Vista insular

Vista insular

Capa: Vista insular

A marcante paisagem é formada pelo arquipélago de Estocolmo, o maior da Suécia e um dos maiores do mar Báltico. Constituído por belíssimas ilhas, ele se estende por 60 km em mar aberto, a partir da costa da capital sueca, delineando um peculiar horizonte, que já foi fonte de inspiração para artistas de todos os ramos. Na arquitetura, a linda paisagem insular sueca serve de pano de fundo para a residência que recebeu o nome de Archipelago House.

 

Assinado pelo escritório Tham Tham & Videgård Hansson, o projeto foi concebido para se moldar às necessidades de uma típica casa de veraneio, com grandes aberturas, muita ventilação e sombreamento externo, sem abrir mão de abundante luminosidade nos interiores.

 

“Nosso ponto de partida para a concepção do projeto foi estabelecer uma relação direta com o arquipélago em praticamente todos os cômodos da residência”, diz o arquiteto responsável, Bolle Tham. “Para garantir essa conexão dos usuários com a paisagem, os primeiros elementos estabelecidos foram as grandes portas de correr de vidro, presentes em camadas que fecham toda a fachada”, diz ele. Assim, uma simples plataforma, em um só nível, forma uma base única para diversas leituras da paisagem e da relação espaço-tempo que a arquitetura propõe, dependendo do ângulo sob o qual se observa o entorno.

 

Objetiva, a concepção construtiva da residência não guarda nenhum segredo. Marcada por leveza e suavidade, ela se apoia basicamente em dois materiais: madeira e vidro. Tham explica que a posição horizontal das vigas de madeira escura que cobrem a varanda procura estabelecer uma relação com a verticalidade dos altos pinheiros que circundam a casa. A geometria espacial em um único plano também foi determinada pelas especificidades do local. “A casa foi encaixada em uma superfície plana que se estende entre duas montanhas de pedra, e simultaneamente se volta para o sol a sul, abrindo vistas frontais para o mar, a oeste”, descreve o arquiteto. “As treliças de madeira são responsáveis por uma difusão equilibrada da luz, além de contribuírem para reforçar a ideia de um espaço único e contínuo, onde a distinção entre interior e exterior torna-se vaga e imprecisa.”

 

A distribuição dos cômodos está organizada em camadas. “Definimos uma dissolução dos ambientes em três fileiras”, explica Tham. Pequenos e aconchegantes,os quartos estão todos posi-cionados na parte de trás da casa, permitindo que as três áreas sociais se configurem em espaços amplos e abertos na porção frontal,margeados pelo deck de madeira. “Aqui, as portas de vidro deslizantes assumem o protagonismo do projeto, cumprindo o papel de integrar perfeitamente a casa a o entorno, abrindo as mais generosas vistas para o mar Báltico e ao mesmo tempo protegendo os ambientes internos quando necessário”, ressalta Tham. “O layout em forma de ziguezague também contribui para criar um série de áreas externas protegidas dos fortes ventos que costumam atingir a região”, acrescenta.

 

Como resultado dos grandes panos de vidro e das condições predominantes de luz, reflexos e efeitos espelhados, emerge um cenário onde espacialidade, natureza, e horizonte interagem em conjunto o tempo todo. “A tela horizontal vazada da cobertura encarrega-se de distribuir a luz do sol e promover uma grande variedade de sombras, reforçando a sensação de continuidade, na medida em que, junto com os painéis de vidro, dissolvem as fronteiras entre os espaços internos e externos”, comenta o arquiteto. Segundo ele, o foco da construção foi o uso de materiais e técnicas de construção leves e renováveis. “Os vidros escolhidos foram temperados extra-claros, com baixo teor de ferro, para eliminar qualquer vestígio de tons esverdeados ou azulados”, explica. Instaladas em esquadrias de madeira, as portas deslizantes maiores foram fornecidas pela sueca Hajom Step, empresa com 100 anos de tradição no ramo. Já o sistema Velfac 200 utilizado nas janelas foi fornecido e instalado pela Velfac Windows. A residência recebeu 75 m² de vidro no total.