela pode resistir a tiros de armas. “Há alguns anos, essa tecnologia era muito usada só pela CIA, FBI e governo norte-americano.” conta.
Segundo ele, além de realizar o teste em túneis de tiros, homologados pelo Exército Brasileiro, há também demonstrações públicas, em que são feitos testes com termos de responsabilidades.
Fonte: Diário do Grande ABC