Terras pacíficas

Terras pacíficas

Capa: Terras pacíficas

Ancorada em meio a uma natureza selvagem, poderosa e exuberante, a casa de veraneio Fall House situa-se em dos mais espetaculares cenários costeiros norte-americanos. Permeada por luz por meio de variadas e estratégicas aberturas, a residência de três dormitórios está cravada em um penhasco na região de Big Sur, na Califórnia, famosa não apenas por suas paradisíacas paisagens, mas também por reunir alguns dos mais marcantes projetos residenciais do país. 
Emoldurar vistas de encher os olhos, protagonizadas por rochas de formas exóticas contornando o azul profundo do oceano Pacífico, costuma ser o intuito principal da concepção arquitetônica em boa parte dessas construções. Por essa razão, o vidro é quase sempre o principal recurso adotado, e na Fall House não é diferente. “Construir em meio à natureza selvagem é um ato radical e desafiador. É preciso saber usar a paisagem sem desrespeitá-la”, observam os autores do projeto, do Fougeron Architecture. “Nosso objetivo básico foi incorporar a casa ao terreno, criando uma estrutura inseparável de seu contexto.” 

 

Imponente, a casa projeta-se em direção ao oceano, norteada pela paisagem. Dos ambientes principais, é possível apreciar, sob perspectivas variadas, a beleza do desfiladeiro de mais de 250 metros que encontra as águas marinhas em sua base. Valendo-se da privilegiada localização, os arquitetos optaram por uma proposta de aplicação do vidro que não se limitasse simplesmente a projetar janelas gigantes para cada cômodo. “Trata-se de um terreno repleto de nuances, que exigiu soluções específicas”, afirma a arquiteta francesa Anne Fougeron, chefe da equipe e diretora do escritório com sede em São Francisco. 

O projeto foi distribuído em dois grandes volumes retangulares, conectados entre si por uma biblioteca integralmente envidraçada. O volume superior reúne hall de entrada, cozinha, sala de estar e de jantar. “Integrados entre si, esses ambientes distinguem-se um dos outros sobretudo por uma sutil diferença de nivelamento no piso e no teto”, explica Anne. Esse recurso permitiu que a construção, de formato longo e delgado, se adaptasse aos desníveis do terreno e à geometria do penhasco. 

Já o volume inferior, que acomoda dois quartos e dois banheiros, foi construído em balanço, ancorado a cerca de 3,5 m do limite do penhasco, em parte para proteger o delicado ecossistema da falésia onde a casa está instalada, mas também para garantir segurança e integridade à estrutura. “Este volume atua como um mirante flutuante, de onde se tem as mais belas vistas da paisagem por meio de amplas aberturas de vidro, que compõem as superfícies laterais de piso a teto”, diz a arquiteta. Segundo ela, o vidro foi empregado também como recurso de sustentabilidade, permeando todos os ambientes com luz natural e, por consequência, reduzindo consideravelmente o consumo de energia. 

 

 

Eficiência máxima

A arquiteta ressalta a adoção de vidros de controle solar low-e como um recurso primordial para cumprir metas de conforto e eficiência do projeto. “Os vidros baixo-emissivos foram aplicados em unidades insuladas, instaladas em esquadrias de aço com perfis de corte térmico. “Trata-se de um sistema cada vez mais empregado em edificações residenciais que priorizam conforto térmico e transparência. Essa combinação de materiais altamente tecnológicos reduz calor em dias quentes e mantém o ambiente confortável em dias frios. Tudo sem sacrificar a vista”, comenta Anne.

 

Sob o aspecto visual, o vidro desempenha papel chave na integração com a natureza. Envelopado com vidro em todas as faces, incluindo a cobertura, o volume central é considerado o “coração” da casa, assumindo a função de conectar espaços internos e externos por meio de sua geometria e transparência. “O interior foi concebido como uma espécie de abrigo, um refúgio em contraste com a imensidão dramática tanto do abismo adjacente como do oceano ao redor”, diz Anne. 
Fabricados pela americana PPG, os vidros da linha Solarban 70 XL estão entre os mais avançados do mercado mundial. Revestidos por uma camada tripla de prata, eles são capazes de bloquear cerca de ¾ de calor solar, mantendo ainda mais de 60% de transmissão luminosa. O material aplicado em unidades insuladas oferece valor U de 0.24, garantindo altos níveis de isolamento térmico.